Stefan Bogdan Barenboim Salej*
A expressão muito usada no passado, nos traz aos dias de hoje, em especial, as eleições para a presidência da França. A eleição foi ganha pelo atual presidente Emmanuel Macron que derrotou, pela segunda vez consecutiva, a conservadora da extrema direita Marie Le Pen. As eleições, com cédula e tendo a maior abstenção de eleitorado nos últimos 30 anos, mostraram que os conservadores estão crescendo, em especial entre os eleitores jovens e que continuarão a ter papel importante na política francesa, ou seja nas próxima eleições parlamentares em junho. Aí que o ciclo de eleições será fechado e que vamos saber sobre a governabilidade do governo Macron.
A vitória do político seco, antipático, prepotente e tecnocrata do centro político europeu, deu um alívio enorme à União Europeia. A eventual vitória de Marie Le Pen poderia levar a França até a sair da União Europeia numa situação extrema, mas numa versão mais light, trazia enormes problemas para seu funcionamento. Ou seja, a aliança forte de Alemanha, Espanha, Itália e agora de novo com Macron, reforça a União Europeia num momento crucial – seja pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, seja pela transformação energética que Europa está enfrentando.
A França não é um país qualquer. Aliás, a sua maior fronteira terrestre é com o Brasil, tendo a Guaiana Francesa ao norte da América do Sul. É um dos maiores investidores no Brasil. Mais de 500 mil trabalhadores estão empregados nas empresas francesas no país. Há uma cooperação cultural e científica superior a qualquer outro país. E estamos desenvolvendo, juntos, submarinos movidos a energia nuclear. Há milhares de estudantes brasileiros nas universidades francesas.
Mesmo assim, as nossas relações políticas e diplomáticas estão num nível abaixo da temperatura de polo ártico. Do lado brasileiro, temos um presidente da República que se permite, em nome do país, falar mal da primeira dama da França. E adicionar, a isso, um outro conjunto de desaforos diplomáticos da pior espécie. No âmbito francês estão cada vez mais questionando a política governamental brasileira na área de meio ambiente e, em especial, o que é praticado na região amazônica. E deixaram claro que não apoiam a conclusão do acordo Mercosul/UE com o atual governo. De outro lado, fazem questão de receberem, com honras de chefe de estado, o ex-presidente Lula, adversário nas próximas eleições do atual acupante do cargo no Palácio do Planalto.
Em resumo, até o resultado de eleições brasileiras, nada vai mudar. Ou seja, do jeito de agora, está ruim para os dois lados, mas nenhum lado cede um milímetro. Se Lula ganhar, muda o patamar de relações a ter os dois países. Ao contrário, teremos mais quatro anos de uma relação ruim e azeda, que sempre é pior para, como dizem na minha terra Bom Jesus do Galho, a corda sempre rebenta para o lado mais fraco.
*Empresário, ex-Presidente da FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais.