
Fernando Soares Rodrigues*
Após a continuidade dos juros básicos altos no Brasil e EUA em setembro passado e a verificação de alguns índices econômicos melhores no País nas últimas semanas, o mercado financeiro deverá prosseguir impactado em outubro pelos embates ásperos e violentos entre os eleitores dos dois candidatos mais cotados nas pesquisas e o resultado das eleições.
As projeções anualizadas da segunda quinzena de setembro do boletim Focus do Banco Central são mais otimistas para o final de 2022: o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,39%, podendo ir a 3% segundo outras fontes do mercado; a inflação pode ficar em 6,4%, o dólar comercial a R$ 5,20 e a taxa Selic a 13,75% ao ano.
No setor cambial, o país vai bem. Devem entrar US$ 60 bilhões em investimentos diretos externos, e o superávit na balança comercial chegar a US$ 65 bilhões. Essas entradas de divisas serão mais que suficientes para cobrir o déficit em conta corrente (todo o movimento financeiro com o exterior) da ordem de US$ 26,5 bilhões.
Fica a pergunta: porque a economia não ajudou em setembro a tirar o presidente Bolsonaro do segundo lugar das pesquisas eleitorais? O “efeito fome” que abalou milhões de famílias pesou nas intenções de votos. O bolsa família (Auxílio Brasil) de R$ 600,00 mal dá para comprar uma cesta básica.
Os bolsonaristas ainda afrontam verbalmente inclusive aos não simpatizantes de muitas propostas do Partido dos Trabalhadores (PT). E também aos que são exclusivamente adeptos de um capitalismo moderado e com preocupações sociais.
Nesse cenário, as aplicações em renda fixa continuam liderando a preferência dos investidores de pequeno e médio porte. Os grandes aplicadores avaliam as oportunidades oferecidas por um mercado acionário instável interna e externamente.
O presidente russo Putin ainda coloca lenha na fogueira da instabilidade ao ameaçar uma nova escalada na guerra com a Ucrânia, inclusive com o risco uma terceira guerra mundial.
Juros altos
Dia 21 de setembro passado foi uma data importante para os investidores em renda fixa. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve em 13,75% ao ano a taxa Selic (juros básicos da economia) mesmo diante da projeção de inflação em queda para 6% ao ano apurada pelo boletim Focus. A Selic pode terminar o ano no atual patamar e recuar para 11,25% ao ano ao final de 2023.
Nos EUA, onde a inflação anualizada situa-se em cerca de 8%, o Fed – Federal Reserve, o banco central americano, elevou os juros básicos em 0,75 ponto percentual para a faixa entre 3% e 3,25% ao ano e com a perspectiva de reajustar essa taxa para 4% ao ano em breve. Os juros americanos estão no maior patamar desde a crise econômica de 2008.
Em tese, juros elevados nos EUA atraem mais capitais para os EUA, considerado um “porto seguro”. Em contrapartida, o juro real do Brasil na faixa de 8% ao ano, reduz este impacto no País.
Nosso juro real é o maior entre os 40 principais países do mundo. Esta taxa é calculada com base no juro do Depósito Interbancário com vencimento em setembro de 2023 deduzida a inflação projetada para os próximos doze meses, da ordem de 4%.
Com a queda da inflação oficial medida pelo IPCA, os investidores nas cadernetas de poupança perdem menos, pois seus ganhos líquidos anuais são fixos em 6,17%.
Outros ativos de renda fixam oferecem rentabilidade bruta anual superior, dependendo do prazo da aplicação: CDBs de grandes bancos -– 10,24% -, CDB de bancos médio e pequenos até 15% – e títulos do Tesouro Selic – 13,65% .
Desafio fiscal
A B3, a bolsa de valores de São Paulo, será muito influenciada pelo resultado das eleições, e principalmente sobre os planos do próximo presidente da República sobre o controle dos gastos públicos em 2023, ano em que o governo terá que manter programas de assistência social e eliminação da fome que afeta 33 milhões de pessoas no País, apesar de o presidente Bolsonaro e o ministro Guedes não aceitarem esses números.
Não há como negar, no entanto, que diante do baixo crescimento econômico vigente no País desde o governo Dilma e agravado pela pandemia, o Brasil vive um grave crise social. Junto com cada família que passa fome focalizada pelas redes de TV está uma mãe “solo” com dois a três filhos em diante, sem trabalho e sem condições de exercer qualquer atividade econômica.
A realidade é tão dura que as redes de TV mostram que não basta doar cestas básicas. Muitas dessas famílias sem renda não têm condições sequer de preparar os alimentos.
*Jornalista especializado em economia e finanças
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