Poupança ainda é o investimento mais usado pelo brasileiro
Conrado Navarro*
Criada em 1861 por Dom Pedro II, a caderneta de poupança é a aplicação preferida dos brasileiros há muito tempo, mas isso vem mudando. Será que faz sentido guardar dinheiro na poupança em pleno ano de 2021? Boa pergunta.
De acordo com Raio X do Investidor, edição 2020, compilado pela Anbima, a poupança se mantém como o produto preferido dos investidores, mas vem perdendo participação: 84% deixaram os recursos na caderneta em 2019, enquanto 88% optaram pelo produto em 2018.
E as demais aplicações e opções de investimento? A distância para a poupança é gritante. Na sequência, aparecem os fundos de investimento (6%), seguidos dos títulos privados (5%), dos planos de previdência (5%), títulos públicos (4%) e ações (3%).
A bolsa de valores vem ganhando adeptos, principalmente depois da queda da Selic, é um investimento conhecido de muita gente, mas que, na prática, atrai poucos brasileiros. Considerando o nível médio de renda do brasileiro e nossa situação econômica, somos um país conservador.
A boa notícia é que o brasileiro vem aprendendo mais sobre educação financeira, o que significa que também aprendeu a guardar mais dinheiro. Em 2019, menos da metade dos brasileiros (44%) tinha algum saldo aplicado em produtos de investimento em 2019, algo em torno de 42 milhões de pessoas.
Esse número é maior do que o verificado em 2018, quando 42% aplicavam em produtos de investimento. Se estamos aprendendo a guardar, vale também reforçar a concorrência e as novas opções de aplicação como outra conquista relevante. As fintechs, por exemplo, vieram para ficar!
A poupança é popular, mas está longe de ser a melhor alternativa de investimento conservador: ela rende, ao ano, 70% da Selic e, mesmo com liquidez imediata, o dinheiro precisa “fazer aniversário” (ficarem 30 dias aplicados) para que os rendimentos sejam efetivamente adicionados ao principal.
Há quem defenda que a comodidade é a principal vantagem da poupança. Ela é fácil de usar, está disponível e toda instituição financeira a oferece. É verdade, mas as fintechs já oferecem facilidades, experiência de uso e funcionalidades que satisfazem estas expectativas entregando mais rentabilidade.
Mas e o investimento mínimo para começar em outras aplicações melhores que a poupança? A resposta para esta pergunta também não é mais um problema. Aplicações a partir de R$ 1 são realidade no universo das fintechs, com retorno melhor que o da velha caderneta.
Por fim, é comum notar muitos brasileiros apontando a segurança como um fator chave para não tirar o dinheiro da poupança. Sim, o dinheiro aplicado nela tem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 250 mil por CPF, por instituição (até o máximo de R$ 1 milhão), mas outras opções também têm ou são ainda mais seguras.
Mais seguras? Sim, como é o caso dos títulos públicos. Quem tem parte de seu patrimônio em títulos emitidos pelo governo federal, financia o crescimento do país – e nunca demos calote na dívida interna. O Tesouro Nacional representa nossa economia como um todo e o governo não honrar sua dívida pública seria uma catástrofe (o mercado não trabalha com esse cenário).
As provocações no texto de hoje têm como objetivo mostrar que é possível ter mais rentabilidade, com igual ou mais segurança, experimentando novas aplicações e produtos financeiros oferecidos por fintechs e outras instituições. O clichê “saia da sua Zona de Conforto” também se aplica aos investidores.
*Sócio e especialista em finanças pessoais na fintech Grão
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