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B3 chega a 6 milhões de pequenos investidores, mas ainda está longe de mercados desenvolvidos

B3 chega a 6 milhões de pequenos investidores, mas ainda está longe de mercados desenvolvidos

Especialista em governança corporativa defende ação política para aprimorar organismos de fiscalização de abusos contra acionistas minoritários

Após um período de instabilidade no início do ano, a Bolsa brasileira voltou a animar os investidores. Com uma valorização acumulada de 11% entre janeiro e julho, o Ibovespa deve fechar o ano próximo dos 130 mil pontos, segundo pesquisa do Bank of America com gestores de fundos de investimentos.

O bom momento também atrai mais investidores para o mercado de capitais. Atualmente, já são 6 milhões de pessoas físicas com ações na B3 – há dez anos eram apenas 500 mil. Esses pequenos acionistas operam, em média, R$ 6,7 bilhões ao dia, o que representa 25% da movimentação total da Bolsa.

Esse contingente, no entanto, ainda é tímido em comparação a mercados mais desenvolvidos. Para Geraldo Affonso Ferreira, especialista em governança corporativa, o ambiente acionário brasileiro ainda carece de regras e organismos mais eficazes, que protejam os pequenos investidores de eventuais abusos cometidos por acionistas de maior porte.

“Temos de percorrer um longo caminho para incentivar outras milhões de pessoas a ingressar em nosso mercado de capitais. Nos Estados Unidos, por exemplo, 61% da população possui ações, seja nas bolsas ou em fundos, de acordo com pesquisa recente do Instituto Gallup”, diz.

As diferenças também estão no número de empresas com capital aberto. Enquanto a B3 conta com 400 empresas listadas, a Bolsa de Nova York (NYSE) tem aproximadamente 2.800 companhias, negociando diariamente US$ 50 bilhões, e na Nasdaq, 3.300, girando U$ 150 bilhões por dia. Apesar de haver algumas empresas listadas nas duas bolsas simultaneamente, o número total ultrapassa 5 mil companhias.

Outro mercado de referência é o britânico, onde a London Stock Exchange tem quase 2.000 empresas listadas, movimentando mais de 5 bilhões de libras diariamente. Com uma população de 67 milhões de pessoas e 46 milhões de eleitores, o Reino Unido tem mais de 20% destes como investidores em sua bolsa.

Por fim, na Coreia do Sul, a Korean Exchange conta com mais de 2.300 empresas listadas e um movimento diário equivalente a US$ 10 bilhões, convertidos em Won, a moeda local. Com população de 52 milhões de pessoas, este país asiático tem um a cada quatro habitantes investindo em ações. 

Geraldo Ferreira lembra que a regulação e o fortalecimento do mercado de capitais se tornaram prioridades na agenda política sul-coreana. “É fundamental que o mesmo movimento ocorra por aqui, se quisermos atrair cada vez mais pessoas físicas para investir na bolsa brasileira. O futuro do país passa por um mercado de capitais forte e um ambiente de investimentos estável é fundamental em uma democracia sólida. Portanto, a classe política também deve zelar pela proteção a esses milhões de investidores”, defende.

O especialista em governança ressalta que este movimento não se refere a proteger contra investidores contra riscos de mercado, pois estes são inerentes à livre iniciativa. “O que se faz necessário são órgãos reguladores e fiscalizadores bem estruturados para evitar e coibir abusos contra os pequenos investidores, como vemos ocorrer ainda regularmente”, salienta.

Ele aponta algumas iniciativas que já estão sendo tomadas neste sentido, como o Projeto de Lei 2925, que tramita no Congresso Nacional e altera dispositivos da Lei 6.404/1976, oferecendo maior proteção aos acionistas, em especial os minoritários. “É um avanço, articulado por agentes de mercado e políticos, que cumprem assim seu papel de zelar pelo desenvolvimento do país”, avalia.

No entanto, segundo ele, os órgãos de controle do mercado de capitais – especialmente a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) – também precisam ser mais fortalecidos, em suas regras, corpo técnico e orçamento. “Isso é fundamental para que a bolsa de valores seja também aqui um potente motor do crescimento econômico, e para que este seja cada vez menos dependente do estado”, conclui.

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