Lucro da Vale aumenta mais de 20 vezes em um ano; Conselho de Administração elege novos membros
A Vale registrou Ebitda ajustado proforma de US$ 8,47 bilhões no primeiro trimestre de 2021, resultado recorde para o período, e lucro líquido de US$ 5,55 bilhões, um aumento sobre os US$ 4,81 bilhões obtidos no último trimestre de 2020. O lucro líquido da empresa subiu mais de 2.200% no período de um ano decorrente, principalmente, pela alta dos preços do minério de ferro no mercado internacional. O Fluxo de Caixa Livre das Operações somou US$ 5,85 bilhões entre janeiro e março de 2021, US$ 971 milhões acima do último trimestre de 2020, impulsionado pelo sólido EBITDA proforma do trimestre e melhoria no capital de giro, como consequência da forte arrecadação de receitas.
Tudo indica que o cenário de preços para o minério de ferro seguirá positivo no segundo trimestre, quando os volumes produzidos costumam ser maiores que o chuvoso primeiro trimestre. O preço médio de referência da commodity subiu 25% de janeiro a março, para US$ 166,9 por tonelada, e nada indica que vá arrefecer. Nesta segunda-feira a cotação bateu os US$ 193 por tonelada. A própria Vale aponta em seu balanço que o cenário de oferta insuficiente que levou a um aumento nos preços nos três primeiros meses do ano permanece.
“Estou confiante de que nossos resultados financeiros positivos refletem nossa consistência no cumprimento de nossas promessas de risking da Vale. Nos primeiros três meses do ano, o Acordo Global de Brumadinho entrou em vigor em um processo conduzido com transparência, legitimidade e segurança jurídica. No mesmo período, concluímos a venda de nossas operações da Vale Nova Caledônia, um marco importante no desinvestimento de ativos non-core e, logo em seguida, nosso Conselho de Administração aprovou um programa de recompra de ações, demonstrando a confiança da administração no potencial da Vale de criar e compartilhar valor de forma consistente”, comentou Eduardo Bartolomeo, Diretor-Presidente da Vale.
A dívida bruta da Vale alcançou US$ 12,176 bilhões no trimestre, US$ 1,184 bilhão inferior ao final de 2020. A dívida líquida negativa foi de US$ 2,136 bilhões, com dívida líquida expandida de US$ 10,712 bilhões. “Dois marcos importantes alcançados pela Vale no primeiro trimestre foram a conclusão da venda, em março, da Vale Nova Caledônia (VNC) de forma ordenada e responsável e, em abril, o acordo definitivo para adquirir as participações da Mitsui na mina de carvão de Moatize e no Corredor Logístico de Nacala”, comentou Bartolomeo.
Além da remuneração aos acionistas paga em março, a Vale anunciou em abril um programa de recompra de ações de até 5,3% do número total de ações em circulação da empresa à época.
Em assembleia de acionistas ocorrida no dia 3 de maio foi escolhido o novo Conselho de Administração da empresa para o biênio 2021-2023 que terá uma diversidade maior de representantes do que das vezes anteriores, pois contará com um número maior de acionistas. A Vale possui 300 mil sócios, entre pessoas físicas e investidores institucionais, sendo que 65% do capital estão em poder de estrangeiros e 35%, em mãos de investidores nacionais. Das ações pertencentes a brasileiros, mais de 21% são de propriedade do grupo tradicional de referência da Vale: a Previ – fundo de pensão dos funcionários do Bando do Brasil; a Bradespar, empresa de participação do Bradesco, e a japonesa Mitsui. A característica deste grupo é que ele atua de forma coesa, em bloco, ditando os rumos da companhia há cerca de duas décadas.
Não se elegeram quatro nomes da lista apresentada inicialmente pela Vale, todos conselheiros independentes, sendo três mulheres. Foram eleitos os seguintes candidatos: José Maurício Coelho, atual presidente da Previ e ex-chairman da mineradora; Eduardo Rodrigues Filho e Ken Yashura, pela Mitsui, e Fernando Buso, da Bradespar. Todos são considerados não-independentes. José Luciano Penido foi eleito como um dos oito independentes do novo Conselho, e também escolhido para ser o chairman. Os outros escolhidos foram Ollie Oliveira – único estrangeiro; Roger Dorney, Murilo Passos; Roberto Castello Branco, ex-presidente executivo da Petrobras; Marcelo Gasparino; Mauro Cunha; Raquel Maia; José Maurício Coelho e Lúcio Azevedo. A eleição do conselho de administração marca um processo de restruturação societária iniciado em 2017 e que transforma a mineradora numa corporação sem controle definido. Antes dessa eleição, a Vale tinha apenas três membros independentes em seu conselho. (Fonte: Valor Econômico, O Estado de S.Paulo – Brasil Mineral)