Autor: Inimá Souza                                                                                                                  

Vinho na panela e é primavera

Que o vinho nasceu vocacionado para a comida todos sabemos; e isto o coloca, naturalmente, como insubstituível ingrediente na panela, que receberá dele fragrâncias, aromas e o frescor. Qual vinho vai para a panela? A escolha, sempre suscita controvérsias.

De um lado, cozinheiros de mão cheia para os quais o que se coloca na panela aparece no prato.

Portanto, quanto melhor o vinho na panela, melhor o sabor da comida. Para outros especialistas o vinho não precisa ser caro, e pode, sim, ser um vinho simples, desde que sem defeitos, já que os defeitos acabariam indo para a comida. Acordado que, devido ao seu sabor, os vinhos de garrafão estão fora da cozinha.

Logo, na panela só vinhos de uvas vitis viníferas (Chardonnay, Viognier, Sauvignon, Merlot, Tannat, Malbec, Touriga Nacional, Sangiovese, Pinot etc. etc.) e com primazia para aqueles com boa acidez, o que, em geral, orienta, preferencialmente, para vinhos brancos e uns poucos vinhos rosados.

Esses vinhos têm como característica o frescor, a destacada acidez, que os experientes cozinheiros levam para a panela, em preparações gordurosas, com o objetivo de contrabalançar esses componentes gordurosos e crescer a força aromática da comida, especialmente com peixes e demais carnes brancas.

Essa mesma experiência leva vinhos tintos para cozimento com carnes vermelhas, sem prescindir da acidez do vinho, o que direciona a preferência para tintos jovens e com poucos taninos. Os tintos robustos estarão na panela em preparações elaboradas e de cozimento mais demorado. 

A vocação para a cozinha é natural em todos os vinhos, brancos, rosados, tintos, espumantes, fortificados e doces. Afinal, em cada região de sua origem, os vinhos nascem em função da comida local. Se simples ou suntuosos na hora de ir para a panela, é tempero para as controversas entre os experientes cozinheiros.

É primavera

Estação das flores, dos vinhos brancos refrescantes, dos tintos leves e dos rosés delicados e, também, refrescantes. Mas, não só isto. Coringa quando o assunto é a comida, o vinho rosé, ou rosado, acompanha com fidalguia um sem-número de pratos, inclusive frios em geral e as comidas que têm a marca da Primavera: ervilhas, aspargos, peixes defumados, manjericão, mariscos, açafrão, salmão e muito mais.

Antes, única referência mundial, o português Mateus rosé – ainda imbatível com seus seis milhões de caixas vendidas em um só ano -, já agora, outras regiões de Portugal, produzem um elenco de rosés de grande expressão e reconhecimento internacional, a exemplo do Douro, Dão, Vinhos Verdes.  A França, porém, é o grande nome de rosés no mundo, tanto em qualidade como em quantidade.

No Brasil a produção de rosés reflete a desconfiança do consumidor em relação à qualidade desse vinho; aliás, injustificadamente, e a Primavera é a Estação que traz alegria, sorrisos, jardins floridos. Tudo que harmoniza com o vinho rosé.

Tim, tim.   

*(inima.souza@gmail.com)

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