Ricardo Granados*
O avanço da tecnologia no setor financeiro do Brasil é impressionante. Em pouco mais de vinte anos, saímos de um patamar que via o chip em cartão de crédito como uma inovação sem precedentes e chegamos a discussões sobre o uso de pagamentos invisíveis e seu crescimento num país que tem mais smartphones do que pessoas.
Se as mudanças pareceram aceleradas para os cidadãos, elas tiveram a velocidade da luz para as empresas que atuam nesse segmento. Um mercado tradicionalmente estável e dominado por corporações gigantes se viu tendo que dividir parte de seus negócios com empresas recém-criadas, totalmente orientadas à tecnologia à excelência. Em números, as fintechs foram responsáveis por 35,6% de todo o capital investido por fundos de venture capital em startups brasileiras no ano passado – o que significa, em termos práticos, US$ 910 milhões, de acordo com estimativas do Distrito.
Com um novo modus operandi de trabalho, o setor também assistiu de perto a criação de novas leis e normas, criadas para garantir a segurança dos usuários e, de certa forma, amparar em termos legais a disrupção. O Open Banking foi um exemplo disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tem parte de seu conteúdo atrelado a isso e, agora, a regulamentação do PIX completa esse cenário. Mas afinal, do que se trata? E o que vem pela frente, a partir dele?
Em termos gerais, o PIX é um formato de transferência instantânea que deve eliminar por completo os conhecidos “DOC” e “TED”. Disponível sete dias por semana, sem tarifas entre instituições financeiras e eliminando a burocracia existente no processo de transferência de fundos – número da agência, do banco, CPF, entre outros – o novo formato deve ganhar rápida adesão e diversificar ainda mais a indústria financeira no país. As consequências são positivas em vários níveis: oportunidade de inclusão financeira para a população não-bancarizada, maior competitividade da indústria e eficiência dos serviços no país.
Muito mais do que uma fonte de receita para o mercado financeiro, esse recurso facilita as transações peer-to-peer, tornando-se um importante e econômico meio para alavancar e reter clientes. Ou seja, realizar transferências em tempo real, sem dinheiro físico, pode se tornar um diferencial importante para que companhias aumentem de forma significativa o volume de compras realizadas por cliente – uma situação bastante atrativa considerando o atual cenário de pandemia e a necessidade do varejo físico se readaptar aos novos hábitos de consumidores que pretendem adquirir o que precisam cada vez mais rápido.
Olhando um horizonte mais amplo, o PIX pode possibilitar o surgimento e a popularização de outras soluções digitais de pagamento, acirrando cada vez mais a disputa entre companhias de tecnologia, grandes bancos e fintechs. O atual parque de smartphones no Brasil (cerca de 225 milhões de aparelhos) é um grande atrativo para o crescimento delas e de outras que deem ao cliente a melhor experiência de uso, como as wallets, por exemplo.
É claro que a popularização dessas tecnologias não vem sem desafios. Fatores como o forte investimento em infraestrutura/conectividade/aceitação (hoje presente somente nos grandes centros urbanos), reduzir a desconfiança dos usuários e pôr fim à mudança cultural (acelerada na pandemia com a suspeita de contaminação pelo uso de dinheiro físico) são algumas barreiras que empresas do setor devem ter de superar nos próximos anos.
O desafio vale a pena: pesquisas mostram que o dinheiro físico tende a desaparecer completamente do mercado em dez anos. Além dele, outras formas de pagamento devem ter seu volume reduzido ao longo do tempo: os populares boletos devem reduzir sua circulação em breve, pois além de apresentarem custos mais elevados, não fornecem aos usuários a melhor experiência de uso. A aquisição e retenção de clientes estará cada vez mais focada na experiência fornecida pelas empresas.
Pesquisas já apontam que o dinheiro físico deve desaparecer nos próximos dez anos. É necessário estar atento: o avanço da tecnologia no setor financeiro do Brasil corre a passos largos e aproveitar todas as oportunidades que o país oferece é a chave para que tenhamos um setor cada vez mais democrático.
*Head da Minsait Payments no Brasil
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