*Por Márcio Fagundes
Surpreendido fui com o corte de energia elétrica em casa. A conta dormiu esquecida junto a papéis e livros. Não fi-lo, no caso, o pagamento. Talvez cabeça cheia, esquecimento. No cômputo geral, sou pagador. Detesto dever alguém… De favores a obrigações.
A Cemig, por óbvio, tomou as devidas providências. Existem as providências e as devidas. A segunda, além de bonita no português escrito, tem força imperativa, cabível em robustez. De todo, nem lamuriei. A empresa deveria ter usado o alicate torquês já no dia seguinte ao vencimento. Pólo negativo na relação de consumo, diante desta situação, me pouparia os trocados em multa.
Aliás, confesso, é a segunda vez que passo pela desagradável experiência. Muito longínqua (ah! que saudades do trema) de ser o fim do mundo, a despeito de o inferno se encontrar logo ali na esquina. No início dos anos 90, secretário de Estado da Comunicação, na gestão Hélio Garcia, tive a luz cortada, também por falta de pagamento.
O presidente da estatal era o ex-deputado udenista Carlos Elóy, que me passou uma reprimenda: “Isso não pode acontecer”. Sorri da ranhetice cá com meus botões, depois de relatar-lhe o acontecido.
Esse tipo de inadimplente descobre a fórceps que a água é mais importante do que a energia na rotina doméstica. A ausência de luz proporcionou-me uma volta ao Brasil de outrora. Dormir e acordar com as galinhas, sem carga no celular e televisão, sem refrigeração de alimentos ou banho quente e sem vitamina de banana e aveia ao amanhecer.
Macaco velho, tinha em casa velas brancas ensacadas. Espalhei-as. Uma belezura aquela meia luz no banheiro, na cozinha e no quarto, neste reforçada em falso castiçal, para a costumeira leitura noturna.
Nas primeiras horas do dia, ducha gelada. À noite, sabonete, toalha úmida, torneira aberta e um respirar assustadiço.
Uma casa lotérica aboliu a temporária inadimplência. Avisei a empresa do acerto para que esta tomasse a providência da religação, todavia, sem a devida.
A quebra de rotina propicia bom momento para reflexões outras. Afinal, livros de sebo e novos clamam por leitura. Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, meu economista predileto e notório desenvolvimentista, além de discípulo de JK, repete à exaustão que nação se faz com energia, alimentação, segurança e inovação tecnológica. Tem argumentos em profusão. Suponho indispensáveis estes atributos no mundo contemporâneo. Nada se equipara, contudo, a um prato de comida. Primeiro, a barriga cheia.
Caso de atraso em pagamento de contas me remete ainda ao inesquecível Márcio Ferreira, um irmão que a vida me ofertou, mas que, infelizmente, nos deixou há mais de duas décadas. Ele aconselhava: “De vez em quando deixe algo para trás. Com tudo certinho, o lá de cima, o Senhor, corre os olhos aqui para baixo e ordena a São Pedro. Chama este ali, tá arrumadinho, já pode subir”. Um choque anafilático levou-o a óbito, no oficial. Nada me tira da cabeça, no entanto, que suas contas estavam religiosamente em dia, pois não era um brasileiro comum…
- Brasil pagou R$ 746,9 bilhões de juros sobre a dívida pública consolidada nos últimos…
Mesmo podendo conquistar a 8ª posição no ranking das maiores economias neste ano, o PIB…
Sergio Augusto Carvalho O Mundial do Queijo do Brasil realizado mês passado em São Paulo…
Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Crediminas, João Batista Bartoli de Noronha Instituição teve…
Enóloga Marta Maia apresentou as vinícolas de Portugal Novidade foi divulgada durante eventos em Belo…
Maior fabricante de genéricos injetáveis do Brasil completa 40 anos de atividades neste mês e…