Por que não destinar parte do valor das reservas cambiais brasileiras a investimentos infraestruturais básicos no País?
O Brasil continua credor líquido do resto mundo, ou seja, possui mais reservas cambiais do que todo o saldo da sua dívida externa
O custo de manter o nível de reservas cambiais brasileiras é muito alto e, só em 2022, superou US$ 20 bilhões apenas no pagamento de juros sobre os títulos públicos que o país teve de emitir para mantê-las
Carlos Alberto Teixeira de Oliveira*
Revela o Relatório de Gestão das Reservas Internacionais – divulgado pelo Banco Central do Brasil em março deste ano que, em 31 de dezembro de 2022, as reservas cambiais (ou internacionais) do Brasil totalizavam, pelo conceito caixa, US$324,70 bilhões, volume menor que o observado no final de 2021 (US$362,20 bilhões).
“Para o Banco Central, as reservas cambiais “são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam como uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país.
No caso do Brasil, que adota o regime de câmbio flutuante, esse colchão de segurança ajuda a manter a funcionalidade do mercado de câmbio de forma a atenuar oscilações bruscas da moeda local – o real – perante o dólar, dando maior previsibilidade e segurança para os agentes do mercado.
Essas reservas, administradas pelo Banco Central, são compostas principalmente por títulos, depósitos em moedas (dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar australiano), direitos especiais de saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), depósitos no Banco de Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos”.
Acrescenta o Bacen que “a alocação das reservas cambiais é feita de acordo com o tripé segurança, liquidez e rentabilidade, nessa ordem, sendo a política de investimentos definida pela Diretoria Colegiada do Banco Central”.
Estudo intitulado “Nível Ótimo de Reservas Internacionais: a experiência recente do Brasil” de autoria de Caroline Pelisser, André Moreira Cunha e Marcos Tadeu Caputi Lélis apresentado durante o XIX Encontro de Economia da Região Sul, realizado pela ANPEC de 8 a 10 de junho de 2016, em Florianópolis-SC,registrou que o Brasil, aparentemente, vinha desde então seguindo a tendência mais geral em economias emergentes e em desenvolvimento no sentido de manter níveis elevados de reservas internacionais e revelou: “em especial, a partir de 2006, o país experimentou um crescimento exponencial das reservas em moedas conversíveis. Medidas convencionais apontam que o país pode estar mantendo um nível excessivo de reservas, assim como a maioria dos países emergentes. Além disso, teoricamente em um regime cambial flutuante, não deveriam ocorrer intervenções no mercado cambial e, consequentemente, não haveria necessidade de acúmulo de grandes montantes de reservas estrangeiras. Tal cenário instiga dúvidas acerca do motivo principal que guia as ações da autoridade monetária referentes à política de acumulação de reservas”.
BRASIL – RESERVAS CAMBIAIS X DÍVIDA EXTERNA – 2001/2023
*Conceito de Liquidez Internacional Fonte: LCA Consultores/Banco Central Elaboração: MinasPart Desenvolvimento
Destacava o referido trabalho que, na ausência de um consenso ou regra indicada para todos os países acerca de qual nível seria o ideal – também já eram à época citados alguns dos indicadores de cobertura mais utilizados, e que são medidas que procuravam prescrever um nível adequado para reservas em moedas conversíveis. Para os autores, “a relação entre importações e reservas – usualmente utilizada em meses – é um exemplo desse tipo de indicador, relativo à conta corrente. Garantir a cobertura das reservas internacionais em meses de importação ancora-se na hipótese de uma parada súbita das exportações. Caso isso venha a ocorrer, a sugestão é que as reservas cambiais de um país sejam suficientes para financiar as importações por um mínimo de três meses, segundo o critério tradicional”. Nesta abordagem e de acordo com estatísticas do Banco Central, as reservas cambiais brasileiras de US$ 324,70 bilhões em 31.12.2022 seriam suficientes para cobrir 14 meses de importações, eis que estas somaram US$ 272,73 bilhões à mesma data e, portanto, encontrava-se quase 5 vezes a mais do que o critério tradicional vigente.
De outro lado, o mesmo estudo apontava como outra alternativa que o total de reservas cambiais fosse superior às dívidas com maturidade de um ano e que deveria ser satisfatório para o cumprimento das obrigações, mesmo em períodos de turbulências financeiras. Dessa forma, entende-se que as reservas internacionais de um país devem, no mínimo, se igualar às dívidas externas de curto prazo. Considerando-se tal alternativa/recomendação de política monetária/cambial, verifica-se que, em 31.12.2022 e conforme dados do Banco Central, as reservas cambiais brasileiras de US$ 324,70 bilhões eram, também, quase que cinco vezes mais o valor das obrigações de curto prazo do país (de um ano) e que totalizava US$ 67,78 bilhões, à mesma época.
