Por: Jorge Raggi
Para viver fazemos uma gestão do Eu, na maior parte no estado não consciente. A nossa atual capacidade de consciência pode abranger de 5% a 10% do nosso Eu Real. As neurociências comprovam por meio de testes. O Eu Real é o que respira, alimenta, transpira, têm sensações, sentimentos, emoções, ações. A inserção na sociedade é realizada com a criação de um Eu Social – um processo não consciente. Uma proposta de modelo do Eu incorporando os comportamentos reflexos e operantes, seria: Não – Consciente e Consciente, Eu Real e Eu Social, Comportamentos Reflexos e Operantes. Admitindo este modelo inicial é possível uma explicação de como agimos e como gerimos o Eu. A criação do Eu Social é realizada com o início do desenvolvimento da consciência, junto com a linguagem, e nossa educação. É onde diferimos dos animais, mas em grau, pois todos têm graus de consciência, comunicação, e são educados, formados, para a vida adulta. A educação humana supera, faz acreditar que o Eu é o Eu Social e aí saímos do nosso centro de gravidade. Não sentimos que estamos de posse de nossas sensações, sentimentos, emoções. Tudo se passa como viessem de outro Eu. E realmente vem, pois o Eu Social difere do Eu Real, que é nossa natureza animal. Acreditamos que podemos gerir o Eu só com o lado direito do modelo. Esta crença não tem futuro. Se o conhecimento for estimulado para perceber o quanto somos não conscientes, o quanto comportamos reflexos, a grandiosidade do Eu Real, podemos atingir um nível de conhecimento do que somos para iniciar a exercer uma gestão integrada. As inovações das próximas gerações será a grande capacidade de adaptação humana, o avanço do conhecimento sobre nossa própria natureza animal e com a qual criamos o Eu Social. Há necessidade de desenvolver uma harmonia do Eu Social com nossa realidade animal de onde sentimos sabores e cheiros, escutamos, enxergamos, tateamos e intuímos. Existe uma clivagem profunda do Eu Social ocultando o Eu Real. A proposta “Conheça a Si Mesmo” é impressa desde a Grécia Antiga, sempre estimulada e dada como exequível. Mas desde as pesquisas e as publicações de Freud vem sendo mostrado que é um trabalho árduo, exigindo muito esforço. É uma aventura através do desconhecido. Não é fácil como divulgam os livros de autoajuda. Não é possível com a proposta de Buda que faz uma repressão, uma denegação (nega que nega) do Eu Real: a iluminação com uma redução do Eu. As propostas que tentam apagar a natureza animal de onde emerge nossos sentidos só levam às violências internas e violências que são projetadas nos nossos próximos. Se a liberdade se mantiver em algumas culturas podemos esperar uma Gestão do Eu evoluindo para um futuro cada vez melhor. Pode até reduzir nossa visão escatológica que o mundo está sempre acabando. O conhecimento da gestão da pessoa jurídica será impactado com o conhecimento do Eu Real. Empresas são pessoas. O Eu se estrutura sobre o Eu Real – uma base ainda desconhecida.
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