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Minas não precisa desmatar para crescer

Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), representa uma organização que atua há 30 anos no Estado. Nas décadas de 80 e 90, a AMDA notabilizou-se por divulgar a Lista Suja com os nomes das empresas que mais poluíam o meio ambiente, não poupando as estatais mineiras e grandes indústrias. Hoje, a AMDA mantém uma articulação propositiva com os poderes executivo e legislativo, visando à resolução dos problemas ambientais, mas não deixa de ter uma posição crítica e firme sobre a atuação dos políticos.

Nesta entrevista, Maria Dalce defende que o Estado precisa urgentemente atualizar os dados sobre suas florestas, que estão “bastante defasados”. Ela alega também que não é necessário desmatar nem um metro quadrado para que Minas possa crescer economicamente.

 

A AMDA já está preparada para debater o projeto de lei que o Executivo mineiro enviou para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para alinhar a lei ambiental estadual ao novo Código Florestal Brasileiro?

Sim. Levantamos 12 pontos da proposta do governo do Estado e já estamos elaborando documento com sugestões e críticas. O foco da nossa atuação será o controle do desmatamento seja para projetos de empreendimentos ou para o uso do carvão na indústria.

Minas Gerais não precisa mais desmatar um metro quadrado para crescer economicamente. O Estado divulga que ainda teria 33% da sua cobertura nativa, mas esse levantamento foi feito há cinco anos e, desde então, o desmatamento continuou. Os dados estão muito defasados.

 

Qual a sua expectativa sobre a nova lei ambiental estadual?

O novo Código Florestal Brasileiro será a base para a aprovação do novo texto da lei estadual mas entendemos que Minas Gerais pode ser mais restritivo em seu território. A lei aqui pode ficar mais pesada.

 

O que acha do projeto de lei do Executivo mineiro?

O projeto de lei é pior que o novo Código Florestal Brasileiro porque não usou a competência do Estado para ser mais rígido na proteção do meio ambiente.

Esperávamos que o processo de discussão e construção do projeto de lei fossem abertos, mas isso não aconteceu. O projeto de lei não buscou base técnica e o resultado são propostas inaceitáveis. Como se não bastasse, a ALMG está com pressa para aprovar o projeto.

Prova são os artigos que consideramos imorais como o que autoriza a destoca – desmatamento com o uso de motosserra ou de trator – em áreas com inclinação acima de 45 graus. Quando o período de chuva chegar, essas áreas poderão causar verdadeiros desastres ambientais.

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