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CBMM obteve lucro recorde em 2021, equivalente a 2,13 vezes o seu patrimônio líquido

XXVI RANKING MERCADOCOMUM DE EMPRESAS DE MINAS GERAIS – 2022

CBMM obteve lucro recorde em 2021, equivalente a 2,13 vezes o seu patrimônio líquido

O aumento de 10% no preço do nióbio refletiu no extraodinário lucro da empresa no ano passado

A CBMM – Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração publicou o seu balanço e demonstração de resultados do exercício de 2021 no dia 04 de março último. Em um ano considerado de retomada de produção na siderurgia e de aumento da demanda do setor aeroespacial, a empresa relatou crescimento de 64% na receita líquida operacional em 2021 ante o ano anterior, somando R$ 11,4 bilhões. Com esse excepcional desempenho positivo, o lucro líquido da empresa, que tem sede em Araxá, no Alto Paranaíba, atingiu R$ 4,5 bilhões, equivalente a uma expansão de 78% na mesma base de comparação. O lucro líquido apurado é equivalente a 2,13 vezes o valor do patrimônio líquido da empresa registrado no final de 2020.

Os resultados do ano passado são considerados recordes e foram distribuídos aos acionistas. Dos resultados do ano passado, 25% do lucro líquido da companhia, no valor de R$ 1,5 bilhão, foram repassados para a Codemig, com a qual a CBMM tem uma parceria estabelecida. Esse valor é auditado trimestralmente por auditoria independente contratada pela CODEMIG. Em 2020, o valor repassado foi de R$773,8 milhões

As exportações representaram quase a totalidade das vendas da CBMM e representaram 95,2% do total. O Imposto de Renda pago em decorrência do lucro apurado totalizou R$ 3,218 bilhões.

O desempenho de 2021 pode ser considerado o melhor já alcançado do ponto de vista financeiro da empresa, que desde 1960 atua com a extração de nióbio e a produção de insumos advindos desse tipo de minério, como ressaltou o CEO da empresa, Eduardo Ribeiro. O executivo acrescentou que o ano de 2021 não superou apenas os números do mercado, já que o pico do nióbio ocorreu em 2019, ano anterior à pandemia da Covid-19.

A excelente performance da empresa também está devidamente demonstrada por meio do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da empresa – conhecida por (Lajida) ou Ebitda, que somou R$ 7,6 bilhões no ano passado, valor 47% superior ao registrado em 2020.

A empresa não publica nem conta com auditores externos para a elaboração de pareceres sobre o seu balanço e demonstração de resultados, bem como não divulga o demonstrativo do Valor Adicionado e outras questões mais amplas comuns às empresas de porte similar, cabendo destacar que não está obrigada legalmente a fazê-los.

Fatores

A CBMM atribui os resultados positivos do ano passado, além da questão da retomada e forte crescimento da economia mundial a fatores como o aumento do preço do nióbio, em cerca de 10% em 2021 e os esforços pela descarbonização que pautam a agenda de empresas. O fator surpresa, segundo Eduardo Ribeiro, foi a demanda mais aquecida do que o esperado do mercado de aeronaves, já que o mesmo se manteve com a frota fortemente parada no primeiro ano de pandemia e teve uma recuperação além daquela projetada pela CBMM em seu planejamento.

“O preço do nióbio é determinado pela oferta e demanda. E, no ano passado, foi observado esse aumento. Mas todo esse movimento para diminuir a pegada de carbono e que envolve a geração de energia elétrica limpa ou verde passa pelo armazenamento. Para se utilizar bem a energia elétrica, é preciso armazenar quando não há consumo. O nióbio e os produtos dele têm papel fundamental para o desenvolvimento de baterias cada vez melhores”, afirmou Ribeiro.

Vale ressaltar, porém, que 90% do nióbio e produtos comercializados pela CBMM são destinados à indústria siderúrgica, sendo que os 10% restantes são incorporados às indústrias aeroespaciais, de mobilidade, elétrica e de tecnologia para equipamentos hospitalares.

Produção física e futuro

A CBMM vendeu 85 mil toneladas de nióbio no ano passado. O incremento foi de 17% quando comparado ao exercício anterior. Segundo dados da empresa, a China continua sendo o principal mercado e responsável pela absorção de 40% do volume de vendas e do material produzido. Japão, Coreia do Sul e Índia representaram uma fatia de 22% do mercado, acompanhados pelos países europeus (19%). No somatório, as Américas, principalmente EUA e Brasil, totalizaram 14% do mercado da empresa. Por fim, o Oriente Médio e a África representaram os 5% restantes.

A CBMM almeja, para 2030, que a empresa obtenha o dobro dos resultados de 2021. Para este ano, as expectativas também podem ser consideradas otimistas. “O nosso crescimento em 2022 deve ser de 20% a 30% e o projetamos principalmente na siderurgia, em aço para a construção civil. Produtos na área médica e também espaciais devem ter crescimento. E o que a gente vê é que vamos crescer em todos os segmentos nos próximos anos, mas o que vai crescer mais é em relação às bateria elétricas”, apontou Eduardo Ribeiro.

Pesquisa e tecnologia

Em busca de suprir as necessidades do mercado de baterias, o CEO da CBMM afirmou que, hoje, a empresa está concentrando esforços no desenvolvimento de óxidos e na mistura de nióbio, componentes fundamentais para as baterias elétricas. Neste momento, a empresa segue em fases de testes para avançar na cadeia de suprimentos do mercado de baterias, movimento que, segundo Ribeiro, é uma forma de também agregar mais valor a Minas Gerais. Ele descartou, no entanto, a produção direta de baterias pela empresa.

