Roberto Brant*
Apesar de ser o político mais longevo do país, de ser o líder isolado e incontrastável de um partido que já venceu 5 eleições desde a redemocratização e de ainda ter ocupado por duas vezes a Presidência da República, o atual Presidente Lula tem-se se mostrado um personagem enigmático e imprevisível. Ele próprio jocosamente uma vez se autointitulou uma metamorfose ambulante. A disposição de rever ideias e de se reinventar é sem dúvida uma boa qualidade humana, mas ser um personagem errático e imprevisível não é algo que sirva a um governante ou a um estadista.
Já fomos governados algumas vezes com certa leviandade e pagamos um peço alto por isto. Do Presidente Lula, com sua experiência e sua idade, só poderíamos esperar um governo sóbrio, construtivo e capaz de superar as tentações do populismo e do oportunismo político. Até este momento não podemos estar seguros disto.
Os governos não podem tudo, as divisões sociais que se multiplicam hoje em todas as sociedades causam grandes restrições à ação do Estado, mas há momentos históricos em que governos realizaram grandes feitos. Entre nós há o caso recente do Plano Real que terminou com uma inflação de décadas e que havia resistido a todas as tentativas de controle. Voltar a crescer e criar prosperidade para uma população que na sua maior parte vive em relativa pobreza é a principal tarefa que temos hoje. É algo muito difícil, mas não impossível. Para isto, no entanto, é preciso um grande governo.
Grandes governos são os que mudam o futuro, não os que que tentam mudar o passado, reescrevendo a história a seu gosto para apagar erros ou reabilitar personagens cujo julgamento haverá de ser feito apenas com a passagem do tempo. O governo do PT em 2014 e 2015 mergulhou, por conta de erros exclusivamente seus, nosso país na mais profunda recessão de nossa história, trouxe de volta a inflação, os juros altos e o endividamento público excessivo. Estes são fatos passados, estatísticas já estabelecidas. Como dizia o poeta Ferreira Goulart “o que passou, passou. Nada é capaz de mudar isto.” O Presidente Lula parece julgar que sua tarefa prioritária é mudar esta história em vez de reunir os brasileiros de todos os lados para mudar o presente e assim mudar também o futuro.
Se alguma coisa um homem com a vivência do Presidente Lula já deveria ter compreendido é que o crescimento econômico de um país não é apenas uma questão de vontade. Se ele ainda se permite esta lembrança, em 2003 quando assumiu pela primeira vez e realizou um governo em que houve crescimento e equilíbrio, apesar do discurso conveniente da herança maldita tratou de seguir sem alteração as políticas e o comportamento do governo anterior. Chegou a escolher, e manter no cargo por oito anos, um deputado do PSDB e ex-Presidente de um banco americano para a Presidência do Banco Central. Se dele divergiu em algum momento, ele o fez de modo reservado, nunca em ruidosas entrevistas.
Durante o primeiro mandato de Lula eu exerci meu último mandato de deputado federal, na oposição ao governo. Malgrado esta posição, quando o governo decidiu fazer uma forte reforma da Previdência com foco no serviço público, decidi que era meu dever ajudar e cheguei a presidir a Comissão Especial na Câmara e depois encaminhar votações no plenário para atrair para a reforma do governo alguns votos da oposição. A reforma foi aprovada por poucos votos além do mínimo necessário. Naquele momento o governo pregava a paz entre os brasileiros, praticava uma política econômica realista e blindada contra a demagogia e o país conseguiu crescer por alguns anos.
Hoje vejo tudo acontecendo de modo muito diferente. O novo Presidente Lula, apesar de todas as lições da vida, vive mobilizando suas legiões para a luta e o conflito, tem olhos fixos no passado e fechados para o futuro e tenta, tal como um militante irresponsável, quebrar a blindagem institucional da nossa precária estabilidade econômica.
Tudo isto passa longe da minha compreensão. Ao contrário do que disse Polônio a respeito do príncipe Hamlet: não há lógica nesta loucura.
*Advogado, ex-deputado federal e ex-ministro da Previdência
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