PIB fraco contém juros

Por: Fernando Soares Rodrigues

 

As previsões de crescimento econômico modesto em 2013, próximo de 2%, e da repetição desse percentual na expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 complicam a missão de combate à inflação do Banco Central (BC) e as análises de investimentos no mercado financeiro.

Não se pode mais apostar tanto no recurso à alta dos juros básicos da economia, a taxa Selic, para conter a escalada de valorização do dólar frente ao real, fator dos mais importantes para que o BC consiga manter a inflação anualizada abaixo dos 6%. A reação do mercado foi rápida após o fraco desempenho da economia no terceiro trimestre de 2013, queda de 0,5%. No primeiro boletim Focus de dezembro passado, as principais instituições do mercado reduziram a projeção da inflação de 2013 para 5,7%, ao mesmo tempo em que mantiveram em 10,50% ao ano a meta da taxa Selic para o final de 2014.

Se não apostam na volta do descontrole inflacionário, as instituições consultadas pelo BC não acreditam em avanços no combate à alta generalizada dos preços. Eles apostam que a inflação deverá encerrar 2014 em patamar anualizado próximo dos 6%. Sem outras opções, o investidor que não quer se arriscar no mercado acionário ou em imóveis que subiram excessivamente nos últimos oito anos pode proteger seu dinheiro por meio das aplicações em fundos DI, os que acompanham a alta dos juros, ou em papéis e títulos públicos pós-fixados ou corrigidos pela inflação.

 

Tendência

Ao final de novembro passado, o ranking de rentabilidade e captações dos fundos de investimentos financeiros já revelava essa tendência. No período, os fundos que mais captaram recursos foram os de curto prazo e o referenciado DI. Esses dois fundos ofereceram em novembro 0,73% e 0,71% brutos. Conseguiram ganhos superiores aos das cadernetas de poupança, os investidores que negociaram taxas de administração anuais mais baixas, inferiores a 1% ao ano nesses fundos. Muitos deles acabam oferecendo na realidade remuneração inferior aos 0,5% líquidos ao mês mais TR das cadernetas, após a dedução dos percentuais elevados de IR sobre a rentabilidade e a incidência da tributação sob a forma de “come cotas” de seis em seis meses.

O BC já demonstrou estar ciente das limitações ao recurso da alta dos juros para conter a escalada de valorização do dólar. Alexandre Tombini, presidente da autoridade monetária, revelou logo após a divulgação pelo IBGE do PIB negativo do terceiro trimestre, que com alguns ajustes, o BC estenderá o programa de hedge cambial previsto anteriormente para acabar no final de 2013. Em 2014, o BC continuará então a ofertar dólar em larga escala no mercado futuro para tentar administrar a taxa cambial próxima entre R$ 2,30 e R$ 2,40. A alta do dólar – 13,9% no acumulado do ano – até dia 6 de dezembro – não ajuda a balança comercial. As previsões do mercado quanto ao superávit da balança comercial recuaram para US$ 1,25 bilhão em 2013 e US$ 7,45 bilhões em 2014.

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