Para que o mercado possa tornar as baterias cada vez mais seguras, produtivas e rápidas, a empresa investe em startups para a aceleração do desenvolvimento de tecnologias para o equipamento. Em 2021, o volume de vendas de produtos de nióbio destinado ao atendimento ao mercado de baterias foi de 50 toneladas. Já para 2022, a expectativa é que o número seja 10 vezes maior, alcançando 500 toneladas.

A empresa

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é uma empresa privada brasileira de mineração, metalurgia e tecnologia líder mundial em seu campo de atuação, com sede em Araxá, no estado de Minas Gerais, que tem como foco o desenvolvimento de tecnologias e produtos do nióbio. Fundada em 1955, é controlada desde 1965 pela família Moreira Salles, ex-proprietária do antigo conglomerado Unibanco, e principais acionistas individuais do atual Itau-Unibanco. Desde 2011 a companhia tem também participação acionária de investidores chineses (15%) e de um consórcio de empresas japonesas e sul-coreanas (15%).

A família Moreira Salles é acionista majoritária e controladora da CBMM desde 1965. O controle da companhia se dá 30% através do Grupo Moreira Salles e 40% através do family office Brasil Warrant Gestão de Investimentos (BWGI), que pertence integralmente aos quatro irmãos FernandoPedroJoão e Walter, totalizando 70% do controle da CBMM em posse da família.

Em 2011 um consórcio de empresas, privadas e governamentais, do Japão e da Coreia do Sul adquiriram 15% de participação da CBMM. Sendo constituída uma empresa para fins especiais (SPC) sul-coreana com 5%, formada pela POSCO e National Pension Service (NPS). E duas empresas para fins especiais (SPC) japonesas com 10%, formadas pela JFE Steel Corporation (JFE), Nippon Steel Corporation (NSC)Sojitz Corporation (Sojitz) e Japan Oil, Gas and Metals National Corporation (JOGMEC).

Ainda em 2011, um grupo de empresas chinesas formadas pela Citic Group, Anshan Iron & Steel Group Corporation, Baosteel Group Corporation, Shougang Corporation e Taiyuan Iron & Steel Group adquiriram também 15% de participação da CBMM.

A Codemig, empresa estatal mineira que detém um direito mineral de pirocloro em Araxá, recebe 25% do lucro líquido de toda a operação de comercialização do nióbio já industrializado, incluindo 25% do lucro líquido das subsidiárias na Suíça, nos Estados Unidos, nos Países Baixos e em Singapura.

Os produtos de nióbio da CBMM são vendidos para mais de 50 países. A companhia tem a sede administrativa e corporativa de vendas, finanças, tecnologia, comunicação e marketing em São Paulosubsidiárias e escritórios de vendas na região de Pittsburgh (principal centro da siderurgia norte-americana), Amsterdã, Shanghai, Pequim e Singapura, além de centros logísticos e distribuidores na Suécia, Espanha, Itália, Canadá, Índia e Japão. A CBMM também tem uma subsidiária de tecnologia em Genebra, a CBMM Technology Suisse.

A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) participa da exploração do nióbio, por meio da parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). A Codemig e a CBMM são sócias na Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá (Comipa) para lavrar o minério das minas do Barreiro, no município mineiro de Araxá, formada pelos direitos minerários das duas acionistas.

Ambas as empresas (Codemig e CBMM) também são sócias em uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), em que a CBMM é a sócia ostensiva. A Codemig é remunerada na SCP em 25% do resultado gerado na operação da cadeia de valor do nióbio. No âmbito da parceria, a Codemig e a CBMM arrendam suas minas à Comipa, responsável pela extração mineral e por gerenciar as minas. A Comipa vende o minério à CBMM, que industrializa e comercializa o nióbio, repassando à Codemig 25% do lucro líquido obtido.

A parceria da CODEMIG com a CBMM foi iniciada em 1972, confirmada em 2002 – sendo válida até 2032. A Codemge é acionista majoritária da Codemig, usufruindo da participação desta na SCP — a Codemge tem 51% de participação na Codemig, e o Estado de Minas Gerais tem 49%.  Esta parceria, vigente até os dias de hoje, conferiu à CBMM a missão de dar o melhor aproveitamento possível ao minério (pirocloro) oriundo das minas de Araxá, de titularidade da CBMM e da CODEMIG.

O contrato de parceria prevê que a CBMM tenha exclusiva responsabilidade por beneficiar, industrializar e comercializar os produtos de Nióbio, extraído pela COMIPA, em quantidades iguais de minério (pirocloro) lavrados de cada uma das minas da CBMM e da CODEMIG.

O nióbio

Usado principalmente em ligas metálicas e em aços especiais, o nióbio confere aos compostos importantes propriedades, permitindo seu emprego na fabricação de turbinas de aeronaves, automóveis, de tubulações de gás sob alta pressão, placas para plataformas marítimas, pontes, viadutos e edifícios.

Outras aplicações incluem a fabricação de vidros e de cerâmicas especiais, usadas em receptores de televisão e outros equipamentos; a produção de catalisadores químicos; usos em aparelhos de medicina diagnóstica, e até mesmo em aceleradores de partículas de alta energia. Novas ligas e compostos que utilizam o nióbio seguem sendo desenvolvidas, o que deve ampliar o leque de aplicações do elemento e aumentar a demanda por sua extração.

O nióbio produzido em Araxá responde, aproximadamente, por 75% de toda a produção mundial – são cerca de 70 mil toneladas/ano de ferronióbio, principal liga do metal. Mantidos os ritmos atuais de produção, as reservas minerais serão suficientes por mais de cem anos.

 

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