Fernando Soares Rodrigues*
Os ativos de renda fixa consolidam-se com as melhores opções de investimentos, relativamente seguras, no curto e no médio prazo, diante dos cenários econômicos interno e externo do primeiro trimestre de 2022.
A bolsa brasileira, a B3, oscilou muito no final de fevereiro e março de acordo com o noticiário da guerra na Ucrânia. Nem os excelentes resultados de bancos, Petrobrás e mineradora Vale no ano passado conseguiram impulsionar o Ibovespa muito além dos 110 mil pontos.
A maior procura pela renda fixa tem condições de continuar no curto e no médio prazo já que o Copom-Comitê de Política Monetária do Banco Central sinalizou na última reunião (16/03), quando elevou a Selic para 11,75% ao ano, que poderá reajustar em mais um ponto percentual os juros básicos da economia na próxima reunião. Não é difícil prever como o fez o boletim Focus que a Selic pode terminar 2022 em 13% ao ano.
Medidas em choque
Na realidade, a Selic pode é subir mais do que o previsto e assegurar rendimentos reais expressivos aos investidores internos, e mais ainda ao externos, se continuar o antagonismo atual na política econômica do governo como bem ressaltou o economista Armando Castelar.
O BC vai elevar mais os juros básicos para tentar estancar a inflação anualizada até março da ordem de 10,54%, e que poderá terminar 2022 em patamar superior a 6,5%, como prevê o próprio governo,
De outro lado, certamente por inspiração do presidente Bolsonaro, o Ministério da Fazenda aumenta a circulação de dinheiro da economia para evitar a crise econômica leve o Produto Interno Bruto-PIB a crescer pouco este ano. As previsões são de crescimento da ordem de 0,3% a 0,5% ou retração.
O governo libera cerca de R$ 150 bilhões para circulação na economia agora e nos próximos meses através da antecipação do pagamento do INSS dos aposentados e diversas linhas de crédito baratas que favorecem até os que ganham os R$ 400 mensais do Bolsa Brasil.
Ao subir a Selic para conter a inflação que o próprio governo pressiona, o BC ajuda a elevar ainda mais a dívida mobiliária interna da ordem de R$ 7 trilhões equivalente ao PIB. O governo assim pagará cada vez mais juros nos títulos públicos e a ciranda não para já que é obrigado a emitir títulos para financiar os gastos.
Petróleo em alta
A inflação é pressionada principalmente pelo reajuste elevado dos combustíveis para acompanhar a disparada do preço do petróleo que superou os US$ 100 o barril com a guerra da Ucrânia.
A Petrobras, apesar de estatal, mas com número expressivo de investidores privados, aparentemente não se preocupa tanto com os consumidores ou como o presidente Bolsonaro gostaria. Mas, a conjuntura interna do setor de petróleo é complexa e pouco conhecida e divulgada. Retardar muito os repasses da alta internacional do petróleo poderia levar a empresa ao prejuízo. E o fornecimento interno de combustíveis poderia ficar comprometido.
Dos quase 3 milhões de barris diários que o Brasil produz, cerca de 500 mil de barris diários são exportados. E para atender as características do refino interno, o País importa 300 mil barris diários. A conta fica mais complexa do lado dos derivados de petróleo. O País importa cerca de 10% do total do consumo interno de gasolina, e 26% do total consumido de óleo diesel conforme a época.
Na realidade, a autossuficiência do Brasil no setor de petróleo é relativa. A Petrobrás, que foi assaltada nos governos petistas tem parcela elevada de culpa. As refinarias existentes e, em eterna construção, não conseguem atender a demanda interna de combustíveis, e não têm capacidade para refinar todos os diversos tipos de petróleo que o Brasil produz.
As refinarias antigas não foram devidamente atualizadas pela Petrobrás e, algumas, estão sendo privatizadas sem se considerar devidamente os interesses da segurança interna do País.
Hora dos pós-fixados
Diante da expectativa de alta dos juros e da inflação, no curto e médio prazo, os ativos de renda fixa pós-fixados são as melhores opções. Vão desde os fundos de investimentos financeiros aos títulos públicos do Tesouro Direto corrigidos pela variação da Selic e inflação oficial expressa pelo IPCA.
Mas se inflação perder o ritmo de crescimento e terminar o ano próxima dos 6,5% e a Selic cair em 2023 para 8,75% conforme prevê o Boletim Focus, as aplicações prefixados ficarão mais atrativas. É preciso saber a hora de mudar as aplicações dos ativos pós-fixados (que acompanham a alta da Selic e da inflação) para os prefixados (com remuneração conhecida antecipadamente).
Não se pode desprezar os Certificados de Depósitos Bancários-CDBs que chegam a pagar 15% de rentabilidade bruta ao ano para valores mais elevados e também por mais de um ano de prazo.
As cadernetas de poupança têm sua atração diminuída no atual cenário já que sua rentabilidade continua na faixa líquida de 0,5% ao mês mais a variação da TR ou cerca de 6,20% ao ano.
Câmbio tranquilo
O dólar comercial depois de atingir os R$ 5,72 recuou para faixa próxima de R$ 5,00 e pode encerrar o ano em R$ 5,30 segundo a estima do boletim Focus. Os constantes superávits na balança comercial e a entrada de investimentos internos mantém o dólar relativamente estável em patamar elevado. Mesmo diante das controvérsias na economia e política.
O déficit em conta corrente do país (todo o movimento com o exterior) previsto para US$ 20 bilhões neste ano será facilmente coberto pelo superávit previsto na balança comercial da ordem de R$ 63,5 bilhões e pela entrada de investimentos estrangeiros diretos da ordem de US$ 59 bilhões.
Mas dólar é dólar, mesmo sem muita perspectiva de alta frente ao real. E é sempre uma boa opção de investimento em espécie e nos cartões de débito internacional e, principalmente através dos fundos que oferecem remuneração de acordo com a variação do câmbio.
O ouro negociado em ativo financeiro é outra opção para quem busca reserva de valor. O preço do metal é formado de acordo com a variação interna do dólar e valor do ouro no exterior que subiu este ano 6% em Nova York e superou a barreira dos US$ 2 mil a onça troy (31,1 gramas). A guerra na Ucrânia e as turbulências na economia internacional sempre pressionam o preço do ouro. O investimento mais seguro neste ativo se faz através de bancos e corretoras que negociam os recibos correspondentes ao ouro custodiado na B3 (a antiga BM&F-BOVESPA).
*Jornalista especializado em economia e finanças
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