Raimundo Couto
A maior montadora do mundo já não é mais a General Motors faz tempo.
Hoje este título está nas mãos dos japoneses, mais especificamente, nos ligados à Toyota. E não é por acaso. Há anos investindo alto em aprimoramento e desenvolvimento, a Toyota conquistou mercados mundo afora com seus produtos que entregam a confiabilidade e o custo benefício que faz o consumidor se decidir por seus automóveis, na hora da compra. E
esta liderança está cada vez mais sendo consolidada com ações que visam a expansão da marca em países emergentes, como é o caso do Brasil. Este ano a montadora inaugura sua planta em Sorocaba, interior de São Paulo, e de lá sairá o compacto oriundo do Etios e que será o carro de grande volume dos japoneses. Mas antes disto outra boa novidade estará à venda.
MERCADOCOMUM foi ao Japão para conhecer e avaliar o Prius, o primeiro veículo híbrido produzido em grande escala no mundo. Movido com a força de dois motores, um a gasolina e outro elétrico, o Prius faz tanto sucesso no país do Sol Nascente que é considerado (como se fosse comparado ao Brasil), ao VW Gol, líder absoluto de vendas há 25 anos. Nosso primeiro contato com o Prius foi antecedido de uma detalhada apresentação, na língua local, mas que contou com participação da bela e simpática interprete carioca Alice Cortez.
Na pista
Para conhecer em todos seus detalhes o primeiro automóvel híbrido de grande volume produzido no mundo e que será
comercializado no Brasil ainda neste semestre, estivemos na cidade japonesa de Nagoya. Em um autódromo mantido pela fábrica aceleramos (e quase não escutamos barulho) o Prius, que deverá ter, por vários aspectos, sobretudo os ecológicos, uma grande corrida de consumidores. Movido com um motor elétrico e outro a combustão, o Prius é o veículo desta modalidade de maior sucesso entre todos produzidos até hoje. A geração que virá para cá foi apresentada durante no último Salão de Tóquio e recebeu alguns retoques na grade dianteira e nas lanternas traseiras, quer ganharam filetes
vermelhos A proposta é deixá-lo com aparência de carro mais “esperto”, de visual atraente e que sugira mais do que
a preocupação ecológica em sua condução e sim prazer em sua dirigibilidade. É o carro mais vendido no país e desde
que foi lançado, em 1997, até hoje, já foram produzidos 2,3 milhões de unidades. O curioso é que quase a metade deste
número não roda no Japão e sim nos Estado Unidos, maior importador do Prius. Na terra de Tio Sam o híbrido estreou
como “carro de imagem” e aproveitando a sugestão implícita como um automóvel ecologicamente correto, muitos atores
de Hollywood, em Los Angeles, aderiram à idéia para divulgar a mensagem de alerta a favor do ar mais puro e a conseqüente preocupação com a situação do planeta. Hoje não apenas os artistas fazem uso do Prius, também os taxistas da Big Apple se preocupam com o meio-ambiente. É muito comum se deparar com o híbrido compondo a frota de “carros de praça” em Nova York.
Primeiras impressões
O que mais impressiona no Prius é seu ótimo acabamento e o conforto interno. Apesar de tamanho similar ele tem a distância entre seus eixos maior e, portanto, leva com mais conforto seus ocupantes do que o irmão mais velho, o Corolla. Depois de acomodar-nos no banco do motorista, ajustar espelhos, altura e distância do volante e assento, é hora de conhecer o que este híbrido tem de diferente dos automóveis convencionais. Olhando para o painel um grande
diagrama digital nos informa a quantas se move o carro. Ao lado direito o desenho de uma bateria simulando o envio de energia ao motor elétrico, cuja imagem fica ao centro deste painel. O motor movido a gasolina, neste momento da partida, está desligado, já que saímos em baixa velocidade. Nunca é demais lembrar que são dois os propulsores, um a combustão, movido a gasolina, e outro elétrico, alimentado por bateria de níquel, que é recarregável por gerador (que
atua em conjunto com o motor a gasolina) e pela energia cinética liberada nas frenagens. O câmbio automático passa a sensação de ser um CVT, já que no modo elétrico não há marchas, apenas a ré. Quando é utilizado o motor a gasolina as trocas permanecem suaves. A potência combinada é de 138 cavalos. A bateria fica atrás do banco traseiro e ocupa pouco espaço; estepe é acondicionado abaixo do assoalho para permitir 445 litros no portamalas.
Até 40 km é a bateria que empurra o Prius e o silêncio impera no habitáculo. É perceptível a entrada em cena do propulsor convencional, não faz barulho que assuste, mas perto da total falta de ruído a audição aguça. É o fato do sistema por bateria se manter ativo é que faz do Prius uma opção interessante para cidade e o trânsito sempre travado que impede atingir velocidade maior. Na maior parte do tempo o Prius se locomove movido a energia elétrica, sem ruído e sem emissão de gases poluentes. E como há muitas frenagens, a bateria recupera a carga sem precisar do motor a combustão.
Vai longe o japonês
Nossa reportagem, no teste do Prius, estabeleceu a marca de 29 km/l em uma das voltas, mantendo velocidade média de 45 km/h e freando para as tomadas de curva. Vale ressaltar que foi o motor elétrico que esteve em funcionamento na maior parte do tempo. O carro que virá para o Brasil ano que vem permite ao motorista selecionar, por meio de teclas,
alguns modos de condução: Eco (prioriza o baixo consumo e emissões), Power (ênfase na performance) e EV (preferência para o motor elétrico). O Prius é produzido em uma planta que se chama Tsutsumi e reconhecida como exemplo de ação ambiental e referência para todas as fábricas da Toyota. A linha de montagem é capaz de produzir até 1 mil unidades por dia, mas não apenas de Prius. Por lá é montado o Scion, o Prêmio e o Camry. Uma informação que eles fazem questão de divulgar e enaltecer diz respeito às catástrofes naturais (terremoto/tsunami) ocorridas no Japão em março último. A falta de componentes interrompeu a produção durante dez dias e voltou ao volume normal em junho. Lançado durante a mostra de Tóquio, em dezembro último, a versão plug-in na qual a bateria pode ser recarregada ligando o carro a uma tomada não será vendida, neste primeiro momento, no Brasil. Segundo os técnicos da Toyota a bateria tem vida útil de cerca de 10 anos e seu custo, hoje, representa cerca de 5% do valor do carro. Em Belo Horizonte o Prius será comercializado na autorizadas Toyota Rodobens e Osaka.
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