Em tempos de crises como a pandemia global em que vivemos, as soluções desenvolvidas pelas cidades inteligentes, seus agentes e especialistas de todo o mundo precisam ser compartilhadas cada vez mais. Resiliência, digitalização, acesso a dados e conexões emocionais são alguns dos tópicos que fazem com que uma cidade seja considerada ?smart?.
?O papel do ecossistema de inovação, e da relação entre governança e iniciativa privada, é fomentar essa troca de experiências nos âmbitos da cidadania, tecnologia, meio ambiente e soluções para o bem-estar e a saúde coletivas?, enfatiza Beto Marcelino, sócio diretor do iCities, empresa que realiza anualmente a edição brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo Curitiba.
Para auxiliar nesse compartilhamento de iniciativas, o iCities reúne a seguir algumas ideias que podem ser colocadas em prática a médio prazo.
Fugindo do conceito de que inovação esteja ligada estritamente à tecnologia, Marcos Batista, diretor de inovação do Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP), defende soluções à brasileira. “Nossas cidades serão conhecidas pelo tamanho, pelos problemas que resolvem, transformações que promovem e esperanças que recuperam. Inovação é criar um propósito bem definido e uma conexão emocional. Isso pode ocorrer, por exemplo, ao se elaborar uma identidade (por meio do branding) e uma missão para o município, como é o caso dos destinos turísticos”, explica Batista.
A comunicação entre o poder público e os cidadãos amplia o engajamento popular em projetos colaborativos. “Cidades que oferecem seus serviços de forma esporádica estão fadadas a morrer. Com a transformação digital e a tecnologia surgem outras interações, como responder aos desejos das pessoas com velocidade, flexibilidade e precisão. Outras formas de inovar passam por oferecer serviços de curadoria e o coach comportamental, que vão mais na linha de incentivar e engajar cidadãos em ações”, resume.
Especialista na transformação de líderes e de organizações com base na convergência de estratégia, tecnologia e venture capital, Francisco Milagres considera que o acesso às redes de dados e privacidade traz grandes desafios e oportunidades. “O desafio é preparar e treinar as pessoas para que consigam ter acesso a esses dados e desenvolver inteligência e informação. Por outro lado, é preciso que governos e empresas também saibam como tabular e disponibilizar estes dados de forma ética e eficiente”, aponta o consultor, que é embaixador da plataforma OpenExO (consultoria de gerenciamento, um ecossistema de transformação global que conecta profissionais e ajuda instituições de todo o mundo a transformar suas realidades).
Além da questão de acesso a dados, os especialistas concordam sobre como a tecnologia pode ajudar em momentos de crise, quando líderes a colocam em prática em áreas fundamentais como a produção alimentar. “É preciso entender que quando falamos em sensores, internet das coisas, drones, isso também é aplicável ao campo, de forma a aumentar a produtividade de nossa cadeia alimentar. Hoje se fala muito em fazendas verticais, que aproximam o produtor das cidades e reduzem os impactos logísticos desse negócio”, pontua Milagres.
Depois da quarentena e do isolamento social promovidos pela crise no novo Coronavírus, as relações de trabalho não serão mais as mesmas: a digitalização é imprescindível e imperativa para pessoas e empresas. Essa é a análise do espanhol Josep Piqué, presidente da TechNova Barcelona e um dos idealizadores do 22@Barcelona, distrito de inovação que virou case mundial de transformação urbana.
A digitalização é fundamental para que cidades sejam mais inteligentes e resilientes, principalmente em momentos de crises como a que estamos vivendo. A vida pós Covid-19 é muito mais smart?, ressalta. Para Piqué, os ecossistemas de inovação existentes pelo mundo precisam se articular através do compartilhamento de uma agenda de desafios, no qual cada agente – governo, empresas, academia – trata de uma demanda específica. ?Os desafios podem ser sanitários, econômicos, sociais, urbanos. O ecossistema toma sentido quando compartilha os desafios entre si. Isso nos ajuda a entender quem faz o quê, porque ninguém pode fazer tudo?, endossa o especialista.
Quando se fala em cidades inteligentes, há quem pense que se trata de uma ideia futurista e de promessas que não saem do papel. Mas a pesquisadora Ana Carolina Benelli, consultora do Instituto de Tecnologia e Sociedade, mostra o contrário: o futurismo é agora. ?Há uma série de projetos que representam o conceito de cidades integradas, tecnológicas e resilientes. De hortas comunitárias a modelos de gestão da informação nos setores públicos, é possível fazer com que os projetos atendam as expectativas dos cidadãos, indo além da prestação de contas. Temos que partir para o empoderamento de grupos da sociedade para tomada de decisões e formulações de políticas públicas?, defende.
Segundo ela, o melhor exemplo sobre o engajamento cívico e protagonismo cidadão será visto em nossas comunidades após a pandemia da Covid-19. ?A governança de como tratamos essa situação é o que fará a diferença. Como vamos usar esses aprendizados para lidar com uma próxima emergência? Como internalizar essas informações que estamos recebendo e transformar num conhecimento útil para a criação de políticas públicas, melhorias e ações de desenvolvimento territorial no nosso próprio bairro? Isso é o que torna uma cidade inteligente.”
O Smart City Expo Curitiba 2020 é chancelado pela FIRA Barcelona, consórcio público espanhol formado pela Prefeitura de Barcelona, Governo da Catalunha e Câmara de Comércio de Barcelona, e que é o organizador do Smart City Expo World Congress, maior evento sobre cidades inteligentes do mundo. No Brasil, o evento é organizado pelo iCities, empresa curitibana especializada em soluções inteligentes, e tem o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba.
O tema do evento, que será sediado no Centro de Eventos Positivo (antigo Expo Barigui) é ?Smart Cities in Action?. O evento foi adiado, com reservas de datas para novembro e dezembro. Os ingressos continuarão válidos até a próxima data. iCities, Fira Barcelona e a Prefeitura de Curitiba mantém um estreito contato com as autoridades sanitárias para acompanhar a evolução do COVID- 19 e dos protocolos estabelecidos, de acordo com as diretrizes das autoridades brasileiras e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O iCities foi fundado em 2011 com a visão de que as cidades devem ter papel muito mais proativo no desenvolvimento da sociedade. Dentre os projetos de maior relevância da empresa estão a vinda e organização do maior congresso do tema de smart cities de Barcelona para Curitiba – o Smart City Expo Curitiba. O iCities também trabalha com consultoria para projetos de smart city para municípios de todo o país.
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