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Uma mudança drástica no comando do mundo

Paulo Cesar de Oliveira

Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil

No dia 20 de janeiro último os Estados Unidos e o mundo, em meio a uma avassaladora crise sanitária e econômica, assistiram a posse do novo presidente Joe Binden que derrotou Donald Trump nas urnas. Normalmente o presidente americano é reeleito. Mas não foi o que aconteceu com Trump, que foi na contramão de muitas situações, com o seu estilo negacionista em relação à pandemia do coronavírus, que abalou o país que tem o maior número de vítimas no mundo. Pelo que conversei com vários cidadãos americanos e com brasileiros residentes em Nova York e Miami, não se pode dizer que Trump tenha sido um péssimo presidente. Quase todos elogiaram a condução da economia pelo presidente e sua equipe, embora criticando com veemência seu comportamento irresponsável diante da pandemia, Joe Biden encontra um país em desenvolvimento, mas, como boa parte do mundo, em dúvidas quanto ao futuro econômico e os desdobramentos da pandemia, apesar da vacinação que lá já começou e segue em ritmo razoável.
Se é uma incerteza para o seu povo, o governo Biden, que deverá reservar uma posição destaque para a vice Kamala Devi Harris, uma política com forte liderança popular, inicia-se sob forte expectativa mundial. Para nós brasileiros a grande dúvida é como será o relacionamento entre os governantes dos dois países. Há um evidente mal estar, provocado pelo comportamento pouco político e mesmo ético, de Bolsonaro que, encantado com Trump, demorou a reconhecer a eleição do novo presidente e ainda fez críticas ao processo eleitoral americano, sem apresentar qualquer prova que sustente suas acusações, exatamente como age em relação ao sistema eleitoral brasileiro. Esta expectativa angustia o empresariado nacional pois é evidente que as relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos são da maior importância para o nosso desenvolvimento.
Qualquer retaliação econômica pode ser um desastre para o país. Depois de falar o que não devia – no interior de Minas ensinam que quem fala demais dá bom dia a cavalo, o buchicho político é que Bolsonaro já mandou articular uma visita ao presidente Biden. Os sinais, no entanto, não são dos mais animadores. Ao contrário, são de rejeição a uma aproximação entre os dois governos que, pelo menos por enquanto, terão um relacionamento protocolar. Pior para o nosso povo, pior para a nossa economia.
Apesar do discurso populista do presidente e seus aliados, o Brasil não deu ainda sinais consistentes de que começou a sua recuperação econômica. Bem ao contrário, o comportamento do governo diante da pandemia frustrou expectativas em todo o mundo, aumentando a insegurança dos possíveis investidores.

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Reinaldo Soares

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