Lucerna – O jeito suíço de preservar uma joia

Autor: Paulo Queiroga

As características que fazem a Suíça e os suíços singulares são conhecidas de todos: A beleza da paisagem natural, montanhas que ocupam 60% do território, a abundância das águas, o patrimônio histórico preservado, a limpeza e organização das cidades, a pontualidade, a disciplina e a aparente frieza do comportamento de seu povo. Assim pode ser resumido este país dividido em 26 cantões, considerados Estados soberanos, que formam a Confederação Helvética.

O Cantão de Lucerna, na porção alemã da Suíça, assentado no centro do país aos pés dos Alpes, não foge a essas características.

Lucerna, a capital do cantão de mesmo nome, é a cidade mais populosa da região, com 80 mil habitantes, número considerado alto para o país.

Uma pitada de história

Consta-se que no ano 735, três monges beneditinos iniciaram a construção de uma basílica romana na pequena aldeia de pescadores, em um terreno doado por Pepino, O Breve, que ficou conhecido como Monasterium Luciaria. No século XII, a região passa por grande crescimento do comércio. O Cantão de Lucerna torna-se membro da Confederação em 1332.

Em 1633, durante a Guerra dos Trinta Anos, a Monasterium Luciaria, que pegou fogo, foi reconstruída e tornou-se uma das maiores igrejas do período renascentista tardio alemão.

Lucerna pertenceu à República Helvética entre 1798 e 1803. Os Lucerneses, que, então, se tornaram independentes. Em 1848 são obrigados a retornar à Confederação e assim permanecem até hoje.

A cidade

Chega-se à Lucerna pela Estação férrea Central. A primeira visão é sua História revelada, emoldurada pelo rio Reuss e o lago Lucerna. Curiosamente, algumas construções modernas convivem com o passado medieval e renascentista, mas, não interferem na estética da cidade.

O cenário que inicialmente preenchem nossos olhos são as torres medievais, as construções à beira do lago e, especialmente, as pontes, um dos cartões postais de Lucerna

A Ponte da Capela

Entre as sete pontes, a mais conhecida e símbolo da cidade é a Ponte da Capela, a Kappellbrücke. Construída em 1332, como parte da estrutura de defesa, onde ficavam os vigias, ela é considerada a ponte de madeira mais antiga de toda a Europa.

Ao longo da ponte coberta, que dá acesso ao centro histórico, o visitante conhece fatos históricos narrados em afrescos triangulares pintados no século XVII. São quase uma centena de painéis que ilustram episódios ligados à pregação cristã, uma forma de doutrinação da Igreja Católica, à época, poderosa na cidade. O conjunto urbano da ponte abrange uma torre hexagonal, antigamente utilizada como torre de água, farol e até prisão.

Outro ponto marcante é o passeio de barco no Lago dos Quatro Cantões, de 38 km, com água incrivelmente cristalina. Verdadeira paisagem de cinema.

O monumento do Leão

Os guardas suíços são famosos pela disciplina. Seus serviços são exportados para outros países, como Espanha, França e Itália. Como homenagem ao regimento de mercenários suíços massacrados em Paris em 1792, após a Revolução Francesa, foi esculpido na montanha de pedra calcárea um leão moribundo de grandes dimensões, hoje um dos atrativos mais visitados em lucerna.

A torre do relógio

Chama a atenção a Torre do relógio, com 31 metros de altura, construída em 1442, aberta à visitação, um dos símbolos da pontualidade suíça. O imenso relógio expõe seu mecanismo interno de pesos e contrapesos. Curiosamente, o sino do relógio da torre bate um minuto antes dos relógios das outras igrejas, talvez para anunciar a rigorosa pontualidade dos suíços.

Um atrativo diferente em Lucerna é o Museu do Transporte, que expõe a história do transporte, incluindo automóveis, trens, embarcações e conta com uma área pedagógica interativa, com atividades dirigidas às crianças e alunos de escola. Como nossa programação estava apertada e submetida à precisão suíça, infelizmente, não tivemos tempo de visitá-lo, mas é altamente recomendado pela riqueza de seu acervo. Lucerna é um espelho cristalino da verdadeira alma da Suíça.

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