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Nosso país está quebrado?

Sérgio Rogério de Castro

Engenheiro, empreendedor, conselheiro da Escola de Associativismo; Ex-Senador pelo Espírito Santo e ex-Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo.

O Brasil não está quebrado! Há poucos dias, o Presidente da República declarou publicamente: “o país está quebrado e não consigo fazer nada”. Nosso presidente, que, com sua vitória, nos livrou do aprofundamento de uma socialização corrupta, fala demais e isto o atrapalha, ao seu governo, ao país. O que foi pior? Declarar que o país está quebrado ou o complemento da declaração (“não consigo fazer nada”)?. Só faltou acrescentar: “renuncio ao cargo de Presidente da República!”. Há profundas diferenças entre um governo bom e um governo ruim. Refletindo sobre essas diferenças, lembrei-me de passagens da política brasileira e da minha trajetória de empreendedor. Uma dessas passagens foi protagonizada pelo competente e saudoso Ministro Mário Henrique Simonsen, que, certa feita, declarou: “a inflação, aleija, mas o câmbio mata!”.
É imperativo assinalar que, hoje, estamos longe de uma crise cambial, graças ao nosso portentoso agronegócio. Por força dos seus seguidos superávits cambiais, não temos dívida externa e acumulamos considerável reserva cambial que nos protege contra a insolvência. E o Brasil não se resume ao agronegócio! Temos muitas outras riquezas e potencialidades a serem exploradas. Além disso, há de se lembrar que nossa dívida é em reais, moeda que o governo emite. Diante desse quadro, pergunto-me: Pode quebrar? Sim! No entanto, para que cheguemos a esse extremo, será preciso que continuemos elegendo governos de baixa qualidade que empobreçam o país, chancelem a corrupção e firam a credibilidade do Estado brasileiro no palco financeiro interno e internacional.
Outra passagem se deu quando estava iniciando a difícil trajetória de pequeno industrial e vivenciava situações semelhantes à da têmpera do aço. Era aquecido fortemente pelo ideal, pela vontade de ser bem sucedido e levava seguidos banhos de água fria pela dureza da realidade de empreender no nosso país. A superação de cada obstáculo fazia-me mais resistente, mais forte. Em determinada ocasião, pedi uma reunião com um novo gerente do banco que mais crédito concedia à empresa. Desejava expandir as operações para que pudéssemos produzir mais e crescer. Apresentei ao gerente o que necessitava. Ele tinha em mãos o relatório do banco com dados da minha empresa. Muito sincero, disse-me: “não é possível atender às suas demandas, sua empresa está quebrada!” De pronto, respondi: “senhor, ela está ativa e só precisa que o banco a ajude um pouco mais para superar as dificuldades do momento atual que certamente passarão”. O gerente insistiu: “mas os números do seu balanço…”. Nesse momento, fui mais assertivo: “melhorarão se o banco expandir o seu apoio. Trabalho muito, com dedicação e determinação, temos um bom plano de negócios e sei que estamos no caminho certo. Se o banco nos apoiar vamos crescer e os números serão outros”. Depois dessa conversa, lembro que não conseguimos uma aprovação imediata do pleito, mas, pouco a pouco, fomos sendo testados, ouvidos, atendidos e, ao final, a empresa prosperou como planejado.
Guardadas as devidas proporções, percebo muitas semelhanças entre as duas situações. Empreendedor tem de ser otimista; o líder de um país também. Conto esta história porque desejaria que o nosso Presidente tivesse uma postura parecida com a que tive para superar restrições. Gostaria de ouvi-lo dizer que temos dificuldades, sim! Mas que vamos crescer, vamos superar as adversidades e que tudo isso depende de um trabalho dedicado de sua equipe, da ajuda do Congresso, do Judiciário, de todos os brasileiros.
O Presidente seria muito mais respeitado se reagisse de maneira diferente para justificar a performance ruim de seu governo. Precisa pensar antes de falar, fazer um bom governo, se deseja se reeleger.

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Reinaldo Soares

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