O citado estudo também abordou a questão dos custos decorrentes da acumulação de reservas internacionais pois, “quando se fala em acumulação de reservas internacionais, normalmente, a associação feita quase de forma instantânea relaciona-se a aspectos puramente benéficos, de autoproteção contra crises financeiras e garantia de liquidez para o país. Contudo, essa análise superficial negligencia um aspecto macroeconômico importante: o custo da sua manutenção. A análise dos custos envolvidos com a manutenção e aquisição de reservas é de crucial importância, tendo em vista que altos montantes desse instrumento podem custar caro a um país, podendo, no limite, superar os seus benefícios esperados. Assim, pode não ser vantajoso manter altos níveis de reservas”. Esta tem de ser considerada uma questão de extrema importância, principalmente para o Brasil e que, tradicionalmente, vem praticamente uma das taxas reais de juros mais elevadas da história econômica dos povos civilizados.
Finalizava o estudo divulgado que ao se consolidar os resultados daquele trabalho “é possível sugerir que os níveis de reserva observados no Brasil, especialmente a partir de 2006, se revelam mais elevados do que os parâmetros convencionais sugeridos pela literatura, … Ademais, há custos não desprezíveis associados à sua acumulação e efeitos negativos sobre algumas variáveis macroeconômicas relevantes, como a dívida pública. Tal resultado converge com análises prévias e com estudo recente do Fundo Monetário Internacional (IMF, 2014), no sentido de se reconhecer os efeitos positivos das reservas para mitigar impactos deletérios das crises financeiras, mas, também, de avaliar a pertinência do seu sobre-acúmulo”.
BRASIL – RESERVAS CAMBIAIS X
PIB-Produto Interno Bruto – 2001/2023
AnoEm %
2001 6,41
2002 7,45
2003 8,81
2004 7,91
2005 6,03
2006 7,76
200712,92
200811,45
200914,27
201013,07
201113,47
201215,15
201314,54
201414,81
201519,85
201620,28
201718,13
201819,56
201919,06
202024,10
202121,96
202216,91
2023*16,07
*Projeções
Fonte: LCA Consultores/Bacen
Elaboração: MinasPart Desenv.
Ressalta o Banco Central do Brasil, em seu Relatório de Gestão das Reservas Internacionais de março deste ano – “que o retorno dos investimentos das reservas internacionais decorre de alguns fatores que influenciam o valor das carteiras, como os níveis de juros e as paridades das moedas de investimento contra o dólar norte-americano (moeda numerário para avaliação das reservas). Ao longo de 2022, além da alta significativa de juros nos EUA (cerca de 3% nas taxas no setor de três anos da curva de juros americana), a apreciação do dólar americano ante outras moedas que compõem as reservas internacionais (aproximadamente 8%) contribuiu também para a apuração do resultado negativo. Assim, o resultado acumulado em 2022 com o investimento das reservas internacionais gerenciadas internamente foi negativo em 7,45%, sendo que a perda foi de 6,09% decorrente da marcação a mercado com juros e outros fatores e de 1,36% devido às variações de paridades de moedas”. Sendo assim, pode-se estimar que apenas o custo direto da manutenção das reservas cambiais custou ao país cerca de US$ 24 bilhões. Esse valor, ademais, não considera por exemplo, outra importante despesa, que é o custo de financiar esse nível de reservas internacionais através títulos públicos emitidos para captações de recursos em reais, remunerados com base na Selic e que devem ter onerado, também o país, em 2022, em valor superior a US$ 20 bilhões.
Distribuição por moedas
Esclarece o Banco Central do Brasil que, “como mencionado, um dos objetivos no âmbito da gestão das reservas internacionais é a redução da exposição do país ao risco cambial. Dessa forma, define-se uma carteira diversificada com perfil anticíclico e que busque a cobertura cambial da dívida externa bruta.
Em dezembro de 2022, a alocação por moedas das reservas se dava da seguinte forma: 80,42% em dólar norte-americano (USD), 5,37% em renminbi (CNY), 4,74% em euro (EUR), 3,15% em libra esterlina (GBP), 2,52% em ouro, 1,86% em iene (JPY), 1,01% em dólar canadense (CAD) e 0,92% em dólar australiano (AUD). Destaca-se que o ouro adquirido pelo BC para compor as reservas internacionais do país decorre de negociação realizada exclusivamente no exterior. Ou seja, o BC não adquire ouro no mercado interno para composição das reservas internacionais.
