*Por Paulo César de Oliveira
Depois do Carnaval
Estamos próximos do Carnaval. Isso significa que em pouco mais de duas semanas o Brasil começará a funcionar. Já disse aqui que, tanto na política quanto na economia (a segunda em função da primeira), o país só entra no ritmo de trabalho depois da Quarta-Feira de Cinzas.
A novidade de 2020 é o ritmo da caminhada. Há, bem ao contrário dos últimos anos, um clima de otimismo, quase de euforia, com a economia.
Os números são bons, embora em alguns setores ainda sejam oscilantes e se mostrem abaixo das expectativas. Para muitos, entre estes o ministro Paulo Guedes, a nossa economia poderia estar num ritmo de crescimento mais acelerado se tivéssemos sido mais rápidos na aprovação da reforma da Previdência.
Pode ser, mas é bom lembrar que o Brasil, que começou a reformar sua Previdência ainda no governo FHC, deu, em 2019, um enorme salto no processo, realizando uma reforma que é a maior já feita no mundo. O problema é de tal sorte complexo que se prevê a necessidade de uma revisão em, no máximo, 20 anos.
A demora, se é que houve, na apreciação é, portanto, natural. Num regime democrático é natural o debate legislativo em torno dos projetos, e, se considerarmos a importância da reforma, sua profundidade e quantos foram atingidos por ela, podemos até dizer que foi uma aprovação em tempo recorde. É com a celeridade do Congresso, em razão da conscientização de seus membros, inclusive de parcela da oposição, que o governo conta.
A equipe econômica trabalha com a possibilidade de termos em 2020 um crescimento muito superior – o dobro ou mesmo o triplo – ao obtido em 2019 como resultado não apenas das reformas, mas principalmente pela confiança do empresariado. Essa nova postura é visível e resulta da credibilidade do governo, mais especificamente da equipe de Paulo Guedes.
É nessa nova visão dos empresários brasileiros, que tem contagiado os investidores estrangeiros, que o governo aposta. É com a disposição já demonstrada pelo governo de reduzir a ingerência do Estado na economia, de controlar seus gastos e punir a corrupção que contam os empresários. É com este acerto que conta a população.
Desse esforço de reconstrução do país, depois de quase duas décadas de governos irresponsáveis, não podem ficar fora os Estados e os municípios. Os governantes precisam agir com responsabilidade e ousadia, como tem feito, por exemplo, o governador Doria, que tem ido à luta em busca de investimentos para São Paulo, sem se descuidar da modernização da administração estadual e da melhoria da infraestrutura do Estado para atender os novos investimentos que vão chegando.
O Brasil não sabe vender o Brasil, adverte um especialista em captação de investimentos estrangeiros. É isso que precisamos aprender a fazer. Nenhum, ou, sendo menos ufanista, alguns poucos países têm o potencial brasileiro. Se nos organizarmos e mantivermos a confiança e o entusiasmo que a classe empresarial tem demonstrado, vamos deixar a crise para trás. Assim como já deixamos os responsáveis por ela.
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