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Só mesmo Nonô

Cesar Vanucci*

“De todos nós, é o nome dele que vai durar mil anos.”
(Afonso Arinos, referindo-se a JK, seu adversário político)

 Fixo o olhar da memória, novamente, em cena já aqui descrita. A mãe de JK, professora Julia, maravilhada diante da contemplação, pela primeira vez, do portentoso cenário de Brasília, dá voz à sua emoção e orgulho maternais: – Só mesmo Nonô pra fazer algo assim!

Parto desse terno registro para prosseguir no relato do que ocorreu no encontro cultural patrocinado por dez prestigiosas instituições acadêmicas mineiras, na Casa de São Francisco de Assis, sede da Amulmig. Como ficou explicado, dois ilustres conferencistas produziram, na ocasião, magistrais exposições com foco na obra do estadista Juscelino Kubitschek de Oliveira. Depois da aplaudida fala do coronel Klinger Sobreira de Almeida, chegou a vez do numeroso público ouvir, também com visível empolgação, o pronunciamento do economista Carlos Aberto Teixeira de Oliveira. O ex-presidente do BDMG e ex-secretário de Estado, autor de livros acolhidos com simpatia pela crítica e leitores, alusivos à fascinante saga jusceliniana, galvanizou as atenções da plateia, composta de categorizados representantes da cultura mineira. Enfileirou na narrativa números e dados impressionantes sobre o trabalho fecundo levado avante pelo gestor público responsável, conforme o reconhecimento das ruas, por fazer o Brasil crescer 50 anos em 5. Reportou-se às realizações extraordinárias que, em momentos distintos de extensa trajetória pública, projetaram o poder empreendedor do ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-governador de Minas e, no ápice de uma vitoriosa carreira, ex-presidente da República. Enfatizou as crenças democráticas, tantas vezes postas à prova, que adornaram prodigiosa aventura vital. Falou de sua condição de liderança, de seus notáveis pendores para o exercício, com firmeza, autoridade moral, sensibilidade social, visão pragmática de problemas, das nobres funções de comando que o destino providencialmente entregou-lhe.

JK já afirmava – recordou ainda – que as maiores ameaças à democracia são a miséria, o desemprego e o subdesenvolvimento. Sem investimento não há desenvolvimento. O palestrante salientou que Kubitschek, intérprete qualificado do sentimento nacional, pregava a necessidade de  a Nação promover o desenvolvimento como garantia de nossa própria sobrevivência num mundo que se impõe, mais e mais, pela força de uma vertiginosa marcha técnica. O desenvolvimento não deve ser tomado apenas como justa ambição, mas como um objetivo essencial de sobrevivência. Na pregação desenvolvimentista, Nonô asseverava que o planejamento estratégico a longo prazo – as célebres metas – constituía elemento basilar para que o Brasil conseguisse galgar patamares de potência superdesenvolvida. O ?Profeta do desenvolvimento?, expressão encaixada no perfil de JK, sabia enfrentar com destemor, ancorado nas potencialidades do país e virtualidades de seu povo, o que  bem  pode  ser  denominado  de  ?síndrome  do raquitismo  econômico?. Algo  que  leva  a  gente  a desaprender de crescer. A permitir o enferrujamento de nossa máquina propulsora do crescimento vigoroso e contínuo.

O fabuloso legado do governo JK, que favoreceu avanços consideráveis, nunca dantes nem depois alcançados na invasão do futuro, foi também descortinado na exposição. A deslumbrante Brasília, a indústria automobilística, os imensos canteiros de obras espalhados, a proliferação de hidrelétricas, as cintas asfálticas em todas as direções, a ambiência propícia para que a indústria nacional se expandisse, libertando-nos da dependência de desnecessárias importações de produtos, a geração contínua de empregos, os índices de crescimento elevados comparativamente com os demais países em ascensão econômica, a repousante atmosfera democrática, que assegurou o respeito internacional a pujantes manifestações culturais e artísticas: tudo isso e tantas coisas mais foram objeto de apreciação na palestra.

Resumo de nosso bate-papo. De tudo quanto contado nas palestras (a do coronel Klinger e a do economista Carlos Alberto), no encontro cultural interacadêmico, sobrelevou-se, bem visível, a certeza de que os tempos dourados de JK ficaram definitivamente incorporados à história, significando o instante político administrativo mais imponente vivido pela Nação, na era contemporânea. O Brasil foi visto ali na rota correta de sua indesviável vocação de grandeza.

Só mesmo Nonô foi capaz de fazer tudo isso!

*Jornalista, presidente da AMULMIG – Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (cantonius1@yahoo.com.br)

(Os artigos e comentários não representam, necessariamente, a opinião desta publicação; a responsabilidade é do autor da mensagem)

 

 

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