“Something is rotten em the state of Denmark”, escreveu William Shakespeare, há mais de 400 anos, ao final do IV quadro do I ato de sua famosa peça “Hamlet”, traduzida em quase todas as línguas e levada ao cinema em 1948 por Laurençe Olivier.
Shakespeare mostrava que a Dinamarca era um reino podre, com traições, assassinatos de toda ordem, envolvendo a família real.
Hoje, a Dinamarca não tem nada de podre. Pelo contrário, é um país próspero, com um alto padrão de vida, considerada um lugar ideal para se viver e trabalhar, com um povo feliz, alheio à crise que assola a zona do Euro. A Dinamarca não tem problemas de desemprego, de criminalidade, nem falta assistência à saúde, à educação. É um oásis de prosperidade neste mundo conturbado em que vivemos.
Estou dizendo tudo isso para chamar a atenção do nosso leitor para o fato de que, nessas capitanias hereditárias que hoje denominamos Brasil, não existe apenas algo de podre. A podridão campeia por toda parte. Na democracia brasileira há algo exatamente contrário ao que existe no reino na Dinamarca.
Se os órgãos da imprensa livre destas capitanias continuarem a descobrir o que de podre existe no poder público, pode não ficar um ministro para contar a História. Onde quer que a imprensa vá vascular, algo de podre encontrará, certamente.
E onde se encontra a origem desta podridão que assola todo o país? Se formos verificar como funciona a democracia brasileira, verificaremos que a Constituição afirma que todo o poder emana do povo e em deu nome será exercido.
Mas, na verdade, o que existe é que o poder no Brasil não emana do povo e muito menos é exercido em seu nome. O poder político no Brasil emana principalmente do poder econômico e é exercido quase sempre em nome das classes dominantes.
Como ocorreu com os seus antecessores, a presidente Dilma Rousseff foi eleita por uma coligação de partidos que dava sustentação ao governo Lula, tendo como sustentação um poderoso aparato financeiro.
E, assim que ficou conhecido o resultado das eleições, ela iniciou entendimentos com os partidos e, como de costume, loteou o governo. Isto mesmo, loteou o governo entre os partidos que a elegeram, de acordo com a representatividade que têm no Congresso Nacional.
Este loteamento fez com que cada partido com representação no Congresso Nacional tivesse uma fatia do poder. E esta fatia representa o faturamento do partido e o apoio dos congressistas ao governo.
Como o custo das eleições parlamentares no Brasil é muito alto, cada partido, ao perseguir o poder, busca invariavelmente se locupletar dos recursos públicos para fazer caixa nas disputas eleitorais.
Esta prática sempre ocorreu no Brasil e intensificou-se no governo Lula, com o mensalão, mecanismo de corrupção que o governo utilizou para dar dinheiro aos congressistas em troca de apoio parlamentar, além da divisão do poder entre os partidos aliados.
Os partidos, ao reivindicarem ministérios, empresas públicas, autarquias, miram sempre o seu faturamento e buscam ter o controle total da instituição ou dos postos- chave, aqueles postos em que os seus ocupantes manipulam o dinheiro público, para poder fazer desvios escusos. O mais comum, como acontece com o Ministério dos Esportes, são os convênios com ONGS, ou seja, organizações não governamental que de não governamentais só têm o nome e vivem à custa de dinheiro público para encher as algibeiras dos seus donos.
Os ministros que caíram só caíram após a imprensa descobrir e noticiar as falcatruas em que se viram envolvidos. Como se vê, tudo isto se resume em corrupção, corrupção, mais corrupção.
O primeiro a cair foi Antônio Palocci, já envolvido, no governo Lula em muitos escândalos. E, em poucos meses, no governo Dilma, conseguiu amealhar R$ 20 milhões para o seu patrimônio, usando o cargo de chefe do gabinete civil da presidência da República.
Wagner Rossi foi obrigado a deixar o Ministério da Fazenda ao ser acusado de receber favores e viajar em aviões de uma empresa que obteve autorização do governo para fabricar vacina contra a febre aftosa.
O caso Alfredo Nascimento foi ainda mais escabroso, após ter o jornal O Globo publicado reportagem mostrando o crescimento vertiginoso do patrimônio do seu filho, além de ter sido acusado de usar o dinheiro público para aliciar deputados para o partido dele, o PR.
Pedro Novais, do Turismo, saiu porque a sua pasta fazia contratos com ONGs pela utilização de passagens aéreas, por uso de atestados falsos e uma série de outras falcatruas.
O único ministro demitido sem ser acusado de praticar falcatruas foi Nelson Jobim, que caiu na besteira de dizer que não havia votado em Dilma Roussef para a presidência da República. Por isso, a sua posição no ministério ficou insustentável.
Dilma trocou cinco ministros, mas o esquema de corrupção continua o mesmo e tudo pode “continuar como dantes no quartel de Abrantes”.
Como se vê, mudam-se ministros, mas os vícios continuam e os mesmos partidos continuam a se locupletar do dinheiro público.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Donec nec mauris interdum, suscipit turpis eget, porta velit. Praesent dignissim sollicitudin mauris a accumsan. Integer laoreet metus