País fica em 71ª posição no ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC)
Destaques no ranking:
O Brasil avançou uma posição no ranking de competitividade mundial, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O país ocupa agora a 71ª colocação no ranking anual que avalia 141 países. Ao todo foram analisadas 103 variáveis agrupadas em 12 pilares que representam quatro fatores: ambiente favorável, capital humano, mercado e ecossistema inovador.
Em um ano com poucas movimentações no topo do ranking, Singapura chega ao primeiro lugar superando os EUA (2º), seguidos por Hong Kong, Holanda, Suíça e Japão. Entre os sete primeiro colocados a diferença no “score de competitividade” é de apenas 3 pontos, enquanto a diferença do primeiro colocado (Singapura) para o primeiro latino-americano (Chile no 33º) é de 14,5 pontos. A diferença deste com o último colocado, Chad (141º), é de quase 50 pontos.
A análise do ranking sugere uma tendência à concentração da competitividade em poucos países. Já a análise dos relatórios dos últimos três anos aponta para um aumento da distância entre os países mais e menos competitivos do ranking.
Segundo o Professor Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, os dados demonstram uma crescente preocupação com a produtividade mundial, cujas taxas vem decrescendo desde a crise de 2008. “De maneira geral, os resultados apontam para frustração nos avanços sociais e ambientais, tendo em vista os objetivos sustentáveis do milênio da agenda 2020.”, afirma. Em muitos dos países pesquisados há uma piora em diversos indicadores sociais importantes como o desemprego e desigualdade social. “No Brasil, por exemplo, a mobilidade social demora, em média, 9 gerações para acontecer, enquanto que em países como a Dinamarca e no Chile, esse número é de 2 ou 6 gerações, respectivamente.”, observa o Professor Carlos Arruda.
A Europa e a América do Norte ocupam a quase totalidade das primeiras posições do relatório. Vinte países europeus e dois norte-americanos aparecem entre os mais competitivos do mundo – dando espaço apenas para sete países asiáticos, quatro do oriente médio, dois da Oceania e um latino-americano (Chile) – com mais de 70 pontos no score de competitividade (36 países). Países africanos, assim como do leste europeu e a quase totalidade dos latino-americanos, por sua vez, ficam abaixo dos 70 pontos, reforçando a tese de concentração competitiva e aumento das desigualdades das condições de vida entre as diferentes regiões com possíveis ameaças e desequilíbrio sociais.
O histórico do relatório demonstra que, se por um lado, há uma tendência dos países asiáticos ganharem posições, os países latino-americanos vêm perdendo colocações continuamente. Enquanto cinco dos dez países asiáticos mais competitivos avançaram no ranking, entre os latino-americanos apenas a Colômbia e Brasil tiveram pequenos avanços. Entre os asiáticos, por outro lado, a surpresa foi o não crescimento da China que se manteve na 28ª posição se destacando, no entanto, entre os países mais competitivos do mundo nos indicadores de tecnologia e inovação (18º no pilar adoção tecnológica e 24º no pilar de capacidade de inovação), além dos indicadores relacionados ao tamanho do mercado.
Entre os latino-americanos, o Chile (33º) se mantém na liderança regional, seguido pelo México (46º) e Uruguai (54º). Ambos perderam posições nesse ano. Todos os demais países latino-americanos, com exceção do Brasil e da Colômbia, tiveram retrocessos competitivos no ano. A maior perda foi da Venezuela, que caiu seis posições, ficando agora no 133º lugar entre os 141 países pesquisados. A Colômbia, por outro lado, conseguiu recuperar, em 2019, as três posições perdidas em 2018.
Competitividade brasileira: país apresenta processo lento de recuperação
Figura 3: A posição do Brasil nos rankings de competitividade do Global Competitiveness Report 2006-2019.
O Brasil está em um processo lento de recuperação da sua competitividade. Depois de ter alcançado seu ápice no ranking em 2012 – turbinado pelo preço das commodities e os generosos gastos públicos – o país sofreu nos anos seguintes uma queda livre em praticamente todos os indicadores de competitividade. Perdeu, neste período, em competitividade absoluta e relativa, chegando a sua pior posição no ranking em 2016. Em 2017, dada a mudança da metodologia do relatório, maior controle dos gastos públicos e expectativas de mudanças futuras, o país iniciou um novo ciclo de crescimento que, entretanto, não teve continuidade em 2018. Já em 2019, o avanço de uma posição se deu pelo ganho de 1,4 pontos no score de competitividade. Nota-se que outros países com menor crescimento no score avançaram mais posições (o Cazaquistão, por exemplo, avançou 4 posições com crescimento dos mesmos 1,1 pontos) isto se deve ao aspecto comparativo do relatório. A posição de cada país no ranking depende de seu score, mas também dos países próximos a eles no ranking. No caso brasileiro, seus 60,9 pontos o deixam muito próximo de países como Sérvia, Jordânia, Arménia e Índia. Avanços significativos no ranking exigem avanços significativos em diversos indicadores e consequentemente no score geral. Em 2019, por exemplo, se o Brasil tivesse avançado dois pontos no score (0,6 acima do que foi conquistado) poderia ter avançado cinco colocações e ocupado a 67ª posição (atualmente ocupada pelo Vietnã).
Fatores: os doze pilares agrupados em quatro grupos fundamentais
Ambiente favorável
No fator denominado de ambiente favorável são incluídos quatro pilares: instituições, infraestrutura, adoção de sistemas de tecnologia da informação (TICs) e estabilidade macroeconômica. Este fator avalia a capacidade dos países de criar condições favoráveis e sustentáveis para a atividade empresarial. Nesse fator, o Brasil perdeu posições em 17 dos 46 indicadores analisados, ganhou posições em 15, e manteve sua colocação em 5, havendo ainda nove novos indicadores que foram incluídos no relatório este ano.
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