Fernando Soares Rodrigues*
É compreensível a instabilidade vigente no mercado financeiro em novembro, diante das indefinições do futuro governo na área econômica. Pesou também o ambiente pós-eleitoral muito conturbado pelas fake news e manifestações de bolsonaristas, que não aceitam os resultados das urnas.
Os reflexos no mercado foram imediatos. Diminuiu o otimismo com a bolsa de valores e voltou o perigo de crescimento da inflação puxado pelo temor de descontrole fiscal e alta do dólar. Os ativos de renda fixa – CDBs, fundos de investimentos financeiros e até as cadernetas de poupança – continuam, assim, cada vez mais preferidos.
A busca de proteção para o dinheiro cresce ainda mais junto aos investidores. A expectativa da queda da taxa Selic dos atuais 13,75% ao ano para 11,25% ao ano no primeiro semestre de 2023 perdeu força. Especula-se até sobre a possibilidade de novas altas do juro básico da economia.
Qualquer declaração sem maiores cuidados do presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva derruba a B3, a bolsa paulista, e eleva o valor do dólar. E acaba penalizando o segmento mais popular que o elegeu, e que não aplica em ações e muito menos em dólar. O motivo é que alta da moeda norte-americana pressiona os preços de todos os produtos e insumos importados e principalmente a inflação da baixa renda.
Lado positivo
O lado positivo do novo governo é a expectativa de melhor gestão para os setores de saúde, educação e meio ambiente. A volta do país ao cenário das grandes discussões mundiais também é saldada como altamente positiva. O “mister” Silva” já virou “Presidente Lula” nas manchetes internacionais com a expectativa de fim do isolamento do Brasil perante as principais potências e países do continente latino-americano.
Muita expectativa
E estamos longe de saber como o novo governo vai conciliar no longo prazo, as demandas sociais e a responsabilidade fiscal. No curto prazo, a equipe de transição, além de formular as propostas da nova gestão, procura saída para furar legalmente o teto de gastos imposto ao País, na gestão Michel Temer, pelo então ministro Henrique Meirelles, da Fazenda.
Já se sabe que o teto de gastos será furado em cerca de R$ 200 bilhões para bancar o Bolsa Família de R$ 600,00 a partir de janeiro e outras despesas correlatas, além de reajuste além da inflação passada do salário mínimo em janeiro de 2023.
Através de órgãos expressivos como a FEBRABAN- Federação Brasileira de Associações de Bancos, o mercado manda recados para o novo governo. “É preciso criar condições para o País voltar a crescer de forma sustentável. E o setor privado deve liderar este processo. O modelo de investimento público colapsou e não adianta insistir nisto.”, afirma a entidade que congrega os bancos.
A FEBRABAN ainda ressalta que “os gastos acima do teto devem ser uma exceção e ficar restritos a um mínimo necessário”.
A Federação dos banqueiros aproveitou a oportunidade para mandar um recado também para os investidores em ações:” a inadimplência deve atingir um pico em breve e recuar em seguida.” Ou seja, não há perigo de os lucros dos bancos caírem.
Pressões externas
O cenário externo também afeta o comportamento dos ativos financeiros no Brasil. A previsão de baixo crescimento econômico nos EUA e Europa, associados com juros de referência em alta não favorecem as principais bolsas mundiais.
O juro de referência de 4% ao ano fixado pelo Fed., o banco central dos EUA, ao atrair mais capitais para a maior economia do mundo, afeta o Brasil. Mais recursos vão para lá. O Brasil só não é mais afetado porque pratica as maiores taxas de juros reais do mundo da ordem de 8% ao ano.
Antes da influência da proximidade da Gestão Lula na econonia e política, os principais indicativos do Brasil estavam razoáveis como revelou o boletim Focus do último dia 11 de novembro. A começar com a inflação que fecharia este ano em 5,82% e recuaria para 4,94% ao final de 2023. A taxa Selic iria dos atuais 13,75% ao ano para 11,25% ao final de 2023. O PIB pode acumular alta de 2,77% em 2022, mas recuar para mais 0,70% ao final de 2023. A taxa de dólar terminaria em R$ 5,20 ao final deste ano e se manteria no mesmo patamar em 2023.
As contas externas de 2022 também estão tranquilas. Segundo a pesquisa do boletim Focus, junto aos principais analistas do mercado, o superávit da balança comercial deve atingir US$ 55 bi este ano e os investimentos externos diretos alcançarem US$ 80 bi. Valores mais que suficientes para cobrir o déficit em conta corrente (todo o movimento com o exterior de US$ 41 bi previsto para 2022.
*Jornalista especializado em economia e finanças
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