A reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro é a que mais ataca os privilégios da elite do funcionalismo público. E são esses, justamente, os que têm poder, que fazem pressão e ameaçam, sem ficar deitados na calçada ou impedindo o trânsito. Esse foi um dos principais pontos apresentados pelo ex-ministro da Previdência, Roberto Brant, ontem, no almoço-palestra do Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação, no Espaço V, em Nova Lima.
Segundo Brant, esses servidores “pressionam, eles ameaçam. Tem aí todo o Ministério Público, toda a magistratura, toda a diplomacia, todos os auditores fiscais, os advogados da União e dos Estados, todo pessoal graduado da polícia. A reforma atinge essas camadas mais poderosas do país. São as pessoas que tem privilégios. E pode se aposentar em condições muito mais favoráveis do que o trabalhador, o brasileiro comum”. Ele no entanto, vê alguns pontos como "imprudentes, e que podem ser modificados sem perdas para o governo, mas que podem prejudicar a narrativa, ou a defesa da proposta.
Na conversa com empresários, políticos e representantes da sociedade, Brant advertiu que o presidente Jair Bolsonaro precisa agir rápido para conseguir reunir uma base consistente para aprovar a reforma. E lembra que, mesmo com o governo querendo imprimir uma nova maneira de se relacionar com os parlamentares, nenhum presidente conseguiu se manter no cargo sem o apoio do Congresso Nacional. Portanto, ele terá que rever seus conceitos, construir uma base consistente para fazer todas as mudanças necessárias para o país retomar o caminho do desenvolvimento. Para ele, muitos parlamentares evitam se posicionar em relação a reforma temerosos em ter a popularidade abalada e perder a elegibilidade.
Além disso, Roberto Brant lembra que o Brasil é o único país do mundo que gasta metade de todos os impostos só para pagar a Previdência. Como o Estado nessa condição ficou falido, o Estado não pode mais prestar serviços. Estão nesta situação Minas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, estados que não têm dinheiro para o serviço de saúde, educação, segurança e a União não tem dinheiro para consertar as estradas, não tem dinheiro para consertar pontes e o país está parado.
Para Roberto Brant, se não fizer a reforma da Previdência, o país ficará, rigorosamente, sem futuro e corre o risco de se tornar um país pobre. Ele acredita que Bolsonaro tem um crédito de confiança muito grande com a população, nesses primeiros meses, e tem grande chance de fazer passar essa reforma. Esse apoio também se dá nas escolhas que ele fez como a de Paulo Guedes, o Sergio Moro, pessoas sob as quais, para Brant, ninguém pode contestar. “Pode até não gostar, mas não pode contestar a qualificação”. E avisa, “se não passar a reforma da Previdência, esse governo está morto. Esse e qualquer um”.
Sueli Cotta
PCO, Roberto Brant, Fabinho Ramalho, Roberto Simões.
PCO, Roberto Brant e Fabinho Ramalho.
PCo
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