Economia brasileira surpreende positivamente e pode crescer, em 2023, mais do que a média mundial e pela primeira vez, nestes últimos 13 anos

PIB do Brasil deve voltar a ocupar o 9º lugar no ranking mundial das maiores economias se confirmadas as projeções

 

Carlos Alberto Teixeira de Oliveira*

“Seremos uma grande e rica Nação, se soubermos trabalhar intensamente e nos organizarmos para construir nosso futuro; seremos uma grande e pobre comunidade, superpovoada e infeliz, se nos dedicarmos ao gozo presente, à ostentação e às disputas internas.

O Brasil é ainda uma terra de oportunidades. Continuará, entretanto, retardado e sofredor, se não quisermos lutar com a energia de construtores de um novo mundo”. – (Diretrizes Gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento – JK – 1955)

É urgente o Brasil se reconciliar com o crescimento econômico vigoroso, consistente, contínuo, sustentável e eleger o desenvolvimento como a nossa meta prioritária número 1! Isso exigirá que o País tenha uma expansão de sua economia acima da média mundial e acompanhe o ritmo de crescimento dos países emergentes ou em desenvolvimento – categoria esta da qual faz parte.

O crescimento econômico vigoroso deve deixar de ser apenas uma casualidade, uma questão episódica, uma efemeridade ou um acontecimento meramente fortuito para se transformar, efetivamente, na grande meta econômica nacional, permeando a convolação do País em uma economia madura e desenvolvida. Nesta direção, já tivemos antes, vários exemplos de sucesso e que poderiam nos servir de inspiração, como foi o caso do Plano de Metas, implementado durante o Governo JK.

País que não cresce é país condenado à pobreza e ao subdesenvolvimento, e, por isso, torna-se imprescindível o estabelecimento de uma “Agenda Estratégica para o Desenvolvimento Nacional” – em que a transformação do Brasil em nação desenvolvida seja o grande objetivo.

JK já afirmava que as maiores ameaças à democracia são a miséria, o desemprego e o subdesenvolvimento. Ao longo destas últimas três décadas, a busca obsessiva pela estabilidade econômica tem nos ofuscado todas as possibilidades de colocar o desenvolvimento como a nossa grande, prioritária e fundamental meta nacional, e corremos ainda o risco de ficarmos durante os próximos vinte anos relegando o crescimento vigoroso pela discussão centrada apenas no ajuste e no equilíbrio das contas públicas.

JK também já alertava que é preciso que nos capacitemos, de uma vez para sempre, de que o desenvolvimento do Brasil é uma condição ligada à nossa sobrevivência num mundo que se impõe, mais e mais, pela força de sua vertiginosa marcha técnica. Não temos de nos desenvolver apenas por ambição mesmo justa, mas desenvolver para sobreviver.

Já tivemos antes a oportunidade, juntamente com vários outros colegas economistas, de ressaltar a necessidade de compreendermos a importância da retomada do crescimento econômico; alguns equívocos têm permeado as políticas econômicas do País e, se persistirem, obstruirão inapelavelmente qualquer tentativa de relançamento da economia brasileira de volta ao caminho do desenvolvimento. Não basta apenas crescer. É necessário que o crescimento da nossa economia supere a média mundial e possa se compatibilizar com o nível de expansão das economias dos países emergentes. E, ainda, que incorpore outros elementos, como as da qualidade, da produtividade e da competitividade.

Um desses equívocos diz respeito à crença de que a estabilidade econômica é condição prévia à retomada do desenvolvimento do País. Primeiro a estabilidade, só depois o desenvolvimento. Sendo assim, as políticas de estabilização assumem um caráter de primazia absoluta, subordinando e sufocando todas as outras políticas. Apequena-se a política econômica, amesquinham-se os objetivos para a economia do País. E já lá se vão algumas décadas de busca inglória da miragem da estabilidade.

