Por: Olavo Romano
Semente lançada ao chão,
Guardei memória e feitio
De tudo que em mim trazia.
Mas sono longo e profundo,
Mergulho na escuridão,
Arrebatou-me do mundo,
De quem era, onde jazia.
Tive sede, passei frio,
Senti calor, tomei chuva;
E ao raiar minha aurora,
Dei um salto para fora
Num animado rebroto.
Espreguicei pra dentro e pra fora
Espichei minha raiz
Para sustento e amparo
Do caule que se alongava
Buscando luz e calor.
Fortes galhos para abrigo
No convívio mais amigo
De bicho de pena e pelo,
As flores viraram frutos,
Inseto e passarinho
Zumbindo ou fazendo ninho
Em azáfama e desvelo.
Além da copa frondosa
Zuniu o sopro do tempo
Qual faca de fino gume,
Em noites que rebrilhavam
De estrela e vaga-lume.
Na hora certa e sabida
Pela magia da vida
Outra semente caiu
No fértil ventre da terra
E novamente se viu
Que a ciranda não se encerra:
Porque a cada caroço,
Mesmo duro feito osso,
Recomeça a brincadeira.
Perdida no abandono
Da morte na escuridão
A semente redescobre
Que ninguém de si é dono
E se entrega, docemente,
Sonhando transmutação.
Na sepultura, que é berço,
Refulge a revelação
E a verdade verdadeira
Ilumina sua mente:
No seu sonho de semente
Renasce a floresta inteira.
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