Em reunião de política monetária realizada no dia 26 de outubro, o Copom manteve a sua taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. A decisão veio em linha com a expectativa predominante nos mercados. Diferentemente da reunião anterior, desta vez a decisão foi unânime.
O comunicado da decisão mostrou que a avaliação do Copom sobre as conjunturas internacional e doméstica pouco se alterou. A autoridade avalia que o “ambiente externo mantém-se adverso e volátil”, embora note um aumento no aperto das condições financeiras e ressalte a preocupação com “a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados”, numa clara alusão à repercussão negativa do mini-pacote fiscal britânico, notando que “ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes”. A autoridade notou, ainda, um “ritmo mais moderado de crescimento” doméstico; e que a “inflação ao consumidor (…) continua elevada”, com a queda recente sendo “concentrada nos itens voláteis e afetados por medidas tributárias”.
As projeções oficiais de inflação sofreram alguns ajustes. A projeção para a alta do IPCA em 2022, no cenário de referência, permaneceu em 5,8%. A projeção para 2023, no entanto, avançou de 4,6% para 4,8%. Já para 2024, a projeção elevou-se de 2,8% para 2,9%. O Copom reiterou que continua a dar “ênfase” em suas decisões ao horizonte inflacionário de 18 meses à frente, passando a informar sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o segundo trimestre de 2024 – que está em 3,2%, não muito distante, portanto, do centro das metas para 2023 (3,25%) e 2024 (3%), que já passam a ter pesos equivalentes nas decisões de política monetária.
Em relação ao balanço de riscos, o Copom manteve o balanço apresentado em sua reunião anterior. No trecho prospectivo do comunicado, o Copom reforçou seu comprometimento de que “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. Para tanto, a autoridade afirmou que “se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
A fim de reforçar esta mensagem, o Copom continuou a enfatizar “que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
A LCA Consultores Econômicos espera a manutenção da taxa nas próximas reuniões. Avalia que este período “suficientemente prolongado” se estenderá até meados do ano que vem – quando a Selic deverá começar a ser cautelosamente reduzida. Mas o timing da flexibilização da política monetária doméstica dependerá de diversas condicionantes externas e internas, em particular do grau de sucesso do próximo governo em resgatar a confiança dos agentes na condução da política econômica e no reequilíbrio das contas públicas.
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Selic mantida em 13,75% ao ano