Evidentemente, ninguém, em sã consciência, há de negar a necessidade de as economias nacionais ostentarem bons e saudáveis fundamentos macroeconômicos. O caminho da estabilidade deve ser concebido e implementado, no bojo de uma política de desenvolvimento para o País. A estabilidade não precede o desenvolvimento; ao contrário, é a estratégia de desenvolvimento do País que deve, simultaneamente, orientar e contextualizar as opções da política macroeconômica. Até porque, ao contrário do que se costuma propagar, os caminhos possíveis para se alcançar a estabilidade econômica são vários.

Outro desses equívocos é imaginar que apenas o ajuste fiscal e algumas reformas – como a previdenciária – também devem ser considerados como condições prévias à retomada do desenvolvimento. Da mesma forma colocada em relação à estabilidade econômica, deve-se privilegiar – concomitantemente – a expansão econômica que produzirá ganhos generalizados e, em especial, aumentos da arrecadação tributária. Cabe destacar que, quando um denominador é baixo, todos os numeradores podem ser considerados altos – o que se aplica efetivamente no tocante à questão das receitas e despesas públicas. Quando há declínio da atividade econômica, como ocorre nos anos mais recentes – a produção nacional não cresce – os lucros se transformam em prejuízos para empresas e, com isso, não há como gerar Imposto de Renda e outras receitas.

O Ministério da Fazenda revisou a sua projeção de crescimento da economia nacional para este ano, de 2,5% para 3,2%.  A alteração consta do Boletim Macrofiscal divulgado no dia 18 de setembro depois que o PIB-Produto Interno Bruto do segundo trimestre registrou expansão de 0,9%. O desempenho ficou acima da expectativa do mercado, que previa 0,3%.

Há, ainda, um fator estatístico: como a economia apresentou expansão forte no primeiro e no segundo trimestres, ela deixa garantida um crescimento de no mínimo 3% neste ano, isso se não se verificar queda nos próximos trimestres.  Para 2024, a previsão do governo foi mantida em 2,3%.

Economia brasileira surpreende positivamente e pode crescer, em 2023, mais do que a média mundial e pela primeira vez, nestes últimos 13 anos.

O crescimento do PIB de 2023 será um novo voo de galinha?

O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central no dia 25 de outubro já projeta um crescimento de 2,92% para 2023, mas cabe destacar que a expansão prevista para o ano seguinte não acompanhará esse ritmo, reduzindo-se para 1,50%.  Para os anos de 2025 e 2026 – as estimativas do mesmo estudo apontam um crescimento de 1,90% e 2,00%, respectivamente.

Merece ser mencionado que o referido Boletim Focus trouxe como destaque um novo aumento das projeções de crescimento do PIB em 2023, pela 5ª semana consecutiva, ainda como consequência do forte resultado no segundo trimestre. Nesta leitura, a mediana das expectativas atingiu 2,92% ante 2,89% da semana passada e 2,31% de quatro semanas atrás. Para 2024, as projeções estabilizaram em 1,50%, ao passo que, para 2025, a mediana caiu de 1,95% para 1,90%.

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No que tange o restante dos indicadores macroeconômicos analisados, nenhum sofreu alteração. A começar pelas expectativas de IPCA, as medianas para este e o próximo ano permaneceram em 4,86% e 3,86%, respectivamente, patamares atingidos após recuo observado na leitura passada.

As projeções de câmbio (reais em dólar) também não sofreram alterações após queda na última semana, estabilizando em 4,95 ao fim de 2023 e 5,00 ao fim de 2024.

Por fim, a expectativa para a evolução da taxa Selic (ao ano) manteve tendência recente e as medianas permaneceram em 11,75% ao fim deste ano e 9,00% ao fim do ano que vem. Ambas não sofreram alterações nas últimas 7 semanas.