Matéria publicada em 30 de abril no Poder 360, de autoria de Hamilton Ferrari, destaca que o Brasil dispõe da 7ª maior reserva cambial do mundo em dólares. Somou US$ 346 bilhões no dia 26 de abril último. Ao considerar a cotação do dólar de R$ 4,99, o valor representa R$ 1,726 trilhão. “Os dados do Banco Central mostram que o montante é 815% superior ao estoque registrado antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumir o 1º mandato de governo. A alta equivale a R$ 308,2 bilhões”.
Segundo a matéria, “o volume subiu sob os dois primeiros mandatos de Lula. Aumentou de US$ 37,8 bilhões ao final de 2002 para US$ 85,8 bilhões no fim do 1º mandato do presidente e para US$ 288,6 bilhões em dezembro de 2010, último mês do 2º mandato de Lula. Na parcial de 2023, as reservas cambiais aumentaram US$ 21,3 bilhões, o que representa uma alta de 6,6%. A maior reserva internacional é da China, segundo dados do Trading Economics. Totalizavam US$ 3,2 trilhões em março, último dado disponível. Na moeda brasileira, equivale a quase R$ 16 trilhões. As reservas do Brasil ficam atrás dos estoques da Rússia, Índia e Coreia do Sul, que são países emergentes. Está na frente, porém, do México e a Turquia. O pico das reservas internacionais do Brasil foi registrado em 25 de junho de 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando somou US$ 390,5 bilhões”.
Vale ressaltar que, em 31 de dezembro de 2022, a dívida externa bruta brasileira (pública + privada) totalizava US$ 323,79 bilhões e, portanto, as reservas cambiais que somavam US$ 333,00 à época eram, mais que suficientes, para saldar os compromissos do país e, além do mais, ainda sobrava um saldo de US$ 3,21 bilhões – o que significava que o Brasil era credor líquido do resto do mundo – posição esta, favorável registrada em todos os anos seguintes, desde 2009. Em 2017, o saldo favorável ao Brasil atingiu US$ 56,66 – bilhões considerado o mais alto da história.
“O nível de reservas internacionais do Brasil é adequado para cobrir um amplo conjunto de riscos”, havia declarado antes o Fundo Monetário Internacional. O volume já era visto como apropriado com base na métrica do Fundo de avaliação de recursos em moeda forte dos países, medida que leva em conta a dívida de curto prazo, as exportações, os meios de pagamentos ampliados e outras obrigações, como aplicação em títulos e ações.
Em março de 2019, quando estavam em R$ 383 bilhões, elas equivaliam a 165% da métrica do FMI, ‘levemente acima do intervalo tido como apropriado’, de 100% a 150%, e da média dos mercados emergentes, de 140%. ‘Apesar disso, em comparação com o PIB, o Brasil historicamente teve menos reservas que outros emergentes e atingiu a mediana (do grupo desses países) de 20% do PIB apenas depois de 2015’, dizia o Fundo”.
BRASIL – CORRENTE DE COMÉRCIO EXTERIOR (Exportações + Importações) – Em US$ bilhões correntes – 2001/2022
Ano
2001113,9
2002107,7
2003121,5
2004159,5
2005192,1
2006229,1
2007281,3
2008370,9
2009280,7
2010383,7
2011481,6
2012465,8
2013474,0
2014451,7
2015359,9
2016318,9
2017373,9
2018417,2
2019407,1
2020367,0
2021500,2
2022607,3
2023*549,3
*Projeçoes Fonte: Banco Central Elaboração: MinasPart Desenvolvimento
Necessidade de se investir em infraestrutura básica
Infraestrutura é o conjunto de serviços fundamentais para o desenvolvimento socieconômico de uma região tais como saneamento, transporte, energia e telecomunicação.
A falta de infraestrutura dificulta a atração de investimentos, a competitividade das empresas e a geração de novos empregos.
