Fernando Soares Rodrigues*
Renda fixa continua atraente e segura
Os debates e embates sobre os principais fatores que interferem no desempenho da economia e, na política monetária, não alteram neste final de primeiro semestre a atratividade dos ativos de renda fixa.
Enquanto os juros básicos da economia continuarem percentual muito acima da inflação no Brasil, continuará grande a procura pelos Certificados de Depósitos Bancários-CDBs, fundos de renda fixa DI (os que acompanham os CDIs e a Selic), as aplicações no Tesouro Direto lastreadas na Selic ou IPCA e outros fundos que utilizam a renda fixa em suas carteiras para assegurar rentabilidade básica expressiva e sem risco a seus investidores.
Apesar das críticas contundentes do presidente Lula à autoridade monetária, o Banco Central (BC) e o Copom (Comitê de Política Monetária) mantiveram o posicionamento inalterado neste início de ano. A taxa Selic foi mantida em 13,75% ao ano para tentar levar a inflação para próxima da meta de 3,25% e que não foi alterada na primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no atual governo.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto resistiu às pressões do presidente Lula, que traduzem a preocupação de parte dos economistas sobre a prática de juros excessiva altos no Brasil – juros reais de 8% ao ano. Essa taxa é estimada após a dedução sobre o percentual da Selic da inflação projetada para os doze meses seguintes.
Diante de rentabilidade bruta e líquida tão elevadas, as aplicações em dólar, ouro e ações ficam em segundo plano. Os investidores nesses ativos tem o desafio difícil sem risco de conseguir pelos menos os 13,75% ao ano oferecidos pela Selic-CDIs nos ativos de renda fixa.
Renda variável
Ações, dólar e ouro são regidos por diversos fatores internos e externos. A crise financeira da Lojas Americanas que se espraiou por outras companhias varejistas e bancos afetou muito o desempeno do Ibovespa que se esforça para superar os 110 mil pontos, sem muito sucesso.
O golpe nas Americanas, como se referiu um importante executivo de banco de investimento, ainda expôs a fragilidade dos balanços auditados no Brasil, das firmas de auditoria, dos órgãos de regulação como a Comissão de Valores Mobiliários-CVM e os analistas e executivos de crédito de grandes bancos.
Ninguém foi capaz de constatar a contabilidade falsificada de R$ 20 bilhões da Americanas e nem o rombo superior a R$ 40 bilhões no caixa da tradicional empresa, que até pouco tempo, tinha como seus principais donos, três grandes executivos brasileiros de porte e sucesso internacional.
Grandes bancos se viram na obrigação de provisionarem na conta de créditos de liquidação duvidosa, os empréstimos à empresa em fase de tentativa de recuperação judicial.
Com lucros menores e provisões de crédito em alta, os bancos ficam cada vez mais cuidadosos, o que se traduz em aperto de crédito no mercado. Esse quadro torna inviável a redução dos juros nos bancos.
Inimigo errado
O presidente Lula ao pressionar o BC e o presidente Campos Neto nesta conjuntura, compra uma briga com o inimigo errado. Os bancos é que cobram juros exorbitantes, até superiores a 15% ao mês nos financiamentos de débitos dos cartões de crédito.
Fica difícil ao Copom/BC reduzirem a Selic enquanto a inflação continuar elevada e com tendência de alta. Em janeiro passado, o IPCA registrou alta de 0,55% e elevou para 5,77% s inflação acumulada nos 12 meses anteriores,
O boletim Focus do BC divulgado no último 13 de fevereiro não deu esperanças aos economistas que defendem a queda da taxa referencial nos negócios entre bancos. Aquela projeção das principais instituições do mercado fixava em 12,75% ao ano a Selic de dezembro de 2023 e e inflação anualizada em 5,79%. No final de 2024, a Selic cairia para 10% ao ano em dezembro daquele ano, e a inflação anualizada recuaria para 4%,
O presidente Lula defende a queda dos juros para que a economia cresça e o País possa financiar os programas sociais de que tanto precisa. O crescimento do Produto Interno Bruto-PIB previsto para este ano pelo boletim Focus continua no modesto no patamar de 0,76%, podendo subir no próximo ano, só um pouco mais para 1,5% ano.
Câmbio tranquilo
A situação cambial do País continua tranquila, o que não favorece a rentabilidade das aplicações do dólar em espécie ou através dos fundos cambiais. Além disso, até agora, pelo menos, os assessores do presidente Lula não cogitaram em mexer nas reservas cambiais do País da ordem de US$ 350 bilhões.
O dólar comercial pode encerrar 2023 no patamar de R$ 5,25 e alcançar R$ 5,30 ao final do próximo ano, de acordo com as projeções do Focus. Uma baixa artificial dos juros básicos e fatores externos podem alterar essas previsões.
As contas externas estão também com previsões boas. A balança comercial deve alcançar neste ano, superávit de US$ 57,20 bilhões, e os investimentos externos diretos o total de US$ 80 bilhões. Valores mais do que suficientes para cobrir o déficit nas contas correntes (todo o movimento com o exterior do País) da ordem de US$ 50 bilhões, conforme as previsões do boletim Focus.
*Jornalista especializado em economia e finanças
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