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Itambé firma parceria com a Vigor

Em um movimento estratégico para financiar seu crescimento, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé) vendeu metade de suas ações para a empresa de laticínios Vigor. Com a operação, a empresa mineira levantou R$ 410 milhões, que serão aplicados para dobrar a produção até 2017. Agora, a companhia já se estrutura para abrir capital na Bolsa de Valores.

Há algum tempo, a Itambé vinha estudando alternativas para subsidiar um crescimento mais ascendente, motivada, principalmente, pelo aumento do consumo de leite e seus derivados pelos brasileiros. Em 2011, a média de consumo per capita foi 173 litros e, em 2012, subiu para 177 litros, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Leite. Para este ano, a entidade projeta que a média chegará a 181 litros.

Para fazer frente ao aumento da demanda e também ampliar mercados, a Itambé teve que se reestruturar. Primeiro, foi realizada uma cisão de suas operações. Anteriormente, a figura jurídica da companhia mineira era de associação, que, por lei, é proibida de receber recursos de investidores externos. Desse modo, foi adotado um sistema híbrido, no qual a captação de leite e o fornecimento de insumos e de rações aos produtores permaneceram sob a responsabilidade da cooperativa. Já para as atividades industriais e comerciais, foi criada outra empresa, a Itambé Alimentos S.A., com figura jurídica de sociedade anônima e da qual a Vigor passará a ser sócia.

De acordo com o presidente da Itambé, Jacques Gontijo Álvares, devido às limitações impostas às cooperativas e também por falta de recursos para ampliações, a empresa vinha registrando um ritmo de crescimento mais lento. Mas, a partir de agora é esperada uma rápida expansão dos negócios. “Temos um plano de investimento que permitirá dobrar nosso faturamento em quatro anos, com ênfase no crescimento da linha de produtos refrigerados”, afirma.

A compra de 50% da Itambé pela Vigor foi oficializada em 21 de fevereiro. Serão três conselheiros da CCPR e três da Vigor na Itambé S.A. Esses seis conselheiros escolherão um presidente que, por sua vez, elegerá seus diretores, que serão submetidos à aprovação do Conselho.

Os recursos envolvidos na transação serão utilizados na ampliação da capacidade produtiva. A decisão da Vigor de realizar o negócio foi motivada pela possibilidade de inserção em novos mercados, acelerando sua atuação nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, favorecendo sua entrada na região Nordeste do Brasil. “A relevância da marca Itambé nos principais centros de consumo do País, aliada à excelente qualidade da bacia leiteira na qual a CCPR está inserida, nos enche de orgulho e dá a certeza de que faremos parte de um novo momento de crescimento da Companhia”, comenta Gilberto Meirelles Xandó, presidente da Vigor.

Juntas, Itambé e Vigor projetam se tornar a segunda maior empresa do setor no País. Isso será possível já em curto prazo, uma vez que suas atuações se dão em diferentes mercados, havendo pouca sobreposição, inclusive de produtos. A principal praça da Vigor é São Paulo, que responde por 70% do seu volume de vendas. A Itambé tem mais presença nas regiões Norte e Nordeste, que concentram 42% das vendas. Em relação aos produtos, ambas têm um amplo portfólio de iogurtes, mas a Vigor ainda tem significativa presença no segmento de queijos, diferentemente da Itambé, que não atende a esse mercado.

“Vemos muitas possibilidades de combinar as operaçõessem sobreposições, preservando as duas marcas, quesão fortes. A CCPR/Itambé existe há 64 anos e a Vigor há 95 anos, quando foi criada no Sul de Minas Gerais, em Itanhandú, para depois ser transferida para São Paulo”, complementa Jacques Gontijo.

Abertura de capital já é estudada pela direção

A operação entre Itambé e Vigor ainda necessita de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas as diretorias das empresas acreditam que não haverá restrições à transação. Assim, o próximo passo da Itambé Alimentos será ganhar porte para estruturar sua oferta pública inicial de ações (IPO) na BM&FBovespa, um novo movimento de captação recursos para impulsionar as operações.

“A captação de recursos junto à Bolsa de Valores é uma possibilidade que temos para o futuro. Temos que seguir passo a passo. Primeiro foi criada a empresa, o novo sócio a capitalizou, mas a empresa continua sediada em Belo Horizonte. A Itambé continua mineira e vamos nessa nova empresa compartilhar a governança e profissionalizar a sua gestão”, afirma.

Cooperativa será favorecida no novo modelo

A marca Itambé é de propriedade da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), criada há 64 anos. Hoje, ela é a maior cooperativa de leite do País. Segundo a direção da entidade, a cisão entre a parte cooperativa e empresa de sociedade anônima não vai alterar em nada a relação com os cooperados, pois as operações na parte primária da produção continuarão sendo realizadas junto às nossas cooperativas associadas e aos produtores.

Antes, o leite era coletado e processado pela CCPR. Agora, será recolhido pela cooperativa e vendido à Itambé S.A., que será responsável pela industrialização e comercialização dos produtos. Como acionista da nova empresa, a CCPR terá direito aos dividendos provenientes do resultado operacional.

Atualmente, 31 cooperativas compõem a CCPR. Elas agrupam aproximadamente oito mil produtores, que fornecem diariamente cerca de três milhões de litros de leite à Itambé. Com sede em Belo Horizonte, a empresa possui quatro unidades de processamento de leite em Minas Gerais e uma em Goiás.

Na CCPR, aproximadamente 500 funcionários continuarão trabalhando na captação do leite, no relacionamento com o produtor e nas operações com rações e insumos. Para a Itambé Alimentos S.A. foram transferidos 3.137 empregados.

“Não haverá demissões. Pelo contrário, alguns cargos precisarão ser criados e, futuramente, quando fizermos a ampliação das fábricas, precisaremos contratar mais. Somente o investimento na fábrica de Pará de Minas será da ordem de R$ 80 milhões. A partir de agora, tudo será compartilhado, 50% a 50%, investimentos e decisões” diz Jacques Gontijo, que continuará no cargo de presidente da CCPR, também ocupando uma cadeira no Conselho da Itambé Alimentos S.A.

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