*Por Inimá Souza
Falar de vinho brasileiro não é tão fácil quanto deveria ser. A ausência de dados atualizados sobre o mercado representa um constante desafio. E expõe, por outro lado, a nossa ainda incipiente cultura vinícola, explicável pelo fato de sermos parte de um novíssimo universo do vinho, em relação ao continente europeu.
Mas, estamos avançando e podemos fazê-lo a passos mais largos se todos os agentes envolvidos no segmento, da produção à comercialização, sistematizarem ações mostrando que o vinho não é essa bebida elitizada e de alta complexidade que, em muitos espaços, é mostrado.
Não é, contudo, uma bebida simples, banal; ao contrário, é um produto especial,rico culturalmente, carregado de valores e histórias e, como tal, deve ser avaliado, especialmente na taça.
CENÁRIO
Em 2019, o cenário vinícola ficou mais pobre com o fim do IBRAVIN, o Instituto Brasileiro do Vinho, depois de 21 anos de atuação na representação do vinho nacional.
Deve-se a ele, enquanto entidade máxima do setor, a boa imagem do vinho brasileiro; no mercado interno, através do projeto Vinhos do Brasil, com ações voltadas para a ampliação de comercialização e ganhos de imagem; externamente,com o projeto Wines of Brasil, direcionado à conquista de mercados externos.
A UVIBRA, União Brasileira de Vitivinicultura, ajusta-se para assumir algumas das atribuições que detinha o desaparecido Ibravin.
MERCADO I
O mercado manteve-se estável no primeiro semestre de 2019, em relação ao mesmo período de 2018, segundo os dados conhecidos, mas, no cômputo final o ano confirmou a tendência de crescimento no consumo, dentro das projeções gerais acima de 15%, feitas pelos principais agentes ligados à pesquisa vinícola.
Notadamente dois produtos se beneficiaram, no geral, desse crescimento, vinhos rosés e espumantes, cujo consumo saltou de 2,1%, em 2015, para 5,1%, em 2019, conforme o Ideal Consulting.
O crescimento do consumo, mais que tendência, precisa ser considerado pelas políticas do segmento como meta a ser atingida, posto que se tem à mão, aqui,um mercado economicamente ativo com mais de 70 milhões de pessoas.
MERCADO II
Novos rótulos são, sempre, fator importante para o crescimento do mercado consumidor, bastante atento e curioso em relação à diversidade de perfis da bebida. A Miolo, por exemplo, lançou, com grande sucesso e ampliando a extensa variedade de espumantes brasileiros, o espumante Almadén, ao mesmo tempo que o seu vinho Miolo Seleção Rosé era escolhido o melhor do mundo, no top ten Wine & Food Festival.
Outro exemplo de lançamento na linha de grandes rótulos,o vinho ERA, da Casa Valduga, um Chardonnay, elaborado só em safras especiais e produção limitada, enquanto o seu espumante Valduga 130 Rosé, naquele evento, era escolhido o melhor espumante brasileiro. Adotou, ainda, novos e elegantes rótulos na linha Naturelle.
A evolução do mercado, em 2019, fortaleceu a presença de cepas menos conhecidas, como Ancellotta, Alicante Bouschet, Marselan, Teroldego, Petit Verdot, todas tintas e as brancas, Riesling Itálico, Moscato, Malvasia, Viognier e Chenin.
As exportações de vinhos, em 2019, fizeram a alegria dos produtores brasileiros. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, para o primeiro semestre do ano, espelham o crescimento das vendas para o exterior ao longo do exercício. Foram exportados 3,1 milhões de litros de vinhos tranquilos e espumantes, o que representa elevação de 95,785, em comparação com 2018. O espumante lidera as exportações.
REGIÕES
Com terroir propício à produção de vinhos finos, Minas Gerais conserva a condição de 7ª produção nacional, com vinhos reconhecidos em concursos no Brasil e no exterior. O foco não se restringe a apenas Syrah e Sauvignon Blanc, mas, agora, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Pinot Noir. A produção projetada para o ano foi de 1 milhão de garrafas, o dobro do produzido em 2018, de acordo com a EPAMIG.
Na Serra Gaúcha, maior região produtora, o Vale dos Vinhedos -coração da produção de vinhos finos, ampliou a sua projeção como 1ª região vinícola brasileira com Denominação de Origem. As demais áreas vinícolas, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Vale do São Francisco, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso, mantiveram o seu viés de crescimento, especialmente qualitativo.
ESPUMANTE
O espumante é um capítulo à parte no panorama, vinícola brasileiro. A liderança nas exportações (China, Estados Unidos, Chile, Japão, Cingapura, são os principais mercados), em 2019, assim como nos demais anos, é o reflexo de sua indiscutível qualidade, que sobrepuja, em muito, os rótulos concorrentes de diversos outros países produtores.
Infelizmente, o brasileiro teima em valorizar o espumante importado; de pior qualidade, mas, importado. É o conhecido complexo de cachorro vira-latas; compra-se o importado não que seja melhor, e sim porque é importado.
Enquanto isto, o produtor brasileiro esmera-se em elaborar um espumante que, sobre ser referência – safra após safra -, da vinicultura nacional, acumula, mundo afora, as maiores premiações internacionais.
Tim, tim.
- Brasil pagou R$ 746,9 bilhões de juros sobre a dívida pública consolidada nos últimos…
Mesmo podendo conquistar a 8ª posição no ranking das maiores economias neste ano, o PIB…
Sergio Augusto Carvalho O Mundial do Queijo do Brasil realizado mês passado em São Paulo…
Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Crediminas, João Batista Bartoli de Noronha Instituição teve…
Enóloga Marta Maia apresentou as vinícolas de Portugal Novidade foi divulgada durante eventos em Belo…
Maior fabricante de genéricos injetáveis do Brasil completa 40 anos de atividades neste mês e…