Foi lançado, no dia 14 de agosto, no Espaço Cultural Fiat em Belo Horizonte – Minas Gerais, o livro intitulado de “Brumer e a testa fria de Jacó”, de autoria de Júnia Carvalho.
Entre 1920 e 1939, 50 mil judeus entraram no Brasil como emigrantes, vindos da Europa Central, dos Balcãs e do Leste Europeu. Dos que chegaram entre 1931 e 1936, 77% eram poloneses, pois seu país de origem vivia o prenúncio da invasão alemã, que aconteceu em 1 de setembro de 1939, ainda sem a declaração formal da Segunda Guerra e que foi seguida, dias depois, pela invasão soviética. Szmul Jankiel Brumer estava entre os poloneses que desembarcaram no Brasil. Chegou sozinho, disposto a trabalhar arduamente para trazer a família – pai, mãe, irmãos, esposa e um filho – que esperavam do outro lado do Atlântico. Mas quando os bilhetes de navio foram finalmente comprados era tarde. Os campos de concentração nazistas já tinham levado a família de Jacó, como ele ficou conhecido na capital e no interior de Minas Gerais, onde trabalhou como caixeiro-viajante.
O novo lar do judeu errante foi estabelecido na Pompeia, bairro periférico da então primeira cidade planejada do país, Belo Horizonte. Lá nasceram Wilson Brumer e seus irmãos, filhos de Szmul com dona Nilça. E é ali que começa a trajetória de Brumer, considerado um dos maiores executivos brasileiros da nossa época, que o levou da experiência de seminarista à mesa de grandes players nacionais e internacionais da indústria do aço, da política e do mercado financeiro. Em sua carreira, Brumer coleciona cargos como presidente da Vale, da antiga Acesita, da BHP, da Usiminas e de entidades de classe, como o antigo IBS, atualmente Instituto Aço Brasil, e do IBRAM, além de ter sido presidente ou integrante de Conselhos de Administração em várias empresas no Brasil e exterior. Foi também secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais no primeiro governo de Aécio Neves.
Fio da história
Sua biografia, intitulada “Brumer e a testa fria de Jacó”, foi escrita ao longo de oito anos pela jornalista Júnia Carvalho, que trabalhou com ele na assessoria de imprensa da Acesita e em alguns projetos posteriores. “Foi um trabalho árduo e minucioso, que teve como base muitas e muitas entrevistas com Brumer e com pessoas indicadas por ele”, conta Júnia. “Além das fontes, foi necessário fazer uma ampla pesquisa, em parte digital e literária e em parte nos arquivos pessoais do executivo, que guarda clippings impressos encadernados pelas assessorias de comunicação das empresas que ele liderou”.
A história de Brumer começa com a chegada do pai dele, Szmul ou “seu” Jacó, como era chamado, ao Brasil e sua luta para trazer a família que, algum tempo depois, foi dizimada nos campos de extermínio. O caixeiro-viajante adoeceu, mas continuou trabalhando e foi assim que conheceu Nilça, a mãe de Brumer. Eles se casaram, tiveram sete filhos e durante a gestação do último deles, seu Jacó faleceu de uma doença do coração.
Sozinha com as crianças, dona Nilça prosseguiu lutando para criar os filhos e dela Brumer guarda uma admiração ímpar. Ainda menino, ele foi convidado por padres holandeses a ir com eles para um seminário em Araguari, Minas Gerais. Lá o menino teve uma formação sólida, não só teológica, mas cultural, vindo em casa uma vez por ano. Mas decidiu não se tornar padre e voltou para casa com o objetivo de ajudar a família. Desse propósito nasceu uma carreira brilhante que se estende ao longo da biografia até quando ele completou 70 anos de vida. Hoje, aos 76 anos, continua atuando como integrante de vários Conselhos empresariais.
Quando fez 70 anos, Brumer foi finalmente à Polônia, um dos poucos países do mundo que não conhecia, convidado pela esposa, Shirlene, e os dois filhos do casal. Lá ele visitou a terra-natal de seu pai, resgatou documentos, conversou com pessoas que reconheceram seu sobrenome. Assim ele selou, com muita emoção, a trajetória de seu pai, o judeu errante.
A seguir, algumas fotos do evento de lançamento do livro.
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