12 de fevereiro de 2024

Transações Correntes

Este saldo mensal em conta corrente ficou abaixo da mediana de expectativas de mercado (-US$ 7,6 bilhões). O principal desvio foram menores remessas de lucros e dividendos (-US$ 4,4 bilhões ante a projeção de -US$ 8,3 bilhões), parcialmente compensadas por maiores gastos com juros (-US$ 4,9 bilhões ante a projeção de -US$ 2,3 bilhões). Desta forma, em dezembro, o volume pago de rendas foi de US$ 9,3 bilhões, enquanto o saldo da balança comercial e os gastos com serviços ficaram em +US$ 7,3 bilhões e -US$ 3,8 bilhões, respectivamente.

Conforme o gráfico abaixo (Figura 1), o déficit em transações correntes em 2023 fechou em US$ 28,6 bilhões ou 1,32% do PIB, que é o percentual mais baixo desde 2017. A elevação do saldo comercial de pouco mais de US$ 44,2 bilhões para US$ 80,5 bilhões decorreu do forte avanço das exportações, em especial de produtos agropecuários, como o complexo soja, cujas vendas externas cresceram 13,7% no ano. Os gastos com serviços recuaram 5,1% para US$ 37,6 bilhões, com destaque para o forte recuo da despesa com transportes (-33% para US$ 12,9 bilhões) por conta da redução dos fretes. Essa queda com transportes mais do que compensou os maiores gastos com viagens e aluguel de equipamentos. Estes gastos, apesar de terem se expandido no ano passado, continuaram aquém do observado antes da pandemia (Figura 3). O volume total de renda primária remetido em 2023 somou US$ 72,4 bilhões, o que representa um avanço de 28,3% ante 2022. Destaque para esse crescimento, o aumento dos pagamentos de juros, que somaram US$ 27,7 bilhões (41,4%). O aperto da política monetária nas principais economias ocidentais explica esse maior gasto com juros. As remessas líquidas de lucros e dividendos cresceram 21,5%, sustentadas pela rentabilidade elevada das empresas dos setores de extrativa mineral e do agronegócio.

Para 2024, projeta-se um déficit em conta corrente de US$ 42 bilhões, pois se espera um saldo comercial menor (US$ 70 bilhões). Por outro lado, há uma possibilidade de relativa estabilidade para os gastos com serviços e nova queda das remessas de lucros e dividendos.

Conta Financeira

O saldo líquido de investimentos diretos no país (IDP) foi de -US$ 389 milhões em dezembro, abaixo da projeção do mercado de US$ 4,8 bilhões. Ainda que a participação no capital tenha registrado um saldo positivo (US$ 924 milhões), as empresas reduziram a parcela de IDP referente aos lucros reinvestidos (-US$ 4 bilhões). Do lado dos empréstimos intercompanhia, o volume de amortizações foi maior que as entradas, o que culminou em um saldo negativo dos empréstimos de US$ 1,3 bilhão. A redução dos lucros reinvestidos e a consequente repatriação de IDP e o aumento das amortizações dos empréstimos intercompanhia costumam se intensificar em dezembro. No ano, o saldo do IDP foi de quase US$ 62 bilhões, o que representa uma queda de 17% em relação a 2022. Provavelmente, as condições financeiras mais apertadas no exterior prejudicaram o fluxo de IDP no ano passado. (Fonte: LCA Consultores Econômicos)

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