Indica a recém concluída” Carta de Infraestrutura 2023”, elaborada pela Inter. B Consultoria de Negócios e divulgada pelo jornal Valor, em 26 de maio último, que “a infraestrutura no país – em meio a um cenário que une crédito caro e sinalização de mudanças de rumos na condução de políticas em energia e saneamento básico deverá receber R$ 204,6 bilhões (cerca de apenas US$ 41 bilhões) em investimentos neste ano, uma alta nominal de 11,1% em comparação a 2022. Do total de recursos, 65% sairão da iniciativa privada. Puxados por energia elétrica, transportes e saneamento básicos, os aportes poderão representar 1,95% do PIB-Produto Interno Bruto, se o Ministério dos Transportes cumprir seu plano, ressalva a Inter B. Em 2022, o investimento em infraestrutura somou o equivalente a 1,86% do PIB de R$ 10,5 trilhões.
A mesma matéria destaca que “mesmo em alta, o investimento em infraestrutura no país é claramente insuficiente para impulsionar a economia e reduzir a desigualdade. Ampliar o acesso a serviços e melhoria na qualidade exigiriam injeção de 4% do PIB por ano”.
Trago a nossos leitores, mais uma vez, proposta de minha autoria já apresentada aqui, em algumas oportunidades anteriores, para que o governo brasileiro dê uma destinação mais nobre a uma parte das suas atuais reservas cambiais, aplicando tais recursos em novos investimentos infraestruturais que tanto necessita o país para que a sua economia volte a ser competitiva, aumente o PIB, amplie os níveis de renda e emprego e evitar assim, gargalos e entraves que a cada dia mais se amplificam e exponeciam perigosamente. Vale mencionar que melhorias infraestruturais têm de ser consideradas investimentos e, não da forma tradicional, como custos.
Proponho que se utilize US$ 100 bilhões das atuais reservas internacionais e se redirecione tais recursos a imprescindíveis investimentos infraestruturais básicos, principalmente em energias alternativas, recuperação de rodovias, mobilidade urbana e saneamento básico. Tal aporte de recursos na economia nacional poderá ensejar uma elevação de cerca de 5% do PIB nacional e adicionará, fundamentalmente, novas receitas tributárias e a ampliação dos atuais patamares de renda e emprego, reposicionando-se o país na rota do desenvolvimento. Saliente-se: JK já declarava que “país cuja economia não cresce é país condenado à miséria, pobreza e ao desenvolvimento – que são considerados os maiores inimigos da democracia”.
E qual será o custo dessa decisão? Praticamente o diferencial que se remunera atualmente os títulos da dívida pública (fundamentalmente taxa Selic de 13,75%) e o ganho proveniente da remuneração das aplicações brasileiras realizadas em títulos de outros governos com recursos das nossas reservas cambiais, que também se encontram, em sua quase totalidade, concentradas em títulos do governo norte-americano remunerando cerca de 5% ao ano no momento, com tendência de queda. Saliente que durante quase dez anos seguintes a partir de 2009 a remuneração desses títulos norte-americanos era em torno de apenas 0,25% ao ano.
Aumentaria o endividamento público? Não, porque os títulos da dívida pública já foram anteriormente emitidos para bancar as reservas cambiais do país.
O país correria algum risco se forem baixados os atuais níveis de reservas cambiais? Não, porque, como ficou demonstrado anteriormente, eles permaneceriam mais que suficientes para enfrentar qualquer outra contingência ou riscos externos. Além do mais, o país ainda conta com patamares recordes de Investimentos Estrangeiros Diretos que, em 2022, atingiram o recorde de US$ 90,57 bilhões e deverão somar neste ano 91,77 bilhões. Em outra vertente, o saldo da Balança Comercial brasileira foi superavitário no ano passado em US$ 61,85 bilhões e as projeções indicam aumento para 2022, alcançando US$ 66,69 bilhões. Relativamente ao balanço de Serviços e Rendas, também, a situação oferece baixo nível de risco – esse item atingiu um déficit de US$ 100,06 bilhões no ano passado e deverá situar-se em US$ 94,57 como indicam também as projeções.
Ressalte-se que a ampliação dos investimentos em infraestrutura consta, inclusive, de recomendação especifica para o caso brasileiro, do documento intitulado “Economic Policy Reforms 2019. Going for Growth, da OCDE de 2019:
Sem investimento não há hipótese de desenvolvimento! E aqui o investimento encontra-se em um de seus níveis mais baixos, principalmente aquele proveniente de fontes e recursos públicos.
A verdade é que o Brasil desaprendeu como se faz e o que é crescer a sua economia. Esta armadilha do baixo ou do nulo crescimento econômico precisa ser, urgentemente, desarmada, e esta precisa ser entendida como uma grave questão de soberania e de segurança nacional!
