Em reunião realizada no dia 04 de agosto último, o Copom decidiu intensificar o ritmo de elevação de sua taxa básica de juros, optando por aumentar a Selic em 100 pontos-base, de 4,25% para 5,25% ao ano. A decisão, novamente unânime, veio em linha com as expectativas da LCA – Consultores Econômicos e da maioria das instituições de mercado. Também em linha com a expectativa, o Copom sinalizou que promoverá outro aumento de 100 pontos-base na próxima reunião.
A intensificação no ritmo de aperto monetário ocorre num contexto em que a “inflação ao consumidor continua se revelando persistente”, com as leituras mais recentes mostrando “composição mais desfavorável” – como apontou o comunicado da decisão. No documento, o Copom destacou: “a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços”; “a continuidade da pressão sobre bens industriais”, que vem elevando os núcleos da inflação; e “novas pressões em componentes voláteis”, como energia elétrica e alimentos, “ambos decorrentes de condições climáticas adversas”.
Num contexto em que atividade continua mostrando evolução positiva – e não enseja “mudança relevante para o cenário prospectivo (…) de recuperação robusta do crescimento econômico ao longo do segundo semestre” -, a “piora recente em componentes inerciais dos índices de preços, em meio à reabertura do setor de serviços, poderia provocar uma deterioração adicional das expectativas de inflação”. Ao ser “mais tempestivo no ajuste da política monetária”, a autoridade espera “garantir a ancoragem das expectativas de inflação”.
De acordo com a LCA, “nesse sentido, vale registrar que, para o horizonte relevante da política monetária, “que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023”, as expectativas de mercado, assim como as projeções do próprio Banco Central, não se encontram muito distantes do centro da meta (ver tabela abaixo). Ainda assim, o Copom passou a sinalizar que, neste momento, “o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”. A persistência de incertezas na seara fiscal e a volatilidade cambial também podem ter contribuído para essa sinalização de que a política monetária tenderá a ser elevada a terreno restritivo.”
Para a LCA, “Nosso cenário base por ora contempla que a taxa básica Selic será elevada para 7,5% até o final deste ano e mantida neste patamar ao longo de todo o ano que vem. Em nossa avaliação, esta taxa seria compatível com um patamar considerado neutro. Vale registrar, todavia, que o juro neutro é uma variável não observável. É possível que o Copom considere como patamar neutro um nível mais baixo para a Selic, talvez mais próximo das projeções de mercado para a taxa básica de juros no médio e longo prazo, que atualmente se encontram entre 6,5% e 7%.”
“Nossa curva projetada para a Selic por ora não sofrerá alterações em função do conteúdo mais conservador do comunicado de política monetária. Continuamos a projetar alta de 100 pontos-base na próxima reunião do Copom, agendada para 22 de setembro; seguida de uma elevação de 75 pontos-base em outubro e uma última de 50 pontos-base, em dezembro – de modo que a Selic encerrará o ano em 7,5%. Como argumentamos no Cenário LCA desta 3ª-feira (dia 03), essa projeção está amparada na expectativa de que as pressões correntes sobre a inflação e a cotação cambial tendem a refluir gradativamente ao longo deste 2º semestre. É forçoso reconhecer, todavia, que vem aumentando a chance de um aperto das condições monetárias ainda maior do que atualmente contemplado em nosso cenário base”, finalizou a LCA.
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