Memória e História dos Imigrantes Europeus em MG
Memória e História dos Imigrantes Europeus em MG
Memória e História dos Imigrantes Europeus em MG

Itamar José de Oliveira 

Maria Antônia Seidler Kohnert Gontijo Teixeira, filha de dona Dora Seidler e de Bruno Kohnert, após décadas de viagens, pesquisas, entrevistas e busca incansável de informações, acaba de publicar, ainda que para um pequeno grupo de amigos, familiares e colaboradores, o esperado importante e imprescindível livro “Kolonie”- 1920 – 1925.

Trata-se de um registro literário social e cultural da odisseia dos imigrantes europeus especialmente os alemães – que viveram nas colônias Álvaro da Silveira e David Campista, na época pertencentes aos municípios de Pitangui e Bom Despacho.

Maria Antônia foi impulsionada por um desejo muito forte de evitar que a história de uma geração de trabalhadores que sonhavam em construir uma vida digna, livre e pacífica no Brasil se perdesse no esquecimento. Ela coloca em cena centenas de pessoas que escreveram uma bela história em Minas Gerais e no Brasil. O livro chega em tempo de enormes desafios para a humanidade. Novamente o fantasma de uma guerra – a ocupação parcial da Ucrânia pela Rússia-coloca a Europa em constante insegurança e a humanidade sob ameaça do poder nuclear das chamadas “grandes potências”.

A trajetória dos imigrantes europeus em nossa região, graças ao trabalho de Maria Antônia, pode agora ser reconhecida e estudada pelas novas gerações.

O material apresentado no livro abre novos horizontes para futuras análises e pesquisas. Algumas fotografias valem milhares de palavras escritas. Elas revelam o clima de uma época marcada por duas guerras mundiais.

As colônias de Álvaro Silveira e David Campista receberam mais de cento e cinquenta famílias de várias nacionalidades, tchecos, austríacos, espanhóis, suíços, poloneses, italianos, portugueses e os alemães, que aportaram em maior número em nossa comunidade.

Apenas em 12 de julho de 1923, as colônias de Álvaro da Silveira e David Campista foram oficialmente instaladas e reconhecidas pelo então Presidente Arthur Bernardes.

Pelo Decreto nº 5560, de 5 de fevereiro de 1921 o então Presidente do Estado de Minas Gerais havia criado a colônia agrícola denominada “David Campista” nas terras da fazenda “Cachoeira do Picão”, no município de Bom Despacho.

Existem registros comoventes. O pano de fundo é o sofrimento dos imigrantes que enfrentaram a fome, a miséria e a dissolução de famílias separadas pela distância de suas pátrias

Os navios Paconé, Avaré, Cuyabá e Coburg transportaram pessoas carregadas de sonhos e esperanças da Europa para o Brasil.

Muitas não se aclimataram, não se adaptaram e voltaram para os seus países de origem.  Mas, o Brasil tornou-se marcante na vida de todos. Quem viveu nas colônias de Álvaro da Silveira e David Campista agora está eternizado no livro da nossa Maria Antônia. Não falta poesia, lamento e saudade na caminhada dos imigrantes e outros cenários de Minas estão presentes, Bom Despacho, Pitangui, Martinho Campos, Guidoval e São Domingos do Prata.

Personagens de Bom Despacho com o Coronel Tininho e Faustino Teixeira, administradores do município, abriram o caminho para Bruno e Frederico Kohnert que formaram a primeira geração de profissionais mecânicos. A Serralheria Kohnert foi sementeira de qualidade técnica para centenas de jovens bom-despachenses. Parte considerável e importante do livro registra sobrenomes dos moradores das duas colônias.

Bartels, Bergerhoff, Bobbia, Gurget, Jansen, Jung, Karell, Ludwig, Mangels, Miller, Pfeifer, Schmidt, Willer, entre outros, estão presentes no livro, como dona Alma Kohnert primeira parteira diplomada de Bom Despacho.

Os imigrantes nos deixaram muitas lições. Eles ajudaram a construir uma parte fundamental de nossa formação política, literária, histórica e cultural. Seus filhos, netos e bisnetos continuam uma caminhada que precisa ser valorizada, preservada e respeitada.

O encontro dos imigrantes com a cultura brasileira foi uma bela história de luta, sofrimento, conquistas e superação.

O livro de nossa Maria Antônia é um pequeno tesouro que pode e deve ser garimpado com afeto.

Boa parte dos livros que deveriam correr mundo costumam cair no esquecimento. Kolonie – o livro memória das colônias do Oeste de Minas, por enquanto, é uma relíquia a ser preservada por amigos, familiares e colaboradores de Maria Antônio Seidler Kohnert Gontijo Teixeira.

Mas tenho um certo pressentimento de que a história tão bonita, tão comovente e terna daquela pequena Babel de Bom Despacho e Pitangui vai sair do esquecimento para dar voz e alma ao legado dos imigrantes que nos deixaram lições inesquecíveis.

Vivam todos os imigrantes das colônias Álvaro da Silveira e David Campista.

Vivam os que lutam para construir a paz e a fraternidade entre todos os povos do planeta terra.

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