Festança em crise

MERCADO GASTRONÔMICO

Sérgio Augusto Carvalho

Um costume antigo que anda em desuso hoje em dia é o tal do “banquete”.

Era um evento promovido para festejar alguma data ou personalidade com a presença de um pequeno mundo de pessoas importantes, abastadas ou, simplesmente, chegadas ao homenageado ou ao fato em comemoração.

Os banquetes são um evento mais antigo que Cristo – e muitos afirmam que a “Santa Ceia” foi um banquete oferecido por Ele aos seus Apóstolos na véspera da páscoa do ano 30. João e Pedro foram encarregados por Jesus Cristo de organizar o cardápio e preparar o regabofe.

Nada de mais foi servido nesse jantar histórico, por se tratar de pessoas simples e sem pompa. Não há registro que possa comprovar, mas historiadores afirmam que, por se tratar de um jantar pascal, João e Pedro serviram cordeiro, pães, verduras, ervas e vinho tinto. Cada um se serviu como quis com nas travessas dispostas ao longo da mesa.

Na Roma antiga, os banquetes eram comuns entre os abastados donos do poder. Em vários casos era uma verdadeira orgia. Na Ásia, sabe-se que os povos antigos usavam jantares com uma variedade imensa de pratos assados e cozidos. Em ambas as praças há registros de que cozinheiros foram decapitados por servirem comida ruim… (se a moda pega!).

A Europa, há séculos, aprimorou sua maneira de organizar esses grandes jantares e entrou em cena o modo francês de servir: os comensais se acomodavam em lugres previamente determinados – de acordo com a importância que tinham na sociedade – e serviçais instruídos (garçons) os serviam à mesa. Um estilo logo chamado de “à francesa”.

No século passado, os americanos inventaram uma nova maneira de anfitriões servirem seus convidados: dispunham a comida em grandes travessas e as colocavam em aparadores distantes das mesas de refeição. As pessoas levantavam e se serviam à vontade. Foi criado o “self-service”, ou seja, um serviço “à americana”.

À francesa ou à americana, os banquetes proliferaram mundo afora.

Desde a Idade Média, somente os ricaços e os monarcas ofereciam esses jantares a membros da corte e estrangeiros visitantes. Os czares russos gostavam muito de frequentar a realeza franceses para saborear a inigualável culinária local. Deu até margem à criação de pratos famosos por chefs franceses e russos para homenagear os visitantes. Foi assim, por exemplo,  que nasceu o “stroganov” como o conhecemos hoje – com champignons de Paris e e creme de leite: foi uma homenagem ao antigo general Stroganov – que adorava um cozido de carne em pedaços com cebolas e páprica – feita pelo chef Thierry Costet, na presença de nobres dos dois países em princípios do século XIX.

Até quem não tinha relação alguma com o poder político em seu país aderiu a essa maneira de comemorar alguma coisa. Caso do escritor francês Alexandre Dumas, que mesmo sem dinheiro, preparou um espetacular regabofe para seus centenas de amigos. Usando de sua sábia argumentação, conseguiu permissão para caçar cervos e coelhos nos arredores de Paris e convocou seus amigos caçadores para a aventura. Voltaram dias depois com as garupas carregadas com o produto da caçada. Dos fazendeiros próximos, Dumas ganhou as verduras e legumes necessários. O cozinheiro, monsieur Civet – histórico pelo prato que leva seu nome -, preparou um banquete que ficou marcado como “o mais fantástico do século”. Foram servidos, além dos cervos, coelhos, faisões e codornas, um salmão de 25 quilos, 300 garrafas de champagne e 300 garrafas de Bordeaux – doadas por produtores do Sul da França interessados em divulgar seus produtos junto à nata da sociedade parisiense presente.

Os exageros, nessas ocasiões, são muito antigos. Segundo a jornalista paulista Roberta Saldanha, na Inglaterra, o rei Henrique VIII estabeleceu uma regra para se permitir a realização de banquetes no Reino Unido. Se ao evento comparecesse um cardeal, poderiam ser servidos até nove pratos; com a presença de um lorde do parlamento, seis pratos; e com apenas cidadãos comuns que tivessem renda anual de 500 libras seria servido apenas um prato.

No Brasil, banquetes saíram da moda há dezenas de anos. Mas já fizeram história! Principalmente entre os políticos.

Há 134 anos, no dia 9 de novembro de 1889, foi realizado o famoso “Baile da Ilha Fiscal”, no Rio de Janeiro, um banquete organizado pelo  Visconde de Ouro Preto para comemorar as bodas de prata da Princesa Isabel com o Conde D’Eu. Foi um banquete histórico, a que compareceu a nata da política brasileira sediada na capital federal. Convidaram, também, os tripulantes de um cruzador chileno atracado no Rio de Janeiro.

Havia um ambiente de pesado contra a monarquia de D.Pedro II, e os republicanos boicotaram a festança. Há relatos de que, neste jantar foram servidos: 25 cabeças de porco recheadas, 350 tipos de saladas, 200 maioneses, 3 mil sopas, 50 peixes assados, 300 frangos, 250 galinhas, 64 faisões, 12 cabritos, 800 lagostas, 800kg de camarão, 500 tigelas de ostras, 100 latas de salmão importadas, 80 marrecos, 3.500 peças variadas de caça; 3 mil latas de ervilha, 1.200 latas de aspargos, 800 latas de trufas, 300 peças de presunto cru, 800 pratos de pastelaria, 600 gelatinas, 300 pudins, 400 doces com fios de ovos, 12 mil sorvetes, 5 mil quilos de frutas diversas, 10 mil litros de cerveja, 188 caixas de vinhos, 80 caixas de champanhe francesa, 10 caixas de vermuth italiano, 16 caixas de licores e conhaques e 100 caixas de água mineral.

Para trabalhar e servir, contrataram 50 cozinheiros, 65 ajudantes, 150 copeiros, 60 trinchadores e 200 faxineiros. Foram distribuídas várias mesas no salão, cada uma com 250 talheres de prata.

Essa brincadeira custou 250 contos de réis – cerca de R$ 15 milhões – aos cofres públicos.

Seis dias depois, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República!!!

Festança em crise
Festança em crise

Fim da festança!

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