Além dos positivos e benéficos efeitos multiplicadores, como em relação à ampliação do emprego e da renda, tal decisão de redirecionar parte das reservas cambiais para investimentos produtivos e alavancadores do desenvolvimento redundará em uma maior dinamização da economia brasileira, propiciando mais injeção de recursos proveniente da ampliação da arrecadação tributária aos cofres públicos – o que permitirá redução adicional no déficit nominal e na expansão da dívida pública nacional.
Há, ainda, de se destacar, mais uma vez, que tal medida não ensejará nem provocará nenhuma modificação ou influência na dívida pública nacional, uma vez já ter sido a mesma contabilizada anteriormente, através da emissão de títulos pelo Tesouro, quando da sua constituição.
O saldo das reservas cambiais resultante e a ser mantido, após o resgate dos US$ 100 bilhões, cobrirá integralmente toda a dívida externa brasileira atualmente existente, aí compreendidos também aqueles saldos, tanto do endividamento público, quanto dos privados.
Com o título de “Mudanças são necessárias para a economia crescer”, o ex-ministro Delfim Netto, em sua coluna na Folha de São Paulo de 31 de julho de 2019 declarou:
Nosso problema é como fazer para retomar o crescimento robusto – única solução para o mais grave problema nacional que são os milhões de desempregados e na informalidade. A resposta é fazer reformas que tornem mais competitiva a nossa economia.
Entendo que ainda cabe aqui acrescentar que tivemos, antes a oportunidade, juntamente com vários outros economistas, de ressaltar a necessidade e a importância da retomada firme do crescimento econômico e constatamos que alguns equívocos têm permeado as políticas econômicas do País e, se persistirem, obstruirão inapelavelmente qualquer tentativa de relançamento da economia brasileira de volta ao caminho do desenvolvimento.
Um desses equívocos diz respeito à crença de que a estabilidade econômica é condição prévia à retomada do desenvolvimento do País. Primeiro a estabilidade, só depois o desenvolvimento. Sendo assim, as políticas de estabilização assumem um caráter de primazia absoluta, subordinando e sufocando todas as outras políticas. Apequena-se a política econômica, amesquinham-se os objetivos para a economia do País. E já lá se vão algumas décadas de busca inglória da miragem da estabilidade.
Evidentemente, ninguém, em sã consciência, há de negar a necessidade de as economias nacionais ostentarem bons e saudáveis fundamentos macroeconômicos. O caminho da estabilidade deve ser concebido e implementado, no bojo de uma política de desenvolvimento para o País. A estabilidade não precede o desenvolvimento; ao contrário, é a estratégia de desenvolvimento do País que deve, simultaneamente, orientar e contextualizar as opções da política macroeconômica. Até porque, ao contrário do que se costuma propagar, os caminhos possíveis para se alcançar a estabilidade econômica são vários.
Outro desses equívocos é imaginar que apenas o ajuste fiscal e algumas reformas – como já se declarava a previdenciária – devem também ser considerados como condições prévias à retomada do desenvolvimento. Da mesma forma colocada em relação à estabilidade econômica, deve-se privilegiar – concomitantemente – a expansão econômica que produzirá ganhos generalizados e, em especial, aumentos da arrecadação tributária. Cabe destacar que, quando um denominador é baixo, todos os numeradores tendem a ser considerados altos – o que se aplica efetivamente no tocante à questão das receitas e despesas públicas. Quando há declínio da atividade econômica, como vem ocorrendo ao longo de várias décadas – a arrecadação nacional não cresce – os lucros se transformam em prejuízos para empresas e, com isso, não há como gerar Imposto de Renda e outras receitas.
No entanto, é salutar ressaltar que não basta apenas crescer. É necessário, ademais, que o crescimento da nossa economia supere a média mundial e possa se compatibilizar com o nível de expansão das economias dos países emergentes. E, ainda, que incorpore outros elementos, como as da qualidade, da produtividade e da competitividade.
Há de se considerar que o nosso desenvolvimento é um imperativo de segurança nacional, como pregava o ex-presidente Juscelino Kubitschek:
“Estamos avançados no sentido de nosso desenvolvimento material, mas somos forçados a reconhecer-nos ainda muito atrasados, principalmente em relação aos países de alto grau de industrialização. Uma análise comparativa de nossa marcha com a das nações desenvolvidas resultará em algo de inquietude.
Devemos ter a ambição de não nos contentar com o que já fizemos, e o orgulho de não nos resignarmos a continuar em posição secundária. Na verdade, não se trata sequer de ambição ou orgulho.
