Olavo Romano (olavoromano@task.com.br)
A palestra e o lançamento do livro "Crimes Políticos – A Hermenêutica de Victor Nunes Leal no STF", do jurista e professor Aurélio Wander Bastos, seriam à noite na Academia Mineira de Letras. Aristoteles Atheniense, sempre gentil e agregador, ofereceu um almoço no restaurante Príncipe de Gales, do Automóvel Clube, em homenagem ao autor.
Além do anfitrião, do homenageado e do escriba dessas mal traçadas, lá estavam: o criminalista Felipe Martins Pena, o desembargador federal Carlos Olavo Pacheco de Medeiros, os advogados Dirceu Xavier e José Sebastião Cheier Dib – vindo especialmente de Araxá –, Nilson Reis, ministro aposentado do STJ e presidente do Instituto dos Advogados de Minas Gerais – IAMG, o jornalista, escritor e acadêmico Rogério Tavares e o magistrado e poeta Fernando Armando Ribeiro.
Saboreando petiscos e degustando um tinto de boa safra, Carlos Olavo e Dirceu Xavier rememoravam a privilegiada experiência de trabalhar com Victor Nunes Leal, de cujo no escritório em Belo Horizonte também faziam parte Pedro Paulo Sepúlveda Pertence, Modesto Justino de Oliveira, José Maria Couto Moreira e Renato Brasil. Rogério Tavares relatava seus muitos planos à frente da Universidade Livre, da AML, dirigida no tempo de Vivaldi Moreira por seu tio Dario. Fernando Armando Ribeiro vencia a modéstia para falar da sensível poesia de Colheita, recentemente lançado. Com Nilson Reis, lembrávamos Nelson Pires, seu colega de turma e meu conterrâneo, precocemente falecido. E combinávamos reeditar Causos e Causas, animada tertúlia realizada na Academia, por inspiração do amigo Luís Ricardo Aranha, então presidente do IAMG, com a presença do acadêmico e ex-ministro Ronaldo Costa Couto, que contou deliciosas tiradas de Tancredo Neves.
Na conversa com Aristoteles, um personagem compulsório é Pedro Servo Rocha, que já foi de Jesus, família de Morro do Ferro e neto de padre como eu. Nos animados saraus que Aristoteles e Bete costumam promover, Pedro capricha na pronúncia quando canta Strada del Bosco, Mamma, Santa Lucia e tantos outros clássicos do cancioneiro italiano. Orgulha-se da foto dos dois amigos com o cardeal Bergoglio, futuro Papa Francisco, em Buenos Aires. Mas não consegue livrar-se da interdição de importante personalidade dos meios jurídicos: “Você, Pedro, está terminantemente proibido de discursar no meu velório!”.
Em uma das três mesas reservadas para nosso almoço, sentamo-nos: o anfitrião, o conferencista da noite, José Sebastião Cheier Dib, Rogério Tavares e eu. José Sebastião e Aurélio Wander Bastos desfiaram lembranças e peripécias do tempo em que foram colegas no Colégio Dom Bosco, celebrando a alegria do reencontro sessenta anos depois.
Na inevitável reverência a Victor Nunes Leal, rememorou-se sua vida fecunda no jornalismo, na advocacia, na Casa Civil de JK, até as culminâncias do Supremo Tribunal Federal, de onde foi afastado pela força do arbítrio então vigente. Recordei a celebração de seu centenário na Academia Mineira de Letras, em cujo nome falou o ministro Carlos Veloso, seguido do desembargador Carlos Olavo, do Dr. Marcus Vinicius Furtado Coêlho e do Dr. José Maria Couto Moreira.
Evoquei a emoção com que, nos idos de 1960, li Coronelismo, enxada e voto, editado em 1949, um dos marcos inaugurais da moderna ciência política no Brasil. Lamentamos que, tantas décadas depois, o arcaico e brutal sistema de poder que sustentara a Velha República, subsista, avassaladoramente voraz, o Petrolão sucedendo o Mensalão, sem que, apesar de todos os esforços, se tranquem efetivamente as porteiras que continuam escancaradas a todo tipo de falcatrua e negociata.
Na deixa do coronelismo, José Sebastião sacou de seu vastíssimo repertório o caso do fazendeiro que, ao contratar um novo capataz, Juvenal, admirou-se com os encantos de Maria, sua jovem mulher. O marido era forte, tinha fama de maludo e ciumento, diziam trazer meia dúzia de mortes na cacunda. Ainda assim, no vai-e-vem da vida e da lida na fazenda, o patrão e a jovem acabaram se enrabichando. E, mesmo tomando todos os cuidados, a paixão latejava nas veias, faiscava pelos olhos, vazava pelos poros, qualquer um podia perceber.
“A gente precisa conversar, patrão”, disse um dia Juvenal. Não chegava a ser uma ordem, que não tinha cabimento. Uma velada ameaça, talvez. De qualquer modo, era urgente e não admitia dúvida. Ressabiado, o fazendeiro tentou ganhar tempo, fazer algum plano. Da segunda vez, disse tudo bem, uma hora dessas a gente conversa. “Mas não convém demorar”, disse o rival, com voz premente. Dois dias depois, Juvenal pegou o patrão num canto: “Sei que o senhor vai na cidade; vou junto, a gente conversa no caminho”. Assunto resolvido, no silêncio sem resposta.
A espera foi uma agonia. Oprimido de culpa e medo, o homem ligou a caminhonete sem saber se voltava vivo. No silêncio pesado da cabine, Juvenal apontou o dedo quando avistou um descampado: “Aqui tá bom.” É agora, pensou o fazendeiro. Seja o que Deus quiser. Alma na boca, disse: “Então fala, Juvenal”. Num tom de quem adverte, mas também pede ajuda, o homem disse: “Abre o olho, patrão. Acho que a Maria tá traindo nós”.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Donec nec mauris interdum, suscipit turpis eget, porta velit. Praesent dignissim sollicitudin mauris a accumsan. Integer laoreet metus
- Brasil pagou R$ 746,9 bilhões de juros sobre a dívida pública consolidada nos últimos…
Mesmo podendo conquistar a 8ª posição no ranking das maiores economias neste ano, o PIB…
Sergio Augusto Carvalho O Mundial do Queijo do Brasil realizado mês passado em São Paulo…
Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Crediminas, João Batista Bartoli de Noronha Instituição teve…
Enóloga Marta Maia apresentou as vinícolas de Portugal Novidade foi divulgada durante eventos em Belo…
Maior fabricante de genéricos injetáveis do Brasil completa 40 anos de atividades neste mês e…