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TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO – 

MUNDO X BRASIL – 2001/2023 – Em %

Ano Mundo Brasil Emergentes

2001 2,46 1,39 3,64

2002 2,90 3,05 4,45

2003 4,26 1,14 6,92

2004 5,42 5,76 7,88

2005 4,85 3,20 7,10

2006 5,41 3,96 7,88

2007 5,56 6,07 8,38

2008 3,10 5,09 5,73

2009 -0,08 -0,12 2,83

2010 5,44 7,53 7,39

Média 3,93 3,71 6,22

Acumulada  46,84  43,55  82,55

2011 4,28 3,97 6,36

2012 3,54 1,92 5,39

2013 3,43 3,01 5,02

2014 3,54 0,50 4,73

2015 3,44 -3,55 4,34

2016 3,27 -3,28 4,43

2017 3,77 1,32 4,78

2018 3,61 1,78 4,62

2019 2,81 1,22 3,61

2020  -2,95 -3,28 -1,89

Média 2,87 0,30 4,14

Acumulada  32,48 2,68 49,67

2021 6,02 4,99 6,62

2022 3,19 2,90 3,74

2023* 3,00 3,20 3,93

Média 4,07 3,70 4,76

Acumulada 12,68 11,49  14,95

*Previsões

Em azul: Anos em que o PIB brasileiro cresceu mais do que a média mundial

Fonte: World Economic Outlook/FMI – Apr 2023

Fonte: IBGE/IPEADATA/Elaboração MinasPart Desenvolvimento

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RANKING DAS MAIORES ECONOMIAS – 2023*

Ordem     País PIB -US$ Participação no

bilhões Total Mundial – %

01 Estados Unidos 26.854,60 25,44

02 China 19.373,59 18,35

03 Japão   4.409,74   4,18

04 Alemanha   4.308,85   4,08

05 Índia   3.736,88   3,54

06 Reino Unido   3.158,94   2,99

07 França   2.923,49   2,77

08 Itália   2.169,75   2,06

09 Brasil   2.152,83   2,04

10 Canadá   2.089,67   1,98

11 Rússia   2.062,65   1,95

12 Coreia do Sul   1.721,91   1,63

13 Austrália   1.707,56   1,62

14 México   1.663,16   1,58

15 Espanha   1.492,43   1,41

16 Indonésia   1.391,78   1,32

17 Holanda   1.080,88   1,02

18 Arábia Saudita   1.061,90   1,01

19 Turquia   1.029,30   0,98

Total Mundial  105.568,78   100,00

*Projeções

Fonte: World Economic Outlook/Apr 2023/FMI

Elaboração: MinasPart Desenvolvimento

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PIB surpreendeu positivamente outra vez no 2º trimestre 

Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9%, oitavo resultado positivo consecutivo do indicador nessa comparação. O resultado é menor do que o registrado no primeiro trimestre (1,8%). O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, totalizou R$ 2,651 trilhões em valores correntes no trimestre encerrado em junho.

Com esse resultado, houve avanço de 3,7% no primeiro semestre do ano frente ao mesmo período de 2022. Nesse cenário, a atividade econômica do país opera 7,4% acima do patamar pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série. O segundo maior patamar é o do trimestre anterior. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado no dia 1º de setembro pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

De acordo com o IBGE, a alta do segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%). Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB.

“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.

As atividades industriais ficaram no campo positivo pelo segundo trimestre seguido, após a variação de -0,2% nos últimos três meses do ano passado. A expansão do segundo trimestre é relacionada aos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%) da construção (0,7%), da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e das indústrias de transformação (0,3%).

Nas indústrias extrativas, o destaque é a extração de petróleo e gás e a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. A variação do segundo trimestre é a quinta seguida positiva do setor extrativo. A indústria como um todo segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da sua série histórica, alcançado no terceiro trimestre de 2013.