Creio que já existe, na consciência coletiva brasileira, a noção de que o nosso desenvolvimento é um imperativo de segurança nacional.
Temos de acelerar o passo, integrando-nos num ritmo de crescimento mais rápido.
Cumpre-nos procurar, a todo o transe, o socorro da técnica moderna. Temos de ocupar, nos mapas econômicos e políticos, uma posição correspondente à nossa importância territorial e demográfica.
A grande tese do nacionalismo brasileiro, a meta dos verdadeiros patriotas consiste em diminuir a margem imensa que nos separa dos povos que se elevaram à prosperidade. Esse ideal constitui, por outro lado, um objetivo de prudência neste mundo de dura competição”.
Ilustrações: Internet
*Carlos Alberto Teixeira de Oliveira é administrador, economista e bacharel em Ciências Contábeis, com vários cursos de pós graduação no Brasil e exterior. Ex-Executive Vice-Presidente e CEO do Safra National Bank of New York, em Nova Iorque, Estados Unidos. Ex-Presidente do BDMG-Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e do Banco de Crédito Real de Minas Gerais; Foi Secretário de Planejamento e Coordenação Geral do Governo de Minas Gerais e Diretor-Geral (Reitor) da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte; Ex-Presidente do IBEF Nacional – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças e da ABDE-Associação Brasileira de Desenvolvimento; Coordenador Geral do Fórum JK de Desenvolvimento Econômico; Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais. Presidente da MinasPart Desenvolvimento Empresarial e Econômico, Ltda. Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas. Presidente/Editor Geral de MercadoComum. Autor de vários livros, como a coletânea intitulada Juscelino Kubitschek: Profeta do Desenvolvimento.
Ana Assis Visagista internacional, certificada pelo método Claude Juillard, Faceteller e Hair Designer pelas academias Europeias, Llongueras, Tony & Guy, Vidal Sassoon
Ana Assis Visagista internacional, certificada pelo método Claude Juillard, Faceteller e Hair Designer pelas academias Europeias, Llongueras, Tony & Guy, Vidal Sassoon
SEO é o acrônimo em inglês de “otimização de mecanismos de pesquisa” ou “otimizador de mecanismos de pesquisa”. A contratação de um SEO é uma decisão importante que pode aperfeiçoar seu site e poupar tempo, mas você também corre o risco de prejudicar seu site e sua reputação. Pesquise as possíveis vantagens, bem como os danos que uma otimização feita de forma irresponsável pode causar ao site. Muitos SEOs e outros consultores e agências oferecem serviços úteis para proprietários de sites, incluindo:
análise do conteúdo ou da estrutura do site;
Consultoria técnica sobre desenvolvimento de sites: por exemplo, hospedagem, redirecionamentos, páginas de erro, uso do JavaScript
Desenvolvimento de conteúdo
Gerenciamento de campanhas de desenvolvimento de negócios on-line
Pesquisa de palavras-chave
treinamento de SEO;
experiência em regiões e mercados específicos.
Anunciar no Google não tem qualquer influência na presença do site nos nossos resultados da pesquisa. O Google nunca aceita dinheiro para incluir ou classificar sites neles. Não há custos para aparecer nos nossos resultados da pesquisa orgânica. Recursos como o Search Console, o blog oficial da Central da Pesquisa Google e o fórum de discussão têm muitas informações sobre como otimizar o site para a pesquisa orgânica.
Primeiros passos com o SEO
Se você administra uma pequena empresa local, provavelmente pode fazer boa parte disso por conta própria. Veja algumas sugestões de recursos:
Confira nossa série de vídeos sobre como criar uma presença on-line para sua empresa.
O Guia de SEO para iniciantes descreve muito do que o SEO pode fazer por você. Embora você não precise conhecer bem esse guia se estiver contratando um profissional para fazer o trabalho, é bom conhecer esses métodos. Assim, você pode identificar quando um SEO quiser usar uma técnica não recomendada ou, pior, contraindicada.
Vai levar um tempo para você ver os resultados: normalmente, são de quatro meses a um ano desde início das mudanças até começar a ver os benefícios.
Se você acha que ainda precisa de ajuda extra de um profissional, continue lendo sobre como escolher um SEO.
Como escolher um SEO
Se você estiver pensando em contratar um SEO, faça isso quanto antes. Um bom momento para a contratação é quando você estiver pensando em mudar o design ou planejando lançar um novo site. Assim, você e seu SEO podem criar um site adaptado aos mecanismos de pesquisa desde o início. Entretanto, um bom SEO também pode ajudar a aprimorar um site estabelecido.
