O Índice de Atividade (IBC-Br) subiu 4,5% em 2021, após uma queda de 4,05% em 2020, ano do início da pandemia, informou o Banco Central (BC) no dia 11 de fevereiro último. Para este ano, no entanto, o BC e economistas do mercado preveem desaceleração em cenário de alta de juros, incertezas sobre as eleições e novas variantes da covid-19.
Uma espécie de “prévia do BC para o Produto Interno Bruto (PIB)”, o IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia. De responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do ano passado será divulgado em 4 de março – a projeção atual do BC é de crescimento de 4,4%.
Os resultados do IBC-Br nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do IBGE. O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).
A alta do IBC-Br em 2021 superou a projeção de 4,30% da pesquisa do Projeções Broadcast, cujas estimativas iam de 4,20% a 4,70%.
Altos e baixos
Após o baque provocado pela pandemia, a atividade econômica teve altos e baixos em 2021. Nos primeiros meses, a segunda onda de covid-19 prejudicou principalmente o setor de serviços, mas o agronegócio permitiu bons resultados, beneficiado pela alta das commodities (produtos básicos, como grãos) e do dólar.
Depois, o avanço da vacinação possibilitou a retomada dos serviços, mas, na segunda metade do ano, a atividade perdeu força com a escalada da inflação e os problemas de insumos na indústria.
Em dezembro, o IBC-Br teve a segunda alta consecutiva, de 0,33%, na série já livre de influências sazonais. Em novembro, o aumento havia sido de 0,51% (dado revisado ontem). De novembro para dezembro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 139,27 pontos para 139,73 pontos na série dessazonalizada. Este é o maior nível desde fevereiro passado (141,05 pontos).
O resultado veio abaixo das estimativas do mercado financeiro, em sua maioria positiva em 0,60%, na pesquisa Projeções Broadcast, mas ficou dentro do intervalo das previsões, que iam de alta de 0,10% a avanço de 0,90%.
Projeção para 2022
Para este ano, o BC projeta crescimento de 1% para o PIB, com desaceleração da atividade por conta de “surpresas negativas” em dados recentes e pelo aumento do risco fiscal, ou seja, de incertezas sobre gastos públicos em um ano eleitoral.
Para o mercado financeiro, o crescimento deste ano será menor ainda. A expectativa dos analistas dos bancos, em pesquisa feita na semana passada com mais de 100 instituições, é de um crescimento de 0,30% para o PIB em 2022.
Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os indicadores disponíveis sinalizam desaceleração já no início de 2022 e sustentam a estimativa de PIB estável (0,0%), com riscos para baixo.
“Existe uma chance de PIB negativo, porque o elemento que podia ajudar com mais intensidade, a agropecuária, começa a enfrentar um cenário complexo, com perspectivas piores para as safras de soja, arroz e feijão”, diz Vale.
O economista-chefe do Santander Asset, Eduardo Jarra, ainda trabalha com a projeção de alta de 0,5% do PIB este ano, mas com risco de ser menor.
A atividade apurada em novembro e dezembro de 2021, na comparação com o primeiro mês do quarto trimestre, outubro, não deve alterar os planos do BC para o aumento dos juros. “Em algum momento no final do ano passado, a sensação era de que já estávamos em recessão. Agora, a sensação é de estagnação.” (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).
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