Triste presságio
Jadir Barroso
O governo Dilma completa um ano e quatro meses, com alta popularidade, apesar da corrupção, da estagnação econômica e da desindustrialização por que passa o país. Os chamados programas sociais, tendo à frente o Bolsa Família, garantem esta popularidade e a continuidade, por enquanto, do PT no poder, mesmo com o fantasma do mensalão.
Faltando apenas seis meses para as eleições municipais de outubro próximo, a popularidade da presidenta e do seu governo e os fartos recursos disponíveis podem garantir vitória dos candidatos governistas na maioria das cidades brasileiras.
Veja-se, por exemplo, o que o governo vem fazendo na educação, na saúde, na infraestrutura portuária, ferroviária, rodoviária e aeroportuária, no saneamento básico. Vê-se que o governo está longe, muito longe de realizar apenas 10 por cento do que Juscelino realizou. Quem anda pelas cidades grandes, médias ou pequenas, vê a proliferação da miséria, de favelas que envergonham o nosso país e muitas distorções. O que o governo fez até agora para erradicação de favelas? O crescimento do país tangenciou o zero no ano passado, não chegando a 3%.
Mesmo com parcas realizações, o governo deve vencer as eleições. As perspectivas de derrota das oposições são visíveis. Não se trata de fazer previsões, mas apenas projeções com base na realidade atual. Quem faz previsões que nunca dão certo são os economistas de plantão. As previsões dos economistas, por ironia do destino, não conseguem dar certo de jeito nenhum.
Por isso mesmo é que, como analista político, não estou fazendo previsões de derrota dos partidos de oposição, mas apenas enfocando uma realidade fática. É claro que, nestes seis meses que faltam para as eleições, tudo pode mudar, se acontecer o impossível, o imponderável, o inimaginável e o improvável.
Pela minha longa experiência como jornalista político, se o curso da história seguir a sua normalidade, nem se a oposição mudar radicalmente sua estratégia para enfrentar o poder em outubro, ela conseguirá êxito seja nas capitais, com algumas exceções, como São Paulo, por exemplo, seja nos grandes centros. Nos chamados burgos podres, como dizia Tancredo, a derrota de candidatos das oposições também pode acontecer, porque ali atua, com grande força política e intensidade, o maior cabo eleitoral do PT, chamado Bolsa Família. Mas, ali as influências das disputas locais quase sempre também falam alto.
O PT completa nove anos e quatro meses no poder, período em que cometeu mais erros do que acertos, mas primou pela corrupção, de que o mensalão é o maior exemplo. E as oposições? As oposições, PSDB, DEM e PPS continuam desarvoradas, sem rumo, sem destino, com lideranças que não sabem ou não têm sabido, até o momento, aproveitar-se dos erros dos detentores do poder, da corrupção endêmica, da deterioração dos costumes, da crise em setores como saúde, educação, infra-estrutura etc.
Nem as lições do Carlos Lacerda, que soube enfrentar, com clarividência, brilhantismo impar e muita firmeza, o melhor governo que o país já teve em todos os tempos, o governo Juscelino Kubitschek, as oposições conseguem aprender.
Os governos Lula e Dilma estão anos-luz atrás dos cinco anos de Juscelino Kubitschek. Lacerda acusava Juscelino de corrupção diariamente. E o que se provou das acusações de Lacerda? Nada, absolutamente nada. Hoje, prova-se tudo e não acontece nada.
As oposições estão tão desorientadas que não conseguem vasculhar nem descobrir atos de corrupção no governo.
Quem descobre atos de corrupção e os denúncia são os órgãos da grande imprensa brasileira, cuja liberdade de expressão o PT quer amordaçar. As oposições e o próprio governo são pautados pela imprensa. Sinal dos tempos.
E por que a corrupção continua campeando solta? Por uma infinidade de razões. A maior delas é a impunidade. Roubase e tudo fica por isso mesmo. E o governo só dá alguma satisfação à população sobre o que se passa no submundo do poder, quando a imprensa o desvenda. Punição aos infratores? Nada. E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. A roubalheira na administração pública vai continuar solta.
Fora do poder, as oposições estão amargando o sol e o sereno da planície, enquanto que o PT e os chamados partidos aliados, que participam do poder, estão confortavelmente instalados no planalto, mamando nas tetas gordas do erário público. E diante do quadro terrível de degradação moral dos nossos costumes, da nossa infraestrutura, da educação, da saúde, como agem as oposições? Elas agem com inconsistência telúrica, com timidez franciscana, com leniência ovina, e até condescendência com o governo, o que parece até mesmo tangenciar a incompetência.
E os principais líderes das oposições o que fazem, dizem?
O que seria o principal líder das oposições, Aécio Neves, que conviveu com o poder durante mais de 18 anos, em um ano e um mês na senatoria, consegue ser 50% governo e 50% oposição. Como? Governo em Minas e oposição a nível nacional. Portanto, não é governo nem oposição, antes pelo contrário.
E o Serra? Sem rumo desde quando perdeu as eleições, Serra, como candidato em São Paulo, não tem instrumentos para fazer oposição, porque é governo em São Paulo.
Parece-me que apenas um líder das oposições tem desempenhado bem o seu papel. Mas é uma voz isolada, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
E as lideranças dos partidos de oposição na Câmara, como Roberto Freire, no Senado, Agripino Maia, do DEM? São vozes que clamam no deserto.
Como se vê, as oposições não têm rumo, nem diretrizes, nem perspectivas. No quadro atual, esperar o que do seu desempenho nas urnas?
Assim, um ou outro pode sobreviver, como José Serra em São Paulo.
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