É importante manter o compromisso de implementar as mudanças recomendadas. Fazer as alterações recomendadas por um SEO exige tempo e esforço. Se você não se dispõe a fazer as mudanças, não vale a pena contratar um profissional.
Entreviste o SEO em potencial. Veja algumas perguntas úteis:
Você pode me mostrar exemplos de trabalhos anteriores e compartilhar algumas histórias de sucesso?
Você segue os Fundamentos da Pesquisa Google?
Você oferece algum serviço ou consultoria de marketing digital para complementar seu negócio de pesquisa orgânica?
Que tipo de resultados você espera ver e em quanto tempo? Como você mede o sucesso?
Qual é sua experiência no meu setor?
Qual é sua experiência no meu país ou em minha cidade?
Qual é sua experiência no desenvolvimento de sites internacionais?
Quais são suas técnicas mais importantes de SEO?
Há quanto tempo você está no mercado?
Como vai ser nossa comunicação? Você vai me comunicar sobre todas as alterações feitas no meu site, com informações detalhadas sobre suas recomendações e a lógica por trás delas?
Veja se o SEO está interessado em você e na sua empresa. Se não estiver, encontre alguém que esteja. O SEO deve fazer perguntas como estas:
O que torna seu negócio ou serviço exclusivo e valioso para os clientes?
Quem são seus clientes?
Como sua empresa ganha dinheiro e como os resultados da pesquisa podem ajudar?
Quais outros canais de publicidade você usa?
Quem são seus concorrentes?
Verifique as referências de negócios do SEO. Pergunte aos clientes anteriores se eles achavam que esse SEO oferecia um serviço útil, era bom parceiro de trabalho e gerava resultados positivos.
Peça uma auditoria técnica e de pesquisa do seu site para saber o que o profissional acha que precisa ser feito, por que e qual deve ser o resultado esperado. Você provavelmente terá que pagar por isso e conceder acesso somente leitura a seu site no Search Console. Nesse estágio, não autorize o acesso de gravação. Seu SEO em potencial deve ser capaz de dar estimativas realistas de melhorias e do trabalho envolvido. Se ele garantir que as mudanças vão colocar sua empresa no primeiro lugar dos resultados da pesquisa, procure outra pessoa.
Decida se você quer contratar.
Precauções
Em geral, os SEOs oferecem serviços valiosos aos clientes, mas alguns deles prejudicam o setor com práticas de marketing exageradamente agressivas e tentativas de manipular de maneira inadequada os resultados dos mecanismos de pesquisa. Práticas que violam nossas políticas de spam podem resultar em um ajuste negativo da presença do seu site no Google ou até mesmo na remoção do site do índice.
Quando o SEO apresentar recomendações para o site, peça que ele comprove essas indicações com uma fonte confiável, como uma página de ajuda do Search Console, uma entrada no blog da Central da Pesquisa Google ou uma resposta sancionada pelo Google no fórum.
Veja alguns aspectos a serem considerados:
Um golpe comum é a criação de domínios “de fachada”, que encaminham os usuários para um site usando redirecionamentos fraudulentos. Os domínios de fachada normalmente pertencem a um SEO que alega trabalhar em nome de um cliente. No entanto, se o relacionamento não vinga, o SEO pode apontar o domínio para outro site ou até mesmo para o domínio de um concorrente. Quando isso acontece, o cliente acaba pagando para desenvolver um site concorrente que pertence ao SEO.
Outra prática ilícita é colocar doorways carregadas de palavras-chave em algum lugar do site do cliente. O SEO promete que isso torna a página mais relevante para um maior número de consultas. Essa afirmação é inerentemente falsa, já que é raro uma única página ser relevante para várias palavras-chave. Pior ainda é que essas doorways frequentemente contêm links ocultos que levam também a outros clientes do SEO. Essas doorways dissipam a popularidade dos links de um site e encaminham para o SEO e outros clientes dele, que podem ter sites com conteúdo ilegal ou ofensivo.
Por fim, evite qualquer envolvimento com esquemas de links, como a compra de links de outros sites para aumentar sua classificação. Isso vai contra as políticas de spam do Google e pode resultar em uma ação manual contra alguns ou todos os seus sites, o quevai afetar negativamente sua classificação.
Caso acredite que um SEO enganou você, denuncie o fato.
