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Com tantos ajustes, tributarista acredita que reforma do Imposto de Renda pode virar um Frankenstein Tributário

Com tantos ajustes, tributarista acredita que reforma do Imposto de Renda pode virar um Frankenstein Tributário

Tributação de dividendos, um dos pontos que foram aprovados pela Câmara, é apontado como um dos principais problemas da proposta.

No dia 01/09, com 398 votos favoráveis e 77 votos contrários, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da reforma do Imposto de Renda. A proposta reduz tributos para empresas, cria imposto sobre dividendos e muda regras para as pessoas físicas. Após essa fase, os deputados ainda terão que votar 26 propostas de alteração no projeto de lei, antes do texto seguir para o Senado.

Essas intermináveis discussões sobre a pauta, que integra a segunda fase da Reforma Tributária, têm se mostrado incapazes de agradar a todos os setores envolvidos. A demora e as incertezas que cercam a votação confundem os empresários, que passam a adiar seus planos para 2022, uma vez que muitas empresas começam a planejar entre setembro e outubro os investimentos do próximo ano.

“Não acho que se trata de uma reforma, mas de um pacote e há quem diga que seja um pacote de maldades. Pode virar um Frankenstein tributário, com potencial de piorar muito o que está longe de ser bom. O fato de ter tantos remendos em tão pouco tempo prova isso”, aponta o advogado Eduardo Natal, mestre em direito tributário pela PUC/SP, presidente do Comitê de Transação Tributária da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT) e sócio do escritório Natal & Manssur.

Segundo Natal, os grandes especialistas em tributação são unânimes em considerar que uma reforma tributária deveria estar atrelada a uma reforma administrativa. “É preciso saber o custo administrativo do Brasil, do Estado brasileiro, para calibrar o peso dos tributos. Seria importante uma reforma que tivesse como foco o desenvolvimento dos setores produtivos do país”, aponta.

O advogado acredita que a tributação de dividendos, um dos pontos que foram aprovados pela Câmara, é um dos principais problemas da proposta. “Isso pode gerar um efeito indesejável para o crescimento do país, impedindo a circulação de riquezas. O dinheiro não distribuído ficará represado na tesouraria das empresas e pode não ser reinvestido em novos negócios produtivos”, finaliza.

Eduardo Natal é advogado especialista em Direito Tributário, Societário e Sucessões. Mestre em Direito do Estado e Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Estratégias Societárias, Sucessórias e Tributação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Presidente do Comitê de Transação Tributária da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT), Membro da Academia Brasileira de Direito Tributário (ABDT) e da International Bar Association (IBA). Autor do livro “A Dinâmica das Retenções Tributárias”.

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