A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre (-0,9%). A retração vem após o avanço de 21,0% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada. “Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca. Com a diminuição do peso dessa cultura no segundo trimestre, aumenta a participação de outros produtos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do país

IBC-Br mostra atividade positiva no início do terceiro trimestre 

Segundo o Banco Central, em julho, o IBC-Br registrou alta de 0,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, o que configurou a 21ª taxa positiva nesta comparação. De acordo com a LCA Consultores Econômicos “é importante destacar que, após a surpresa positiva do PIB do 2º trimestre, houve revisão relevante para cima na série histórica recente do IBC-Br, o que prejudica a interpretação dos números. Na margem, sazonal, o IBC-Br cresceu 0,4%, após mostrar variação de +0,2% no mês anterior. Mesmo assim, a média móvel de três meses foi de -0,4% em julho, terceiro resultado negativo consecutivo após uma sequência de três resultados positivos significativos.

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O resultado positivo na margem em julho pode ser atribuído principalmente ao setor de serviços, impulsionado pela demanda das famílias e pelo transporte de cargas. Também houve pequeno crescimento dos ITCC.  Por outro lado, a indústria geral e o comércio ampliado tiveram resultados fracos. Avaliamos que, após a evolução impressionante observada no 1º semestre, o setor agropecuário passa a perder força”.

Economia brasileira surpreende positivamente e pode crescer, em 2023, mais do que a média mundial e pela primeira vez, nestes últimos 13 anos
Economia brasileira surpreende positivamente e pode crescer, em 2023, mais do que a média mundial e pela primeira vez, nestes últimos 13 anos

*Carlos Alberto Teixeira de Oliveira é Administrador, Economista e Bacharel em Ciências Contábeis, com vários cursos de pós graduação no Brasil e exterior. Ex-Executive Vice-Presidente e CEO do Safra National Bank of New York, em Nova Iorque, Estados Unidos. Ex-Presidente do BDMG-Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e do Banco de Crédito Real de Minas Gerais; Foi Secretário de Planejamento e Coordenação Geral e  de Comércio, Indústria e Mineração; e de Minas e Energia do Governo de Minas Gerais; Também foi Diretor-Geral (Reitor) do Centro Universitário Estácio de Sá de Belo Horizonte; Ex-Presidente do IBEF Nacional – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças e da ABDE-Associação Brasileira de Desenvolvimento; Atualmente é Coordenador Geral do Fórum JK de Desenvolvimento Econômico; Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais.  Presidente da MinasPart Desenvolvimento Empresarial e Econômico, Ltda. Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas. Presidente/Editor Geral de MercadoComum. Autor de vários livros, como a coletânea intitulada “Juscelino Kubitschek: Profeta do Desenvolvimento”.

MERCADOCOMUM estará circulando em dezembro com uma edição especial impressa e outra eletrônica trazendo matérias sobre os premiados, as empresas/instituições e personalidades, destacando a relevância da premiação para a economia e o desenvolvimento de Minas Gerais. Cabe ainda ressaltar a importância da realização desse evento, que reúne expressiva parcela formadora do PIB mineiro e obtém ampla repercussão da mídia em geral. Nesta edição especial constará o descritivo do XXVII Ranking de Empresas Mineiras, listando-se as “500 Maiores Empresas de Minas – 2023” – em ordem alfabética, por setor econômico, receita operacional líquida, resultado, patrimônio líquido e ativos totais.

MercadoComum, ora em seu 30º ano de circulação e em sua 324ª edição é enviado, mensalmente, a um público constituído por 118 mil pessoas formadoras de opinião em todo o país, diretamente via email e Linkedin, Whatsapp/Telegram, além de disponibilizar, para acesso, o seu site www.mercadocomum.com, juntamente com as suas edições anteriores. 

De acordo com estatísticas do Google Analytics Search a publicação MercadoComum obteve – no período de outubro de 2022 a agosto de 2023 – 9,56 milhões de visualizações – das quais, 1.016.327 ocorreram de 14 de agosto a 10 de setembro/2023.

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