Nos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) cuida das queixas relacionadas a práticas comerciais enganosas ou ilegais. Para fazer uma denúncia, acesse: https://www.ftc.gov/ (site em inglês) e clique em “File a Complaint Online” (Registrar uma denúncia on-line), ligue para 1-877-FTC-HELP ou escreva para este endereço:
Federal Trade Commission
CRC-240
Washington, D.C. 20580
Caso sua denúncia seja contra uma empresa em outro país, registre em https://www.econsumer.gov/ (indisponível em português).
Diretrizes úteis
Tenha cuidado com firmas de SEO e consultores ou agências na Web que enviam e-mails inesperados.Pode parecer incrível, mas nós também recebemos este tipo de spam:
“Olá, google.com.br,
visitei seu site e notei que você não aparece na maioria dos principais diretórios e mecanismos de pesquisa…”
Se você receber e-mails não solicitados sobre mecanismos de pesquisa, encare isso com o mesmo ceticismo que teria em relação a remédios para emagrecer que “queimam a gordura enquanto você dorme” ou pedidos de ajuda para transferir o dinheiro de ditadores depostos.
Ninguém pode garantir a classificação em primeiro lugar no Google.Cuidado com os SEOs que dizem garantir sua classificação ou ter um “relacionamento privilegiado” com o Google ou que anunciam um “envio prioritário” para o Google. Não existe envio prioritário para o Google. Na verdade, a única maneira de enviar um site diretamente ao Google é na Ferramenta de inspeção de URL ou enviando um Sitemap. É possível fazer isso por conta própria.
Tome cuidado se uma empresa tiver muitos segredos ou não explicar claramente o que pretende.Se algo não estiver claro, peça explicações. Se um SEO criar um conteúdo fraudulento ou enganoso em seu nome, como doorways ou domínios “descartáveis”, seu site pode ser removido do índice do Google. Em última análise, você é responsável pelas ações das empresas que contratar. Por isso, é melhor ver exatamente como elas pretendem “ajudar” você. Se um SEO tiver acesso ao FTP do seu servidor, ele precisa explicar todas as alterações que estão sendo feitas no seu site.
Você não deve ter links para um SEO.Evite SEOs que falam sobre esquemas de popularidade de links ou que enviam seu site para milhares de mecanismos de pesquisa. Normalmente, essas ações são inúteis e não afetam sua classificação nos resultados dos principais mecanismos de pesquisa (não de uma forma que você consideraria positiva).
Escolha com cuidado.Em caso de dúvida em relação a determinado SEO, pesquise o mercado. Evidentemente, você pode fazer isso no Google. Embora o Google não comente sobre empresas específicas, encontramos firmas que se autodenominam SEOs e adotam práticas que obviamente ultrapassam o comportamento profissional aceitável. Tome cuidado.
Tente entender para onde o dinheiro está indo.O Google nunca vende as melhores classificações nos resultados de pesquisa, mas existem vários mecanismos de pesquisa que combinam os resultados normais com resultados pagos por clique ou por inclusão. Alguns SEOs prometem um lugar nas primeiras posições dos mecanismos de pesquisa, mas, na verdade, você vai aparecer na seção de anúncios, e não nos resultados orgânicos. Alguns SEOs chegam até a mudar o valor dos lances em tempo real para criar a ilusão de que “controlam” outros mecanismos de pesquisa e que podem escolher onde querem aparecer. Esse golpe não funciona com o Google, porque nossos anúncios são identificados de maneira clara e ficam separados dos nossos resultados de pesquisa. Mesmo assim, pergunte ao seu SEO em potencial quais taxas se destinam à inclusão permanente e quais se destinam a anúncios temporários.
No que mais devo prestar atenção?Veja alguns sinais de alerta. Esta não é uma lista completa, por isso, em caso de dúvida, siga seu instinto. Talvez você esteja lidando com um SEO desonesto se ele oferecer alguma das seguintes opções:
Tiver domínios de fachada.
Colocar links para outros clientes nas doorways.
Oferecer a venda de palavras-chave na barra de endereços.
Não distinguir entre resultados de pesquisa verdadeiros e anúncios exibidos nos resultados de pesquisa.
Garantir a classificação, mas somente para frases de palavras-chave longas e obscuras, que você usaria de qualquer forma.
Utilizar diversos e-mails alternatlivos (aliases) ou informações do WHOIS falsas.
Receber tráfego de “falsos” mecanismos de pesquisa, spyware ou scumware.
Tiver domínios removidos do índice do Google ou não for listado no Google.