Por: Antoninho Marmo Trevisan (Presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Pr esidência da República)
A informação que o IBGE acaba de divulgar, de que a taxa média de desemprego no Brasil em 2012 atingiu o menor patamar histórico, referenda a tese que venho defendendo sobre o imenso potencial de crescimento sustentado do Brasil, reprimido, em grande parte, pela persistência de obstáculos estruturais. Pois bem, paralelamente aos impostos elevados, burocracia excessiva e insegurança jurídica, assistimos ao recrudescimento de outro problema grave: a criminalidade e a violência.
Quando se verifica o crescimento expressivo de execuções, latrocínios e assaltos em São Paulo, principal motor da economia nacional, é inevitável alertar sobre o impacto negativo na competitividade do país, como se já não bastassem as consequências humanas e sociais da violência. Para não ficarmos apenas na teoria sobre a questão, recorro a estudos abalizados sobre o tema, de respeitados organismos multilaterais. Tais relatórios mostram, em épocas diferentes, como a criminalidade acaba interferindo de modo direto no desempenho da economia, pois cria insegurança, exige a adoção de uma série de medidas onerosas de proteção da vida de colaboradores e do patrimônio das empresas, intimida investimentos e gera custos fixos para as operações, encarecendo produtos e serviços.
Segundo o Banco Mundial, a perda provocada pela criminalidade pode ser calculada em até 8% do PIB dos países nos quais se observam anos seguidos de crimes violentos. O trabalho, elaborado no final da década passada, observa: “As taxas de crescimento da economia, juntamente com a receita e os investimentos privados, seriam mais altas se não fosse a insegurança generalizada causada pela criminalidade. Em vez de simplesmente fabricar seus produtos, as empresas sentem-se obrigadas a gastar recursos na prevenção da violência e na proteção de seus colaboradores e de sua propriedade”.
Outro estudo, este realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mostra que se o índice de homicídios do Brasil, no início dos anos de 1990, tivesse sido tão baixo como o da Costa Rica, a renda per capita de nosso país seria duzentos dólares mais alta e o PIB, de 3,2% a 8,4% maior no fim da década. À época, o custo econômico da criminalidade na América Latina foi estimado pelo relatório em cerca de 14% do PIB da região. A violência também reduz a produtividade, os índices de graduação no Ensino Médio e o desenvolvimento da mão de obra, além de intimidar os investimentos produtivos nacionais e estrangeiros.
Resgatar esses estudos, neste momento em que a criminalidade volta a assustar os brasileiros, especialmente em São Paulo, é muito importante para mostrar que, além do flagelo da violência e das perdas irreparáveis da vida humana, podemos ter, em médio prazo, consequências bastante negativas para a economia. Esse é mais um problema não solucionado no país que contribui para mitigar seu crescimento. Em meio às medidas acertadas de resistência à crise mundial, estamos perdendo concreta oportunidade de ir muito além no nosso desenvolvimento. Literalmente, um inaceitável crime contra a competitividade nacional.
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