Copom confirma o esperado, eleva Selic a 6,25% ao ano e Brasil volta à cabeça do ranking de 40 maiores pagadores.
Taxa Selic tem a quinta alta consecutiva e Copom, de Roberto Campos Neto, sinaliza 7,25% para a reunião de outubro
Bola cantada, o Comitê de Política Monetária (Copom) cumpriu o script e anunciou, no dia 22 de setembro, o quinto aumento consecutivo da Selic que triplicou em seis meses. Mais uma dose de 1 ponto percentual eleva a taxa a 6,25% ao ano e já sinaliza 7,25% em outubro. Ao confirmar a sua própria sinalização e a expectativa do mercado, o Copom reinstalou o Brasil na segunda posição no ranking de 40 países por juro real – aquele que supera a inflação e, portanto, dá alguma compensação ao investidor. O Brasil paga agora 3,34% acima da inflação esperada ao final de um ano e desbanca a Rússia para a terceira posição, com 1,87%. A Turquia, porém, segue firme na liderança e é o país que melhor remunera o investidor, com taxa de 4,96%. O cálculo do juro real feito pelo economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, leva em conta a inflação 12 meses à frente, de 5,12%, segundo a Focus, descontada do contrato de DI com vencimento em outubro de 2022, de 8,63%.
Juro alto, mesmo acima da inflação, não garante, porém, o interesse de investidores, sobretudo os estrangeiros, que fogem de incertezas econômicas e políticas, evitando colocar em risco a expectativa de retorno de suas operações. Contudo, o Brasil à frente de 38 países em taxa de juro é relevante e, mantida a estabilidade econômica com metas de equilíbrio fiscal, porque tende a atrair mais dinheiro, algo que o país não pode dispensar em nenhum momento – seja para financiar sua trilionária dívida pública ou promover investimentos na economia real, em setores que alimentem produção e consumo.
Vieira, que faz o monitoramento das decisões de política monetária de 40 economias há mais de uma década, revela, com o ranking global de juros, que a inflação tem surpreendido os bancos centrais. Do elenco de 40 países listados, 33 estão com juro real negativo – oferecem taxas que nem compensam a própria inflação. “Numa visão mais abrangente, considerando 168 países, 82,7% mantiveram os juros, 14,3% elevaram e 3% cortaram. Entre os 40 países do ranking, 80% mantiveram suas taxas, enquanto 17,5% aumentaram e 2,5% reduziram suas taxas de juros”, informa o economista.
O juro médio praticado pelos 40 países listados por Jason Vieira é negativo em 1,35% em setembro – bem inferior aos 3,34% positivos do Brasil, o que aumenta a chance de atrair mais investidores para a renda fixa.
Ventos sopram para renda fixa
Os juros mais altos já se refletem nos dados de captação da indústria de fundos. Levantamento divulgado, nesta quarta-feira, pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) confirma a expansão do patrimônio líquido dos fundos de investimentos no país e a participação inabalável da renda fixa como uma classe de ativos. Em agosto, a captação líquida alcançou R$ 43,45 bilhões, montante que elevou o ingresso acumulado no ano – excluindo resgates – a R$ 359,23 bilhões e, em 12 meses, a R$ 370,82 bilhões.
A renda fixa agregou, em agosto, R$ 45,4 bilhões – volume superior, portanto, ao consolidado, segundo Ranking de Administração de Fundos de Investimento por Classe Anbima. As carteiras de ações registraram captação líquida de R$ 459,1 milhões. Em agosto, registraram captação negativa, com resgates superiores às novas entradas, os fundos de Previdência e os FIDCs de, respectivamente, R$ 1,43 bilhão e R$ 5,48 bilhões.
A Anbima informa também que, em agosto, o patrimônio líquido dos fundos de investimentos totalizou R$ 6,947 trilhões. A parcela da renda fixa, mais beneficiada pela elevação das taxas de juros, responde por R$ 2,46 trilhões ou 35,4% do total; os multimercados têm patrimônio de R$ 1,57 trilhão ou 22,7%; e os fundos de ações abrigam R$ 675,2 bilhões, 9,7% do total.
O apetite de investidores estrangeiros pelo juro brasileiro já vem crescendo revelam as estatísticas de portfólio divulgadas pelo Banco Central. Estrangeiros já colocaram mais de US$ 20 bilhões em carteira no país de janeiro a julho, sendo US$ 14 bilhões em títulos negociados no mercado doméstico. Em sete meses de 2020, investidores externos tiraram US$ 27,155 bilhões do Brasil.
Em julho – dados mais recentes publicados – ingressaram em portfólio US$ 3,257 bilhões no total. Os estrangeiros aplicaram US$ 1,911 bilhão em títulos. Já as aplicações de investidores estrangeiros em ações somam US$ 6,667 bilhões em sete meses do ano. Em julho, porém, houve desinvestimento de US$ 2,08 bilhões.
Sinalização do Copom
O apelo da renda fixa segue inabalável com a decisão do Copom, anunciada no início da noite. O comitê confirmou a nova Selic de 6,25% e, no seu comunicado, afirmou que “para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude”. Portanto, 7,25% em outubro.
A despeito dessa sinalização, o Copom elevou o tom em relação ao último encontro e afirma que no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e , simultaneamente, permitir que o comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques. “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”. Na reunião de agosto – quando elevou a Selic a 5,25% – o comando do BC considerou apropriado “um ciclo de elevação de taxa de juros para patamar acima do neutro”.
Em poucas palavras, o juro segue em alta ao menos até o fim do ano. (Fonte: Angela Bittencourt – Exame – Ricardo Bergamini – 22.09.21).
- Brasil pagou R$ 746,9 bilhões de juros sobre a dívida pública consolidada nos últimos…
Mesmo podendo conquistar a 8ª posição no ranking das maiores economias neste ano, o PIB…
Sergio Augusto Carvalho O Mundial do Queijo do Brasil realizado mês passado em São Paulo…
Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Crediminas, João Batista Bartoli de Noronha Instituição teve…
Enóloga Marta Maia apresentou as vinícolas de Portugal Novidade foi divulgada durante eventos em Belo…
Maior fabricante de genéricos injetáveis do Brasil completa 40 anos de atividades neste mês e…