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Tendências do mercado de crédito brasileiro: análise dos resultados do BACEN divulgados em agosto

Eduardo Tambellini*

E mais um mês consolidado nos mostra como o mercado de crédito vem reagindo à pandemia de COVID-19. O Banco Central divulgou novamente os dados mensais de fechamento, desta vez até julho de 2020.

A relação crédito X PIB chegou a 51,1%, e mais uma vez reforçamos que vale esperarmos a retomada do PIB para validar se esse aumento é produto de um aumento real do crédito ou apenas reflexo da retração econômica.

As carteiras de crédito continuam mostrando uma reação ao período de crise. A carteira de Pessoas Físicas manteve-se em patamar estável, em julho, porém o destaque vai para o volume de concessões que continua crescendo e quase chegando aos patamares de 2019.

Quando olhamos para Pessoas Jurídicas, percebemos que a taxa de crescimento observada no começo da crise não se manteve, e voltamos a um crescimento estável da carteira com a concessão de 1% acima do ano de 2019.

Os juros seguem como o destaque positivo, continuando em queda. Maior influenciador do indicador foi o Cheque Especial, que teve queda maior que 50%, quando comparamos com dezembro de 2019:

A inadimplência, contrariando as expectativas, continua em queda, com percentual de 5,07% nos produtos de Pessoas Físicas, número este próximo dos patamares de melhor baixa histórica.

O destaque da baixa inadimplência pode ser explicado pelo crescimento de negociações, ou seja, novações de dívidas realizadas que visam controlar a inadimplência:

Conforme percebemos, a carteira de crédito de refinanciamento cresceu 45,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que mostra que os bancos estão abrindo alternativas para que clientes com dificuldade de pagamento renegociem suas dívidas.

A inadimplência deste produto vem apresentando queda, mas tal qual nos meses anteriores, quando há crescimento de carteira, o primeiro impacto é uma redução da inadimplência.

Como já reforçado nas últimas divulgações, o momento é de cautela. Destaca-se a possibilidade de manutenção do auxílio emergencial até dezembro, porém em outras referências de valores. Importante entendermos qual o efeito positivo desse auxílio no mercado de crédito e o quanto ele vem ajudando a segurar o efeito da inadimplência.

Mais um mês de pandemia e mais um mês que o crédito sobrevive bravamente à crise.

*Consultor de Negócios da FICO
(Os artigos e comentários não representam, necessariamente, a opinião desta publicação; a responsabilidade é do autor da mensagem)

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