Relatório anual aponta apetite de crescimento das empresas de mineração e metais, mesmo diante das incertezas e volatilidade dos mercados
Uma demanda robusta, balanços financeiros fortes e um apetite por crescimento serão os responsáveis por um aumento do número de fusões e aquisições no setor global de mineração e metais em 2012, segundo avaliação do líder global de Transações em Mineração e Metais da Ernst & Young, Lee Downham.
Para ele, o relatório anual Recognizing value in volatility, elaborado pela multinacional de auditoria e consultoria, demonstra que as empresas do setor estão aprendendo a viver com a incerteza e posicionados para aproveitar as oportunidades. “A incerteza e a volatilidade global provavelmente continuarão durante o ano de 2012, mas as companhias de mineração e metais têm um apetite para crescer e estão cada vez mais relutantes em paralisar seus planos de crescimento. Por isso, é provável que voltem a fazer negócios em 2012”, afirma.
“Aquelas que conseguem trabalhar com volatilidade serão as grandes negociadoras em 2012, e poderão encontrar verdadeiras oportunidades de compras.”
O relatório da Ernst & Young mostra que o total do valor de negócios globais em 2011 cresceu 43%, chegando a US$ 162,4 bilhões (comparado aos US$ 113,7 bilhões verificados em 2010), com transações de US$ 1 bilhão ou mais respondendo por dois terços do total do negociado, impulsionados principalmente pela estratégia de consolidação doméstica diante de sinergias identificadas.
Mas se o valor das negociações cresceu, o número de negócios em 2011 caiu 10%, para 1.008 (comparado a 1.123 negócios realizados em 2010), com reduzida disponibilidade de capital diminuindo a capacidade de negócios por parte de menores players.
Em relação ao valor de negócios, as operações de fusões e aquisições em 2011 foram dominadas pelos países com o mercado de mineração desenvolvidos, especialmente EUA, Canadá e Austrália, com a consolidação de carvão e ouro como commodities principais. Em 2012, é provável que aconteçam movimentos de consolidação doméstica.
No entanto, Lee Downham afirma que os números escondem a tendência de retorno dos países emergentes e de países que fazem fronteira com as regiões de mineração bem desenvolvida, principalmente partes da África, América do Sul e Ásia, por meio de acordos offtake ou participações minoritárias em empresas listadas nas bolsas do Canadá e da Austrália com ativos nestas regiões.
“Esperamos que o número de negócios nos países vizinhos e nos emergentes que possuem recursos de alta qualidade e regras de investimento estrangeiro amigáveis evoluam neste ano junto com o aumento do apetite ao risco”, diz. “Esta mudança deve acontecer principalmente devido à disponibilidade cada vez menor de depósitos minerais de qualidade a preços razoáveis em países com mercado de mineração já desenvolvido.”
Financiamento e captação de recursos
O turbulento mercado de capitais e a disponibilidade limitada de endividamento bancário aos mutuários que não possuem] grau de investimento forçou as companhias de mineração e metais a buscar fontes alternativas de financiamento em 2011, uma tendência que deve continuar em 2012.
Empréstimos bancários no ano totalizaram US$ 187 bilhões, dos quais cerca de metade foram refinanciados.
As maiores mineradoras e as companhias intermediárias agarraram-se ao mercado de títulos corporativos no ano passado, com um recorde de US$ 84 bilhões emitidos, 16% acima do verificado em 2010.
Em 2010, os títulos corporativos emitidos pelas companhias de mineração e metais foram dominados por diversas captações de grande porte por parte das grandes empresas, retraindo a dívida bancária e estendendo o prazo da dívida.
Mas em 2011, foram emitidos mais títulos para montantes relativamente pequenos pelas companhias intermediárias, destacando que estes títulos tornaram-se a principal fonte de financiamento para o setor.
“O foco do capital levantado em 2011 não foi o refinanciamento agressivo, mas o refinanciamento inteligente. As companhias estão entrando em 2012 com classificação de risco de crédito fortalecido e capacidade para acelerar o ritmo de crescimento futuro”, afirma Lee Downham.
O líder global de Transações em Mineração e Metais da Ernst & Young explica que as “companhias de mineração e metais continuarão explorando o mercado de títulos corporativos em 2012 e também esperamos ver um incremento adicional no uso de fontes alternativas de financiamento como fundos soberanos, riqueza privada e parcerias estratégicas para acordos de longo prazo”.
“Existe uma crescente preparação para fazer negócios, mas é improvável que os grandes negócios sejam inteiramente financiados por dívida bancária de curto prazo. As mineradoras podem voltar a fazer negócios, mas isso não significa que os bancos se voltarão às mega operações de fusões e aquisições em 2012.”
Lee Downham explica que as companhias de mineração e metais estão, cada vez mais, procurando múltiplas opções de financiamento. Quando estão avaliando os valores, os gestores procuram capturar o valor de fluxo de caixa de longo prazo e aplicar risco em uma base muito mais sofisticada. “As empresas mais preparadas estarão em uma melhor posição para maximizar as oportunidades de crescimento em 2012”, diz.
Comprar, construir ou retornar
O líder global da Ernst & Young afirma que os mercados de ações continuam muito sensíveis a notícias macroeconômicas e, para muitas empresas, os valores de mercado não parecem corresponder “ao patamar que deveriam estar”.
“No geral, os preços das commodities cresceram em 2011 em relação a 2010, gerando uma melhoria nos resultados e posições de caixa. Muitas empresas estão encarando como um desafio, porém favorável, de como usar seus capitais – o dilema de comprar, construir ou retornar está de volta a muitas mesas de reunião.”
IPOs
Sem surpresa, o número global de IPOs caiu em 2011 com a volatilidade e incerteza puxando os mercados acionários globais para baixo. No total, aconteceram 145 listagens em 2011, 18% abaixo das 177 em 2010. O total de recursos levantados com aberturas de capital chegou a US$ 17,4 bilhões, contudo, o valor cai para US$ 7,4 bilhões (59% abaixo do valor em 2010) quando excluídos os US$ 10 bilhões do IPO da Glencore.
“Houve um grande número de IPOs de pequeno porte na Austrália e Canadá, e isso deve continuar em 2012. As pequenas empresas estão frequentemente preparadas para comprometer mais em precificação para conseguir a listagem, e usar isso como uma plataforma para adicionar capital, elevando o retorno.”
Além das listagens de pequeno porte, Lee Downham afirma que o número recorde de IPOs foi adiado em 2011 e existe uma robusta lista de companhias prontas para ir a mercado quando houver um período sustentável de confiança e estabilidade nos mercados de capitais. “Se o mercado estabilizar, isso pode acontecer no segundo semestre de 2012”, conclui.
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