Por: Paulo Queiroga
As tarifas cobradas pelas companhias aéreas para passagens compradas agora para os meses de junho e julho de 2014 chegam a custar dez vezes mais do valor cobrado normalmente, fora da Copa do Mundo. O índice de aumento chegou a 131,5% acima da inflação, desde 2005, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A informação foi dada na reunião do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur, Flávio Dino e representantes das companhias aéreas.
Segundo ele, o desequilíbrio entre demanda e oferta e o aquecimento do mercado faz com que haja práticas comerciais abusivas – que ficam mais evidentes no caso das festas de fim de ano e agora com a Copa do Mundo, sendo verificados aumentos de até 1.000% no preço das passagens. “Não temos nenhum fator econômico objetivo no que se refere a custo ou tributação que justifique esse aumento, que é obviamente abusivo”, afirmou.
Participaram da reunião as quatro empresas que operam no Brasil, TAM, Gol, Azul e Avianca, além de representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Secretaria de Aviação Civil e do Ministério da Justiça.
Ameaça de controle tarifário
Segundo Dino, se as empresas não atenderem ao “chamado do bom senso”, é possível que haja mudanças na regulação do setor, inclusive acabando com a chamada liberdade tarifária. “A liberdade tarifária não é um dogma, pode ser revista a qualquer tempo. Esse seria um caminho, voltar a praticar uma administração de preços, como já foi feito no passado”, explicou.
Outra medida para reduzir o preço das passagens no país é ampliar a oferta mediante a abertura do mercado para empresas estrangeiras fazerem voos domésticos no Brasil. Segundo ele, não é válido o argumento de que essa ação levaria a uma desnacionalização do setor, porque as empresas atuais também já não são totalmente nacionais. Para essa mudança, seria preciso alterar o Código Brasileiro Aeronáutico.
Contra-argumento das aéreas
Por outro lado, a associação das empresas aéreas argumenta que o número não traduz o real comportamento dos preços dos bilhetes para as viagens de avião, pois não se pode medir o preço de uma tarifa com uma projeção de futuro, como a metodologia do cálculo do IPCA. Segundo as empresas, o preço das passagens tem comportamento dinâmico e pode mudar a qualquer momento, dependendo da demanda.
A conta é feita com base em pesquisa nos sites das principais empresas de aviação do país, consultando voos de ida e volta, com partida aos sábados e retorno no domingo da semana seguinte. A antecedência da pesquisa é 60 dias para os meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro e 30 dias para os demais meses.
A entidade apresenta como contraponto a pesquisa da Agência Nacional de Aviação Civil, feita com os dados fornecidos pelas próprias empresas, que levam em conta apenas voos efetivamente comercializados. Segundo a entidade, entre 2005 e 2012, a média da tarifa doméstica caiu de R$ 575,47 para R$ 294,83, ou seja, uma redução de 51,23%. A variação da inflação, segundo o IPCA do IBGE, entre janeiro de 2005 e dezembro de 2012, foi 50,17%.
Hotelaria também é alvo da Embratur
Os preços da hotelaria também estão na mira da Embratur. Segundo o ranking, a hotelaria aparece em quarto lugar nas tarifas de lazer, com diária média de US$ 210, atrás apenas de Miami, Punta Cana e Nova York. “Aí junta passagem aérea, que muitas vezes também é mais barata. É por isso que o cidadão de classe média prefere viajar para o México, para Montevidéu, por isso que os voos internacionais estão abarrotados de brasileiros”, acrescentou Dino.
Para a Copa do Mundo, Dino defende que a Fifa e a Match, empresa suíça escolhida para intermediar as vendas de pacotes de turismo para a Copa, liberem os quartos que já foram adquiridos nas cidadessede para que a oferta aumente e os preços sejam reduzidos.
Agora é esperar para ver se haverá mudanças, de fato, ou se trata de apenas mais um alarde publicitário do governo Dilma.
(Da redação com Agência Brasil)
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