Lindolfo Paoliello*
Está em curso no Brasil a formação das raízes de nova espiral coletivista de esquerda. Por uma dessas ironias e contradições da política, este momento que se vai traçando tem suas bases em uma política liberal, aquela mesma com a qual se deu a surpreendente eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República. Um ideal que não foi seguido porque ele não tinha a intenção de segui-lo e não tinha a menor ideia do que era aquilo, mas o instinto lhe soprava que, assim revestido, o andor carregado pelas “forças vivas da nação” o ergueria ao poder. Frustrados pela Criatura, seus apologistas foram, um a um, deixando o barco ou jogados ao mar pelo Capitão.
Na sala de controle dessa nau dos insensatos, os instrumentos de orientação revelam a queda do PIB de 4,80% este ano para 0,70% em 2022.O IPCA ruma de 4,31% em 2019 para 10,5% em 2022.O número de desempregados atinge cerca de 14 milhões de trabalhadores. É a deterioração de expectativas.
Agora o Capitão, de início ungido de liberal, volta-se desabridamente para a política pública de apoio social. E desajeitadamente, por estar cursando terreno desconhecido, anuncia um programa social sem efetivo suporte para custeá-lo. Apela para uma PEC ou Proposta de Emenda à Constituição, que é no fundo um calote, destinada a mudar a forma de pagamento dos precatórios. Pela Lei 14.236 de 11/11/2021 é criado o Auxílio Brasil, substituindo o Bolsa Brasil e o Auxílio Emergencial. Como as famílias beneficiadas são aquelas cadastradas no Bolsa Família (14,6 milhões de famílias) e o Auxílio Emergencial beneficiava 39 milhões, ficam de fora do programa 24 milhões e 400 mil famílias. De novo, a deterioração de expectativas.
Está aberto e adubado pela desigualdade social, pela ausência das oportunidades de trabalho, inadimplência, desesperança, e pela fome, o campo para um projeto coletivista. Com ele virão seus conhecidos efeitos colaterais em que o Estado se agiganta e, sob o manto de proteger, oprime. Sufoca a aspiração maior da afirmação do indivíduo de exercer sua capacidade de sonhar e agir; interfere nas atividades econômicas e limita a liberdade.
O rumo para onde marcha a campanha eleitoral sinaliza com clareza que caminhamos para a polarização. Na ponta estarão Bolsonaro, cuja incapacidade de lidar com o social está atestada de forma tragicômica… e Lula. Este, cuja capacidade de lidar nesse campo rendeu ao país um programa social reconhecido pela população e cuja dificuldade em separar o privado do coletivo rendeu-lhe a condição de réu em ações ainda em tramitação na Justiça. Mas nenhum dos candidatos ou pré-candidatos iguala-se a ele, no imaginário da maioria dos eleitores, como aquele capaz de liderar um projeto que objetive a igualdade social. Não é novidade, mas pode ser decisivo, Lula permanece admirado no imaginário de boa parte da elite econômica, neste caso fazendo vista grossa à incompatibilidade entre coletivismo e economia de mercado.
E então, para onde vamos?
A chamada terceira via está em gestação, mas o espaço até este momento está tomado: cerca de 60% da intenção de votos dirigem-se a Lula e Bolsonaro; 20% referem-se a abstenção, brancos e nulos – e restam 20% para a terceira via. Para que um tercius ocupe esse espaço é preciso que se mostre capaz de atender à demanda. Esta é representada pela superação do legado negativo de Jair Bolsonaro – que introduz no quadro já bastante sombrio do Brasil o fantasma da fome – e a retomada do combate à corrupção.
*Exposição feita durante webinar do XXIII Prêmio Minas – Desempenho Empresarial-Melhores e Maiores- Mercado Comum-2021. Lindolfo Paoliello foi presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas. É jornalista, graduado em Direito pela UFMG com especialização em Marketing pelo Programa Fundação João Pinheiro/Columbia University. Diretor da Lindolfo Paoliello Consultoria de Comunicação Social, com 35 anos de presença no mercado e Associado da Fundação Dom Cabral.
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