Da realidade e esperança
Da realidade e esperança
Da realidade e esperança

Stefan Bogdan Barenboim Salej*

A realidade que enfrentamos como cidadãos comuns, não a elite política e econômica, neste maravilhoso Brasil, é mais do que dura, é duríssima. Mais de metade da população está desempregada, meio empregada, se virando, e com falta total de comida na mesa. 77% das crianças na idade escolar só têm uma refeição por dia. Com Covid e reestruturação da economia e sem investimentos públicos e poucos privados, não tem emprego. E quando tem, falta nível de conhecimento adequado para se ter emprego numa economia mesmo em retrocesso, mas em mudança.

A inflação galopante, custo de vida, da comida em especial, só aumentando. E as empresas não conseguem repassar os custos. Estão se descapitalizando, em especial e principalmente as empresas de porte menor aumentando o endividamento. Aliás, endividamento impossível de pagar porque os juros reais no país real nada têm que ver com juros no país imaginário. País que produz comida para abastecer o mundo, não consegue produzir a comida para seu próprio povo.

A isso ainda temos que adicionar a desgraça ambiental, o desmatamento, barragens rompidas, incêndios e desastres que já nos atingem em cheio e não esperam chegar o outro século e outra geração a qual estamos deixando um deserto ecológico.

Bem, a lista não acaba, e é longa. Alguns estão deixando o país, o número de emigrantes ilegais brasileiros nos Estados Unidos bateu todos os recordes, mas nós ficamos. Sem falar na gestão do Covid, que nos deixa em pavorosa. E em deixar-nos em atitude de receio, não podemos passar em nuvens brancas, o enriquecimento legal e manipulação que fazem nossos políticos com orçamentos públicos. Orçamento secreto e outras artimanhas em todos os níveis de legislativo com liderança firme do Congresso Nacional, são tão vergonhosos que não merecem sequer ser mencionados porque representam banditismo legalizado de pior espécie.

E daí?

Daí é que você e eu, as nossas famílias ficamos, temos que remar contra o maré, e sobreviver. Sobreviver pessoalmente, sobreviver empresarialmente, sobreviver contra Covid, Zica e outras doenças que nos afligem todos os dias. Os mais idosos como eu, o tempo de sobrevivência está bem reduzido, mas a questão é: e os jovens ?

Primeiro, haverá eleições, livres e as mudanças que podem vir, são fundamentais para o futuro.

Segundo, o Brasil continua sendo um país que funciona à margem do caos provocado pelo governo e nossos políticos. Há uma resistência econômica e social que ultrapassa a vontade de deixar esse povo maravilhoso morrer de fome, de desemprego e de corrupção legal e ilegal. Há ilhas de excelência, há pessoas honestas e há mudanças positivas.

Junte-se a eles, deixe os benditos que estão destruindo o país mesmo enriquecendo-se, fora. Comece a acreditar na sua capacidade de suplantar essas dificuldades.

O Brasil possui as suas maravilhas que suplantam as suas mazelas. Os políticos passam e deixam um mar de lama e são esquecidos. E você tem direito de votar, esse direto tão sagrado, que o brasileiro em geral despreza mas que, mesmo quando lhe tentaram tirar, não conseguiram.

Olha para frente, aperte os dentes e acredite que você pode. Brasileiro em geral é bem mais crítico em relação ao país do que outros no mundo, mas também precisa colocar no nosso patriotismo menos ufanismo e mais realismo. E responsabilidade democrática que cada cidadão tem que exercer. Em especial os da chamada elite, porque do povo faminto está difícil pedir mais do que já fazem: rangendo dentes e acreditando que vai melhorar.

Agora, vamos todos, todos sim, trabalhar para melhorar.

*Empresário, ex-Presidente da FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais.

Anúncio