Copom corta Selic em 50 pontos-base, como esperado

Em reunião de política monetária realizada no dia 20 de setembro, o Copom do Banco Central do Brasil reduziu a sua taxa básica de juros, a Selic, em 50 pontos-base, de 13,25% para 12,75% ao ano. A decisão foi unânime, após uma decisão dividida na reunião anterior (em 02/08), quando houve cinco votos pelo corte de 50 pontos-base e quatro votos em favor de uma redução menor, de 25 pontos-base.

O comunicado de política monetária foi mais conciso que o anterior o que seria esperado tendo em vista que não houve surpresas na decisão. Na avaliação do Banco Central, as novidades em relação à última reunião se concentraram, no ambiente externo, na “elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes.” Quanto ao ambiente doméstico, “observou-se maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado, mas o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres”.

O Copom adicionou ainda um parágrafo sobre a política fiscal: “tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.”

As projeções de inflação do Copom, em seu cenário de referência, foram ligeiramente revistas para cima: de 4,9% para 5,0% em 2023, de 3,4% para 3,5% em 2024 e de 3,0% para 3,1% em 2025. Vale notar que o cenário de referência considera uma taxa de câmbio mais elevada do que a da reunião anterior (passou de R$ 4,75/US$ para R$ 4,90/US$), ao mesmo tempo em que a trajetória de juros da pesquisa Focus foi revista para baixo. A projeção de inflação de preços administrados também se alterou: passou de 9,4% para 10,5% em 2023, de 4,6% para 4,5% em 2024 e de 3,5% para 3,6% em 2025.

O Copom reforçou a necessidade de se “perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”; e repisou que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.

O comunicado da decisão trouxe poucas mudanças de redação. O Indicador de Sentimento da Comunicações do Copom da LCA Consultores Econômicos mostra que as mudanças tornaram o tom da ata ligeiramente menos “dovish”. A maior preocupação com o cenário internacional e o fiscal, a elevação da inflação projetada no cenário de referência e, por fim, a sinalização de que cortes de 50 pontos-base para as próximas reuniões parecem adequados evidenciam este tom ligeiramente mais duro. Esta percepção está em linha com a decisão de cortar a Selic em 50 pontos-base, mas parece buscar reduzir as apostas numa intensificação do ritmo de redução nas próximas reuniões.

De acordo com a LCA Consultores Econômicos, “por ora, segue corroborada nossa curva projetada para a Selic. Esperamos a manutenção do ritmo de corte de 50 pontos-base nas próximas reuniões, com a Selic chegando a 11,75% ao ano no final de 2023 e alcançando 9,25% ao ano ao final de 2024. Em nossas contas, a Selic só alcançará nível que consideramos neutro no começo de 2025”.

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