O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, em reunião realizada no dia 6 de novembro, elevar a taxa básica Selic em 50 pontos-base, ao passar de 10,75% para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime e alinhada com as expectativas do mercado.
O comunicado do Copom destacou que o ambiente externo permanece desafiador, principalmente devido à conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, que levanta dúvidas sobre a desaceleração da atividade, a desinflação e a postura do Federal Reserve (FED) na condução da política monetária.
No cenário doméstico, o Copom deu maior ênfase às incertezas fiscais, que têm impactado significativamente os preços dos ativos e as expectativas dos agentes econômicos, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio. O comitê reiterou a necessidade de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, incluindo a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal.
O restante do comunicado manteve-se praticamente inalterado, ao reafirmar que o cenário econômico é marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas. Esses fatores demandam uma política monetária mais contracionista. O Copom também destacou uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos de inflação.
As projeções oficiais para a inflação foram ajustadas modestamente para cima. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses, projetado para o segundo trimestre de 2026, subiu para 3,6%. Na reunião anterior, a projeção era de 3,5% para o primeiro trimestre de 2026. O câmbio de partida utilizado na reunião foi ajustado de R$ 5,60 para R$ 5,75 por dólar.
O Copom manteve o compromisso de ajustar a taxa de juros conforme necessário para garantir a convergência da inflação à meta.
A expectativa é de um novo aumento de 50 pontos-base em dezembro, com possíveis ajustes adicionais no início de 2025, o que dependerá da evolução da inflação e do cenário fiscal.
Novo aumento da Selic preocupa comércio
Para a CDL/BH, o reajuste pode interferir no desempenho das atividades no início do ano. Setor também espera anúncio do pacote de cortes de gastos do governo
O novo aumento consecutivo da taxa Selic, anunciado há pouco pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reforça o sentimento de preocupação do setor de comércio e serviços da capital mineira. Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a aceleração do ritmo de aperto pode ser prejudicial às atividades econômicas no início do próximo ano.
“Entendemos que essa nova alta é reflexo não apenas de questões internas, mas também do cenário internacional, especialmente o câmbio do dólar e o cenário político dos Estados Unidos. Contudo, o controle interno da inflação precisa ser urgentemente repensado. Caso contrário, o setor de comércio e serviços pode ser impactado logo no início do ano, onde, geralmente, as vendas já são mais retraídas”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Ainda de acordo com o dirigente, a expectativa é que setor de comércio e serviços da capital mineira encerre 2024 com um crescimento de 2,78% e, em 2025, o avanço seja de 3,01%. “Se seguirmos nesta sequência de aumentos da taxa de juros, esses índices podem ser prejudicados”, teme.
O presidente da CDL/BH cita ainda que o equilíbrio fiscal deve ser pauta prioritária do governo. “Existe a expectativa que nos próximos dias o governo anuncie o pacote de cortes de gastos, mas ainda estamos cautelosos sobre o que será apresentado. Esperamos que sejam cortes que, de fato, demonstrem o compromisso em equilibrar as finanças públicas, reduzir gastos, aumentar as receitas e criar um ambiente de segurança jurídica e estabilidade. A própria ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, já sinalizou a importância desses cortes e como eles podem nos ajudar a alavancar os investimentos. Esperamos com ansiedade e boa-fé este equilíbrio de gastos”, finaliza Marcelo de Souza e Silva.
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